Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
25 de Abril sempre, mas também p´rá frente!
Desde miúdo que adoro tudo o que rodeia o 25 de Abril. O significado, as histórias, a nostalgia, as imagens a preto e branco, o cravo, sempre o cravo, geralmente na ponta de uma espingarda ou na mão de uma criança. Hoje irrita-me ouvir os arautos da enferrujada saudade criticarem que os jovens de hoje não sabem o que foi o 25 de Abril, que desconhecem a história e os seus protagonistas, que são, ao fim e ao cabo, uns ingratos e uns seres desconhecedores das suas obrigações cívicas. Não é que os queixosos não tenham uma parte da razão, o que me irrita é perceber que por trás desta conversa está um imobilismo perigoso, um saudosismo que conduz ao beco do passado e ao receio de soluções futuras. O 25 de Abril hoje deveria significar a nossa vontade em libertarmo-nos da dependência externa para pagarmos o que devemos, devia conduzir-nos no caminho das soluções para quebrarmos esse desgraçado estado económico que é também um estado de alma. O 25 de Abril hoje deveria significar que estamos prontos para ir em busca do que realmente nos faz felizes, esquecendo os ditames de uma sociedade cinzenta que teima em olhar para trás. O 25 de Abril hoje deveria ser um grito de esperança e não um suspiro de saudade.
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4 comentários
De Teresa a 25.04.2014 às 01:05
Aqueles que achavam que não fazia mal não ser um ser humano de valor e repeitador desde que tirassem o cursinho e fossem bem sucedidos. Resultado? O que está à vista.
Jovens que dizem que não valeu a pena o 25 de Abril no Facebook não sabendo que não o poderiam fazer não fosse exactamente o dito. Os que dizem que estamos muito pior do que então mas têm um carrinho todo pipi parado à porta da Universidade ou a stressar sobre onde estacionar junto às docas...
Foi engraçado ouvir Zeca na Assembleia; do ponto de vista cultural e intelectual. Sem punhos erguidos... De facto a cultura não pode, não deve, ser pertença de nada ou linkada a alguém mas de um Povo. Que tem a OBRIGAÇÃO de a conhecer, se mais não for... Foi bonito lembrar quão felizes éramos e fomos naqueles anos. Mas basicamente porque acho que não eramos nós que tinhamos as preocupações ou a responsabilidade - éramos muito - demasiado - novos. Triste perceber como certas realidades que ele cantou estão de volta. Talvez como menos miséria e desgarro - sejamos sinceros não é a mesma coisa apanhar a TAP para Paris do que levares o Tio Armando a um Açude no Norte de Portugal, onde daria o "salto" para Espanha e... Deus O Guarde.
Se hoje não se comemora e não se respeita o 25 de Abril deve-se ao facto de se achar que só Mia Couto poderia ter escrito o que foi escrito por "uma" Maria dos Anjos:
assobiorebelde.blogspot.pt/2011/03/gerac
Vejam lá isso!
Abraço,
Teresa
P.S. Estes streamings dão cabo de uma pessoa. Acabámos de jantar e seguíamos para a Assembleia quando ouvimos Goooooolo. 5 passos à frente outro golo. Que era o mesmo... isto para um Benfiquista deu, pelo menos, 4 golos esta noite ...o que é que eu te disse sobre os Italianos?
De bolaseletras a 26.04.2014 às 11:36
"Os que criticam são os que não "sentaram" os filhos e explicaram que aquilo foi por eles, para eles, mas também o legado que deveriam conhecer, respeitar e perpetuar. "
Perfeito, Teresa, é isso tudo. Temos que louvar o que foi feito há 40 anos, mas sobretudo renovar esse feito, para que as conquistas não tenham sido em vão!
De Teresa Faria a 25.04.2014 às 23:43
http://soporquesou.blogspot.pt/2014/04/u