Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
A perfeita imperfeição
As palavras ainda lhe ressoavam na alma, no corpo, intensificadas pela dor vagarosa e perfurante da sua ausência. Sentia falta de tudo nele. Dos sorrisos, das carícias, do brutal e inigualável sexo, mas eram as conversas sem fim e sem destino que lhe tolhiam a saudade.
- “Minha querida, quero que me fales dessas angústias, não as guardes para e em ti. Quero ser mais do que uma noite bem passada, uma mão cheia de prazer, que a queca do século”.
- “Sim, sabes que o és. És muito mais para mim do que o teu corpo maravilhoso.”
- “Agradeço os elogios que fazes ao meu envelhecido corpo. Sinto a tua sinceridade, mas no fundo ambos sabemos que a beleza não é a que vês, mas sim a que sentes, do prazer que ainda te consigo dar”.
- “O mesmo posso então eu dizer de ti, meu amor. Não sou a Deusa que tanto idolatras, sei que o dizes porque este prazer que partilhamos nos conduz além da perfeição física, nos faz considerar as nossas próprias imperfeições parte da nossa beleza”.
A soma das suas imperfeições era tão mais perfeita que todos os corpos perfeitos do seu passado.