Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
A hora de jantar, esse momento de harmonia familiar
A rotina diária repete-se por entre choro, risos, ranger de dentes, gestos desesperados de ambas as partes. A mãe direcciona a colher ao rebelde de 11 meses enquanto o pai se agita, qual palhaço amador, procurando, desajeitada e pouco convictamente, distrair o pequeno Miguel da birra. Dissimulado na sua esperteza infantil o petiz simula o sono, disfarça terríveis momentos de engasgamento, procura acima de tudo que o deixem absorver todo o universo que o rodeia, com excepção, claro está, da colher que transborda de sopa, fruta moída, maravilhosos guisadinhos de borrego em que a dedicada mãe se especializou, renegando todo um passado de falta de aptidões culinárias. Mais uma vez o jovem guerreiro vence. A cor do fundo do prato mantém-se oculta pelos manjares desperdiçados, o nosso herói prefere fasear as suas refeições nocturnas pela madrugada, despertando os exaustos pais para dois ou três inesquecíveis biberons, a refeição por excelência do petiz. Que na vida venças sempre todas as batalhas como vences esta, meu filho, mas, por totutatis, come lá essa mistela!