Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
F.C. Porto 3 - S.L. Benfica 1
Antes do início do jogo pus-me a reflectir sobre a importância relativa deste jogo para os dois contendores. O Porto, em defesa da sua honra e de toda uma mística guerreira que pertence aos genes do clube, não queria, naturalmente, entregar de mão beijada o título ao Benfica em pleno Estádio do Dragão. Para o Benfica poder-se-ia pensar que o que estava em causa era ganhar o título neste jogo ou apenas adiá-lo para a semana. Não, neste jogo o Benfica tinha em jogo a verdade deste campeonato: jogar bem e ganhar (ou empatar) limpo e sem ajudas externas ao rectângulo de jogo seria a forma de dizer que o título era merecido, que a glória não chegara por via dos túneis ou das dúbias arbitragens como acusam os seus adversários. Em parte incluo-me na turba que afirma que a vida do Benfica foi facilitada por esses factores no ano que passou, independentemente do mérito futebolístico da equipa. Neste jogo estava em jogo, afinal, a afirmação inequívoca de um campeão.
Terminado agora o jogo, o que fica? Que o Benfica não confirmou que é melhor que o F.C.Porto, que não tem ainda estofo que permita considerar que é um campeão justo, que, pior que tudo, as decisões de arbitragem estranhas e temerárias vão sempre em seu favor. Benquerença fez uma arbitragem incompetente, por vezes prejudicando o Benfica, mas, no momento em que expulsa Fucile aos 60 minutos, por uma queda normalíssima que interpreta como simulação, deixa todas as desconfianças em aberto. É precisa muita temeridade para estragar um jogo decisivo desta forma num lance tão pouco claro. E, não variando, o Benfica é o beneficiado. Ainda assim, o Benfica em superioridade numérica não se conseguiu impor, não mostrou vontade e capacidade de campeão. A garra e a competência foram todas do Porto. Jesus não tirou nenhum coelho da cartola, pôs sim a viola no saco.
Quanto a destaques individuais no Benfica gostei sobretudo da dinâmica de Saviola. Ainda sem grande ritmo, mostrou que foi ele a grande força do Benfica neste campeonato. Durante a sua ausência o Benfica perdeu gás, e agora, ainda sem ritmo, foi mesmo assim a maior força da equipa. Maxi Pereira incansável mas o resto da equipa cansada. O medo também pairou por uma equipa que pareceu pouco convencida do seu valor. Quanto ao Porto o grande destaque foi a equipa. Sempre achei que seria muito difícil que o Porto permitisse o erguer da taça pelo adversário no seu terreno. Independentemente dos problemas desta época, é uma equipa com personalidade, garra e com bons jogadores. Bruno Alves um portento de força e vontade, Belluschi um jogador intermitente mas com excelentes e decisivos pormenores, Álvaro Pereira um fortíssimo lateral e Beto um guarda-redes de selecção.
Agora, para a última jornada, que esperar? Creio que será muito difícil, mesmo sem Javi Garcia, Di Maria e Fábio Coentrão, o Benfica não ser campeão na Luz contra o Rio Ave. Mesmo com o medo a pairar como sucedeu hoje, será obrigatória essa vermelhusca consagração. Nem que seja à força do apito, vermelho, pois claro.
p.s. - Não vi o meu Sporting, troquei-o pelo jogo do título. Espero que para o ano não precise de mudar de canal para sentir a emoção da disputa, o sal do futebol. A derrota em casa perante a Naval é mais uma tristeza de um ano triste. Não tenho grandes expectativas para o próximo ano. É pena, espero que não seja sina incontornável.
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29 comentários
De Burst Bucker a 03.05.2010 às 05:40
Congelem as bifanas os couratos e as entremeadas na arca frigorífica bolorenta das vossas frustrações e voltem a meter o vinho a martelo na pipa da taberna lá do bairro.
Estraçalhados no vólei pelo valoroso Sporting de Espinho, em pleno galinheiro e impiedosamente enrabados a sangue-frio no Dragão.
... Foi um Domingo PERFEITO!