Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Os meninos e o homem de barba rija (Moreirense 2 - Sporting 2)
Godinho, apresenta a demissão! Vercauteren, não serves! Senhor, tende piedade de nós! Este foi o meu grito de revolta ao intervalo, depois de mais 45 miseráveis minutos de futebol. Depois, o tipo que como a minha Senhora disse “este é que é o treinador do Sporting? Tem pinta de bêbedo” decidiu, ou melhor, foi forçado pelas circunstâncias a colocar em campo um homem de barba rija, um jogador com sabedoria suficiente para impor ritmo a toda a equipa, Rinaudo, um homem com tomates. Com ele o Sporting melhorou o suficiente para arrancar o empate, felizmente não o suficiente para vencer e turvar-nos a percepção que nos impedisse de perceber que tudo aquilo é mau demais. Os centrais são os piores da nossa história, Dier é um miúdo com futuro mas não a lateral direito (e isto apesar da garra no golo), Insua anda apatetado, Elias é zero, Schaars morre de saudades de Rinaudo, Pranjic é um mediano com um virtuoso pé esquerdo, Capel teima em não levantar a tromba do chão enquanto corre que nem um desalmado, Carrillo tresanda futebol mas afunda-se nas desconfianças da equipa, Wolfs não tem equipa e tem demasiadas flutuações exibicionais. Soluções realistas? Acabar a época com um mínimo de dignidade (eu sei, eu sei, nem a meio estamos) e conseguir um lugar na Europa, escolher uma dezena de gajos que não nos envergonhem para a próxima época, juntar-lhes os melhores emprestados e os melhores da equipa B, contratar dois ou 3 jogadores chave de créditos firmados e começar tudo do zero.
Não quero voltar a virar a cara para não ver o que se passa em campo, não quero voltar a mentir ao meu filho quando olha para a minha cara de caso e me pergunta “estás triste, pai?”, não quero voltar a receber mensagens de amigos vermelhuscos condoídos e a desejar as nossas melhoras. O sofrimento humano tem limites, tenham vergonha na cara e façam-se homens, rapazes!