Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Portugal 0 - Cabo Verde 0
Onde está a piada, Carlos?
Vou tentar fugir um pouco a esse pessimismo tão português e acreditar que esta malta, acabadinha de assentar arraiais na Covilhã, ainda está à procura da forma e de um entrosamento minimamente aceitável. Ainda assim, deixo uma porta entreaberta para o lusitano catastrofismo, lançando no ar a possibilidade de estes rapazes estarem bem mais preocupados com as suas vidinhas nos clubes e futuros clubes do que com a defesa das cores nacionais. O que se viu hoje contra Cabo Verde foi demasiado fraco para uma equipa com aspirações a um brilharete no Mundial. Pouca vontade, muito deixa andar que havemos de lá chegar, algum vedetismo, pouco suor da maioria.
Individualmente os destaques foram Nani e Fábio Coentrão, como que avisando o professor para não se pôr com invenções (esperemos que Queiroz tenha percebido). Pedro Mendes pode ser o equilibrador ideal para um meio campo de criativos, é um jogador de imensa classe. A nossa vedeta mor, Cristiano Ronaldo, não parece conseguir libertar-se da pressão de ter uma equipa sobre as costas. Nota-se nas reacções irritadas, mas também nas parvoeiras de vedeta incompreendida (um remate para as nuvens depois de uns toques à futebol de praia, um remate com a mão armado aos pincarelhos). O preocupante da coisa é que mesmo jogando um décimo do que o que nos habituou em Madrid e Manchester, é ainda assim o nosso jogador mais perigoso.
Se ele podia passar o Verão sem chopinho e churrasquinho? Podia, mas não era a mesma coisa.
Deco já só sonha com a reforma dourada no Brasil, alguém devia ter percebido isto antes da chamada de um jogador que, pelo que foi falando, revelou falta de garra para mais esta aventura. Liedson, desaparecido em campo, parece ter estranhado muito iniciar o Verão a trabalhar e não a comer churrasquinhos pelas praias da sua terra Natal. A responsabilidade de Queiroz parece-me incidir essencialmente na postura mental dos jogadores, na falta de atitude inaceitável que revelaram. Alguém acredita que com Scolari isto pudesse ter-se passado? Esperemos que a crise que não afecta certamente o bolso destes rapazes não lhes tenha, ainda assim, servido de desculpa para um jogo de muitas poupanças. Isto sob pena de em Junho a crise de confiança dos portugueses se afundar ainda mais. Vamos a mexer as perninhas, rapazes!
Se é para a palhaçada, contem connosco!
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126 comentários
De Rogerio Raposo a 25.05.2010 às 22:45
Já vi como este Mundial vai ser rápido. Por um lado até agradeço. Assim tenho a certeza que não estou a pagar umas férias em Hotel de Luxo a indivíduos que ganham mais num ano aquilo que eu vou ganhar toda a vida.
Ainda se fossem eles a pagar a estadia e as viagens !!!!
Mais vale não irem e vamos para a praia