Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Vê lá isso, special Zé
Sobre a escandaleira que foi a eliminação dos mercenários magnatas do Chelsea pelos magnatas mercenários do Paris Saint-Germain, tenho uma data de coisas a dizer, todas elas incidindo na propalada decadência das artes do nosso José Mourinho. O nosso Zé só tem uma coisa a fazer para inverter este processo: abandonar a inabalável convicção na sua genialidade e devolver o jogo aos jogadores. O Chelsea tem o 3.º melhor jogador do mundo (Hazard), o melhor guarda-redes (o gigante Courtois), um dos melhores pontas de lança que por aí anda (Diego animal Costa), talvez o melhor médio carregador de piano do firmamento (Matic) e um punhado de outros grandes jogadores. Contudo, Mourinho é da opinião que para assegurar que o embate contra outras grandes equipas cairá certamente para as suas cores é imperativo que ele se intrometa a fundo no que os jogadores fazem, quer a nível táctico quer de atitude. Os jogadores confiam nele cegamente e tendem a colocar de lado os seus instintos e o potencial futebolístico neles contido para se enredarem nas redes tecidas pelo special one. A acrescer a isso, os mind games do nosso Zé começam também a ser afectados pela crença que este tem na sua infalibilidade. Dizer que o PSG disputa jogos do campeonato francês com menos intensidade que alguns treinos do Chelsea é entregar o ouro ao bandido, é dar ao adversário mais forças do que aquelas que ele realmente tem. O José precisa de regressar às origens, de relembrar o que o tornou tão especial, de se esquecer da sua genialidade e de confiar mais nos seus jogadores. Fazendo isso e colocando uns pozinhos da sua arte no caldeirão pode ser que a magia de Mourinho volte a dar frutos.