Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Assim não, Paulo
Ontem foi um dia triste para todos os sportinguistas, um dia em que sonhos se esfumaram, em que a esperança numa equipa jovem pode ter sido posta em causa sem recuperação possível. Gosto do Paulo Bento, mas ontem pus em causa a "sabedoria" futebolística que lhe reconhecia. E porquê? Vamos por pontos:
1. Os sinais. Logo na conferência de imprensa após o jogo com o Benfica foi avisando quanto às necessárias poupanças, a rotatividade que iria fazer no plantel, uma vez que após o jogo com o Bayern vinha o jogo do Porto. Se eu fosse jogador do Sporting o que pensaria? Por muito que no balneário me dissessem que não, iria pensar que a fé na vitória sobre o Bayern não era assim muita, que a competição interna era prioritária. Os sinais só não os viu quem não quis.
2. A cultura. O Sporting não se pode agarrar à cultura bem nacional de que os jogadores não têm pernas para 3 jogos numa semana. Olhem para Inglaterra, olhem para os resultados dos clubes ingleses, não cedam ao facilitismo.
3. As saídas. Sair Vukcevic privou a equipa de um poço de força com técnica, um jogador que seria indispensável num jogo desta índole, para defrontar um adversário fisicamente superior. Sair Carriço foi prescindir de um jovem no auge da época e a transbordar motivação. Sair Pedro Silva e Grimi foram os mal menores, mas não se pode desconsiderar o impacto da mudança.
4. As entradas. Romagnoli estoirou esta época, já não tem mais nada para dar ao Sporting. Porquê regressar num jogo tão importante? Tonel esteve muitos jogos de fora, a confiança não deverá estar nos píncaros por ter perdido o lugar para um miúdo. Porquê agora, Paulo? Abel está fora dela, é visível a olho nu. Já chega de Caneira, o polivalente que não pode ser lateral numa equipa grande, pois atacar é uma palavra inexistente no seu dicionário de polivalências.
5. A opção não assumida. O campeonato interno em vez da Liga dos Campeões. Perfeitamente compreensível. E era necessário optar, Paulo? Não era possível conciliar as duas competições? Claro que era Paulo, claro que era. Faltou assumir o erro. Não é verdade quando dizes que as mudanças na equipa não foram responsáveis pela derrota, que foram os erros durante o jogo que resultaram nesta tragédia. Foram as mudanças, foram os sinais, foi a cultura. E foi pena Paulo, porque estás a fazer história no Sporting, porque não precisavas deste capítulo num livro que estava a ser bonito de escrever.