Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Pedrógão Grande - três meses depois
Pedrógão Grande - Reportagem do The Guardian
Passaram três meses da tragédia de Pedrógão Grande e pouco sabemos sobre o que falhou, o que podia ter sido feito para minorar as enormes perdas humanas e materiais. Não se conhecendo/reconhecendo/auditando o que falhou dificilmente serão avançados planos ou soluções concretas com qualidade para evitar tragédias semelhantes no futuro. Sem se debater e colocar no papel o que não foi e deveria ter sido feito (a prevenção que não existiu, as falhas no combate ao fogo, a falência ou insuficiência de meios) qualquer reforma legislativa ou de recursos humanos e materiais será uma falácia, uma forma de atirar areia para os olhos dos cidadãos. Até à próxima e inevitável tragédia.
As funções essenciais desempenhadas pelo estado, de defesa do território e das populaçãoes (a tão propalada protecção civil) revelam fragilidades mais que preocupantes e pouco ouvimos sobre o que será feito para melhorar e reformar o que tão torto está e que, pelo andar da carruagem, tarde ou nunca se endireitará. Não chegam demissões por motivos laterais, não chega responsabilizar contratos mal paridos e pior geridos. É preciso colocar o dedo na ferida, de modo a que doa, a que o país grite de revolta, a que alguém tenha a coragem de dar a volta ao texto e a vergonha de não deixar tudo ficar como está. Por nós, pelo país, pela memória dos que morreram.
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5 comentários
De Teresa a 20.09.2017 às 11:10
Acho que o segredo está, bem mais, em cada um olhar por, e para si. E para o seu quintal, a sua rua e LUTAR. Não me venham com histórias de que não adianta... adianta mas muitas vezes paramos na ideia de que não adianta e não fazemos por ser ouvidos e atendidos.
Temos um Portugal profundo abandonado porque "enquando eu não morrer não há partilhas" logo está tudo abandonado, a cerscer mato por tudo quanto é lado há 30 anos e ninguém usa ou cuida... Fazemos "chateaus" em sítios instagrâmicos com acessos que o burro do meu Tio Armando não passava (era burro, não era parvo).
Eu fui criada nesse Portugal profundo e lembro-me perfeitamente que depois das vindimas o Armandinho (que era sobrinho do Tio Armando e ía chamar-se toda a vida Armandinho para não haver confusãso ) tinha de dormir no campo que era para não irem roubar a lenha. Hoje, passadas décadas, tem lenha até ao virar do século porque as pessoas preferem comprar pois as pellets de supermercado são mais giras e em saco.
Voltem a tocar os sinos a rebate quando há fogo. Ou também já roubaram os sinos? Ah agora não se fala mal das pessoas porque são problemas mentais. No "meu tempo" o Luís maluco era vigiado por tudo o que era velha na vila e pelos homens no campo não fosse ele lembrar-se de "pegar fogo".
Estamos cheios de fru-frus a assistir à destruição do que não merecemos
De bolaseletras a 20.09.2017 às 19:48
Abraço
A.
De naomedeemouvidos a 20.09.2017 às 21:42
De bolaseletras a 21.09.2017 às 10:58
De Artur Santos a 21.09.2017 às 11:01
"Não há meios suficientes que consigam dominar um fogo desta dimensão".
E na minha opinião é aí que reside a busílis da questão, o fogo de Pedrogão foi de tal dimensão que nem com todos os bombeiros do país era dominado. A conjugação de factores naturais e não só naqueles locais foi tão grande que mesmo com tudo a funcionar na plenitude seria muito difícil parar a fúria daquele fogo.
Tive a felicidade de conhecer Pedrogão e as algumas zonas afectadas antes do fogo (áreas de beleza rara diga-se) antes do fogo e a primeira impressão que fiquei quando circulava no IC8 foi, se há um fogo isto arde tudo, nem imaginava eu o que viria a acontecer. Infelizmente já vi "in loco" o estado em que ficou aquela zona e é desolador, dá vontade de chorar tal é a dimensão da destruição.
A tragédia na minha opinião e desculpem-me os familiares das vitimas mas era inevitável mas "minimisável" se cada um fizesse a sua parte.