Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Teatro de Sabbath de Philip Roth
Não foi este o primeiro livro que devorei de Philip Roth, mas foi com ele que me fidelizei a um escritor de uma energia e estilo inigualáveis. Não sou nem pretendo ser crítico literário, pelo que vos deixo com a descrição do livro constante da badana do mesmo.
Preguiça minha? Não, só não gosto de reinventar a roda, irrita-me. Certamente alguma alma mal remunerada das Publicações Dom Quixote passou horas e horas a encontrar as palavras mais indicadas para resumir esta obra-prima. Não serei certamente eu a fazer de desmancha-prazeres e a tirar-lhe o gostinho de usufruir de um pouco mais de reconhecimento.
Ah, e a capa é excelente. Provavelmente inspirada na originalidade do nome do autor: Miguel Imbiriba. Vamos então à sinopse da coisa.
"Depois da morte da sua amante de longa data, Mickey Sabbath, um escandaloso e inventivo saltimbanco, obcecado pelo sexo, embarca numa turbulenta viagem ao seu passado. Desolado e só, cercado pelos fantasmas daqueles que mais o amaram e odiaram, encena uma série de farsas trágicas que o levam aos limiares da loucura e da extinção. Mais do que um grito estrangulado de frustração sexual, Roth faz deste livro uma profunda e irónica meditação sobre a perda, a infidelidade, sobre a vida e sobre a morte.
Teatro de Sabbath é uma criação cómica de proporções épicas e Mickey Sabbath o seu herói gargantuesco."
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A star is born
Diz-se no bas-fond dos meios artísticos lisboetas que está a nascer um novo talento do pincel. Anuncia-se um meteoro que irá ter impacto não só no panorama da pintura portuguesa, mas que ameaça mesmo alcançar o firmamento do estrelato artístico internacional.
Há já quem defina o movimento protagonizado por Rui Martins, um jovem talento dado a conhecer na III bienal de Paços de Ferreira, como um neo-cubismo naif. Por especial favor de um coleccionador particular, pude obter a imagem de um uma das suas mais impressionantes obras. Disfrutem da resplandecente imaginação artística de Rui Martins.
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Natural como a nossa sede
De que é que a malta gosta de falar? A julgar pelos comentários aos posts deste blog o que desperta mesmo a verve e o interesse são os assuntos da bola. Mas não me vou render aos gostos das massas, vou continuar a escrever sobre letras além de bolas.
As próximas pérolas serão do Philip Roth, esse génio que felizmente é desprezado pela academia sueca. Como já disse, fujo dos gostos das massas como da cruz. Não por capricho ou por burguesa vontade de ser diferente, mas simplesmente porque as maiorias enjoam, têm pouca piada e originalidade zero. Como diz o meu amigo Chico, "sempre ao lado do povo, nunca no meio dele".
p.s. - Enquanto não tenho tempo para escoher umas boas pérolas do Roth, vou ilustrando a casa com estas pérolas de muita carne e pouco osso.
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Ovo de Cu&lombo
Para mim, este título é quase a chalaça do século. Para vocês, apenas mais uma acha para a fogueira da inveja alimentada pela minha genialidade.
Isto é apenas a minha forma de dizer que depois da arbitragem do Benfica-Braga deixa de fazer sentido falar sobre futebol. Estou de luto no que a diatribes futebolísticas respeita.
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Cosmopolis (pérola 3) - O abrir da caixa de Pandora
"O sexo revela o nosso eu genuíno, põe a nu aquilo que nós somos. É por isso que se torna tão dilacerante. Arranca-nos a máscara."
"Espelho e imagens. Ou sexo e amor. São dois sistemas separados que nós tentamos unir em esforços lastimáveis".
Um blogue sem sexo é como um pãozinho lustroso mas sem sal. Aberta esta caixa de Pandora pouco mais há a fazer, exigem-se medidas radicais - tranquem as vossas mulheres e filhas em casa e, sobretudo, cortem-lhes o acesso à Internet!
Até a barraca abana.
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É esta a chama imensa? Ou será uma papoila saltitante?
A comentar o jogo com o Guimarães Carlos Carvalhal explicou: "o Benfica está muito seguro". Seguro. Sim.
O Benfica atacou menos que o Guimarães, teve menos posse de bola que o Guimarães, teve menos cantos e menos oportunidades. Jogou em contra-ataque. Tipo paços de ferreira no Estádio da Luz.
Pior. Em campo estavam três centrais. Dois trincos, Yebda e Ruben Amorim. O extremo esquerdo foi Jorge Ribeiro e até o médio avançado gosta de jogar a central. E isto nem o Paços de Ferreira no Estádio da Luz.
A maior audácia de Quique Flores em Guimarães foi jogar com meio guarda-redes. Enfim. Ganhámos. Tipo Paços de Ferreira no Estádio da Luz.
Por Rodrigo Moita de Deus, em 31daarmada.blogs.sapo.pt/2027073.html
Não fui eu que escrevi, foi um benfiquista. Um benfiquista com olhos na cara, coisa rara nos dias que correm.
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Pintura à mão by Pinto da Costa
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A águia na corda bamba
Resisti à voracidade da informação right on time e só hoje escrevo sobre o Benfica. Dois dias depois do descalabro face ao último, o propalado e elogiado “campeão de Inverno” (apesar de ainda faltarem mais de 2 meses para a gélida estação caducar) caiu na real.
Não quero chover no molhado e bater mais no ceguinho. Até porque, mais do que as concretas causas do desastre de Domingo passado, interessam-me mais as razões profundas deste constante estado da águia: na corda bamba, eterno candidato a entrar em estado de choque. Creio mesmo que o clube só não estoura em mil centelhas porque os benfiquistas são um espelho perfeito do povo português: casmurros, crentes, saudosistas de um passado que não volta.
Um clube vive do seu passado, da continuidade da sua História. Mas esse passado e esse seguimento de uma “cultura” muito própria não pode servir apenas para regurgitar glórias passadas. Um clube de hoje, os jogadores que hoje o representam, têm que se reconhecer nos jogadores de há 2, 4, 6, 8 anos. Tem que haver quem passe a “cultura”, a mística do Benfica. O que resta hoje ao Benfica do que foi nos últimos anos? Vejamos quem são os símbolos de um passado recente:
Rui Costa
O expoente máximo da história e do amor pelo clube. Mas é dirigente, mas só voltou em fim de carreira, perdeu muitos anos daquilo em que o Benfica se transformou. É a maior esperança do Benfica, mas estará a sua vontade à altura do engenho que as novas funções exigem?
Nuno Gomes
Um jogador em fim de carreira. Mantém-se no plantel para que a mística não desapareça de todo. Mas já se fala em futuro lugar na estrutura directiva, é um jogador que os novos colegas já antevêem à porta da saída.
Moreira
Quando devia ter sido aposta não o foi. As lesões não ajudaram. Um caso típico de uma eterna promessa.
Luisão
Está há bastantes anos no clube. E há bastantes anos que ele e o clube desesperam por uma proposta tentadora para que saia. Não me parece o transmissor ideal da mística benfiquista.
Haverá quem diga que os grandes clubes estão invadidos de estrangeiros, que essa questão dos jogadores formados no clube é treta. Apenas dois exemplos claríssimos de dois clubes com história e glória, passada e actual:
Barcelona - Xavi, Iniesta, Puyol, Valdés, Messi, Eto…
Manchester United – Scholes, Giggs, Neville, Ferdinand, Fletcher, Van der Sar…
Sem história recente, sem um fio condutor para que os novos não percam o fio à meada, as estrelas, por mais reluzentes que sejam, não trarão de volta o brilho à Luz. Valeu a pena deixar sair o Simão, desaproveitar o Nélson e o João Pereira? Por quanto mais tempo a formação do Benfica será um deserto árido e estéril?
A bem do futebol português o Benfica tem que inverter esta história que lhe esgota e destrói a História.
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Bom arranque leonino em 2009: Setúbal 0 - Sporting 2
Uma boa vitória para começar o ano, num jogo de um só sentido. Algumas notas soltas:
Liedson
Um dos últimos grandes jogadores com que podemos deliciar-nos nos medianos jogos do campeonato português. Um animal de área, um velocista, um repentista, um jogador que merece cada euro, que não poupa uma gota de suor. Vamos ver se quem comanda os destinos leoninos percebe que vale a pena investir num jogador que dá pontos, títulos, que garante milhares de espectadores no estádio.
Moutinho
Impressionante. Com esta dinâmica imparável tem lugar em qualquer equipa do mundo. Sem ele e Liedson o Sporting seria uma equipa a roçar a banalidade. Quem se lembra da polémica de início do ano? Quem duvida de que dá tudo pelo Sporting?
Izmailov e Polga
Sempre acima da média, sempre duas garantias de qualidade, de classe.
Vukcevic
Hoje não deslumbrou, oxalá lhe dêem tempo para o voltar a fazer. Valeu ser o primeiro a abraçar Liedson após o golo, a substituição bem aceite, o cumprimento a Paulo Bento. Haja esperança de que a convicção inabalável que tem no seu valor não resvale novamente para a arrogância, convidando Paulo Bento, mais uma vez, a exibir a sua veia disciplinadora.
Miguel Veloso
Que saudades de o ver sorrir em campo, da sua alegria de jogar. Enquanto o sorriso não voltar a qualidade manter-se-á submersa sob um véu de queixumes, invejas, expectativas goradas. Alguém que levante a ponta do véu, é o que se pede.
Expulsão de Daniel Carriço
Os árbitros portugueses não são tendenciosos ou mal intencionados. São simplesmente incompetentes.
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Rescaldo natalício
Este Natal estava com pouca paciência para fazer amiguinhos, mas para o ano não me escapam. Quem são eles? Os detractores do espírito Natalício, a sua ala mais radical.
Há também a ala mais moderada, aqueles que apenas afirmam estar fartos e tal, mas lá entram na onda, lá dão a prendinha da praxe, devoram os sonhos e o bacalhau e não chateiam por aí além. Eu incluo-me neste grupelho. Ofereço uns livros de que gosto (se não gostam deviam gostar - em prol do bom gosto), recebo um par de meias e umas camisas catitas, e dou ao dente enquanto renego o consumismo desenfreado.
Depois há os radicais, os terroristas natalícios. Recusam-se a comprar prendas apregoando essa excelsa qualidade aos sete ventos, abominam os centros comerciais, chicoteiam os vergonhosos gastos com as iluminações de rua que apenas servem para o Socras passar a mão no eriçado pelo dos pacóvios que fazem bichas domingueiras para as admirar (vulgo povinho).
Para o ano não me escapam. Quando os vir, no meio da confusão da troca de prendas a espreitar, bem caladinhos, a prenda que lhes calhou em sorte, perguntarei a plenos pulmões: “Então, comprar prendinhas vade retrus Satanás, mas a cuequinha da moda e o perfume que até dá jeito não se recusa, não é?”.
Enfim, o Natal é porreiro, também para descobrir a careca aos mitras encapotados.