Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Arranha-céus, por J.G. Ballard
Em tempo de praias a abarrotar, de gente que se digladia para pedir uma imperial num qualquer balcão, nestes estranhos dias em que a canícula enlouquece os habitantes de automóveis que formam filas sem fim, quase que arrisco dizer que este livro poderia ser uma aproximação a uma horrenda realidade futura não tão distante como isso. Os 2.000 habitantes de um arranha-céus auto-suficiente percebem que a constante exposição do homem ao homem, com os seus interesses visceral e propositadamente opostos (ah, a doce atracção da luta por algo) é a melhor forma de proporcionar a aniquilação final do homem pelo homem. Ballard embala-nos nesta fábula do mal, contagiando-nos pela secura e naturalidade com que narra o crescendo do ódio e da banalidade do mesmo. Não queremos acreditar que um futuro próximo nos possa trazer algo semelhante mas olhamos para o passado não tão longínquo e reconhecemos o mal. Apenas o cenário mudou, para um supostamente moderno e aconchegante arranha-céus. Não nos deixemos iludir.
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1 comentário
De Da outra margem a 08.08.2017 às 10:04
Entre uma e outra venha o diabo e escolha.
A extinção do Homem já foi profetizada mais que uma mão cheia de vezes e cá nos temos safado.
Que não seja a nossa geração a dar cabo disto, porra!
Teremos a auto-destruição no ADN?
Seremos mesmo a única espécie incapaz de encontrar forma de viver e prosperar em comunidade (ou comum unidade)?
Para quem se considera a "inteligência superior" do planeta... seria uma ironia do caneco.
"Vejam lá isso."