Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Destaque - obrigado sapo!
Chegar a casa e ver o Bolas e Letras em destaque no sapo sabe bem e reforça a vontade de continuar. Um bem haja e um obrigado à equipa do Sapo!
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Parar para pensar
Estão por todo o lado. Enxames de vozes sobrepostas, sons emaranhados em palavreado de circunstância, silvos de letras encadeadas que se esfumam na leveza dos significados. Falo dos palradores profissionais, pessoas que para evitar o silêncio que as ameaça com assustadores exercícios de reflexão e auto-conhecimento falam falam falam sem parar.
Estão nos confins da terra dispersas por faladoras carruagens do metropolitano, peregrinam frases soltas pelas avenidas e ruelas das cidades em que cozinham a sua sopa de letras sem fim à vista, como se tivessem criado um alfabeto próprio que fenecesse com o não uso das suas filhas em forma de hieróglifos sonoros. No canto da sala de espera com um solitário livro penso que me candidato a espécime em vias de extinção, um extraterrestre nesta cidade que regurgita sons sem sentido, que abomina as frases silenciosas que nascem das páginas de um livro.
A multidão é o consolo destes profissionais da fala, o calor que sentem no seio do ruído ensurdecedor conforta-lhes a alma, isola-os do dilacerante silêncio que um livro lhes poderia impor. Caminho calado e sinto-me uma aberração, não falar é não viver segundo a religião da palavra solta. Coloco a chave na fechadura e falo finalmente com gosto com quem gosto de falar, com interesse em receber e dar palavras, frases com sentido que valem mais que o silêncio. Pudessem as palavras ser gastas apenas quando nos dessem mais que as páginas de um livro. Conversa da treta, dirão alguns.
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O malabarista
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Do tempo em que as vacas não eram magras
Nos tempos que correm encontrar uma cantora sexy que nos arregale o olho é o pão nosso de cada dia. Em cada recanto há uma Shakira, em qualquer canal de música a Anastacia nos entra pela casa dentro. Vivemos em tempo de vacas gordas no que a sensualidade feminina na música respeita.
Contudo, há curvas que nos povoaram os sonhos de adolescência que jamais voltámos a reviver nos tempos de hoje. A moda dos corpos esbeltos, perna magra e coxa esguia arruinou os lascivos sonhos daqueles que cresceram com artistas de seios fartos, coxa grossa e corpos de curvas assassinas. Outros tempos que as vozes que são mais do que as nozes afirmam ser mais saudáveis e contidos, novos tempos que artificializam as voluptuosas formas que a natureza deu à vida no seu estado original.
Bom, fiquemos então com o fruto desta história de curvas e contracurvas: Samantha Fox e Sabrina, foram estas as musas que pastaram no prado dos nossos virginais sonhos adolescentes. Those were the days.
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A propósito do Tour de France - da felicidade pura e dura
Outros títulos para este post poderiam muito bem ser:
- "1001 razões para dar ao pedal";
- "Assim também eu pedalava que nem um louco";
- "Pernas para que vos quero";
- "Da explicação do sofrimento humano";
- "Da superação física e das suas motivações curvilíneas";
- "Da causa justa para o doping no ciclismo".
Agora muito a sério: observem as expressões de êxtase destes tipos e digam-me se não estamos em presença dos seres humanos mais felizes do planeta e arredores. Quem corre por gosto não cansa e a cenoura no fim da corrida também não é de desprezar.
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Da série pérolas da blogosfera - A bíblia vermelhusca e se o ridículo matasse
Aprendi a gostar de jornais muito cedo. Não, não comecei a ler o Expresso mas sim A Bola, jornal que me fazia gostar ainda mais do que eu já gostava naquela tenra adolescência, o futebol e todo o circo que anda à sua volta. Comigo, milhões de emigrantes matavam saudades da língua pátria lendo A Bola, a bíblia, aquele jornal que tornava ainda mais belo o mais belo desporto.
Os tempos passam os vícios instalam-se. Hoje, certamente porque é aquilo que mais papel vende, A Bola é um panfleto propagandístico do Benfica. E acreditem, se este triste estado já foi dissimulado, hoje a vergonha é assumida à descarada. Na edição de ontem o reforço Javi Garcia, suposto salvador do meio campo benfiquista, jogador que a época passada fez 15 jogos no Real Madrid como defesa central (!!!) é referido como sendo cobiçado por clubes de toda a Europa, tendo o Benfica conseguido ganhar a corrida a todos esses pretendentes! Epá, vão gozar com o Constâncio, foda-se, esse ao menos também goza connosco.
Além de mim, também o Sousa Cintra no blogue ocacifodopaulinho.wordpress.com/ se deparou com esse facciosismo patético, de um jornal que já foi de referência. O texto do blogger que se intitula como Sousa Cintra demonstra bem até onde vai a pouca vergonha, muito próximo do ridículo:
"Quando o ridículo não tem limites os leitores mais incautos correm o risco de ler coisas destas:
“Jorge Jesus apresentou-se no estágio, em Genebra, com um novo penteado. Não se tratou de uma mudança radical, mas a aparadela foi significativa, dando-lhe um look mais sóbrio. O treinador, de resto, nunca descura os pormenores relacionados com a sua imagem“. (in A Bola, pois claro)
Alguém aceita uma aposta? Meto 20 euros em cima da mesa… Aposto 20 euros em como A Bola conseguirá, até ao fim da época, escrever uma destas três coisas:
a) “o treinador, de resto, nunca descura a fluência no discurso e há quem o compare ao padre António Vieira“;
b) “o treinador, de resto, rivaliza com Alex Ferguson no número de títulos e taças conquistadas“;
c) “o treinador, de resto, é o melhor do mundo porque nós somos patetas o suficiente para assumir que ele é o melhor do mundo porque só os melhores do mundo é que treinam o Benfica como todos os melhores do mundo que treinaram o Benfica nos últimos anos inclusive o Artur Jorge que era o melhor do mundo e os outros e o Koeman e o Sounesse e mais os outros como o Heynckes que esse sim era mesmo bom foda-se mesmo mesmo bom e ainda aquele outro aquele cujo nome não me recordo ah pá aquele pá que tinha bigodinho e era alourado e brasileiro também era mesmo bom quase tão bom como o Camacho que era genial ou o Chalana que era tão bom e tão fluente como o Jorge Jesus talvez tão bom como o Quique pá um senhor mesmo mesmo bom mas não tão bom como o Jorge Jesus que esse sim é mesmo mesmo bom é espectacular e fala bem e tem métodos de treino inovadores e o fato de treino cai-lhe tão bem e que bom que ele é foda-se ninguém pára o benfica allez oh viva o Jorge Jesus“."
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Meridiano de sangue (pérola 1) - O lado negro da criação
"Um homem vê-se em palpos de aranha para entender a própria mente porque só tem a própria mente para entendê-la. Pode entender o próprio coração, mas não quer. E faz muito bem. O melhor é nem espreitar lá para dentro. Não é o coração de uma criatura que esteja no caminho que Deus lhe traçou.
Encontra-se ruindade na mais mesquinha das criaturas, mas quando Deus criou o homem tinha o diabo à sua ilharga. Uma criatura capaz de tudo, capaz de criar uma máquina e uma máquina para criar a máquina. E maldade que se perpetua sozinha durante um milhar de anos, sem ser preciso alimentá-la."
Cormac McCarthy desdobra a teia de personagens de "Meridiano de sangue" por entre as contradições da condição humana. Uma assunção em forma de quadro macabro de que a realidade que perpassa pela época, local e condições descritas no livro é a realidade da negra face do homem. O autor explora até ao tutano o buraco negro que vive em cada um de nós e que nos alimenta, muitas vezes injectando nas veias o veneno que nos destrói.
A natureza inclemente é o meio onde o homem habita e procura sobreviver, o próprio homem corrói e verga a natureza às suas necessidades supérfluas. Por outro lado, o homem é o predador do homem, a lei de dente por dente olho por olho nunca fez tanto sentido e nunca foi tão bem entranhada em nós que, passo a passo, receosos, vamos desfolhando as páginas deste pesadelo. Se precisam de algo forte, se pretendem fugir por momentos da redoma da monotonia em que a vossa realidadezinha pacificada vos envolve, abracem o "Meridiano de sangue". Não ficarão indiferentes, garanto.
Para saberem mais sobre esta obra única acedam à página oficial do escritor e consultem a secção www.cormacmccarthy.com/works/bloodmeridian.htm.
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Tributo a Yannick Djaló que encontrou o amor
Creio que título mais Kitsch para este post seria difícil, mas mesmo assim creio que não superei a pirosice com que esta delicodoce história de amor tem sido difundida para o mundo pelos dois pombinhos. Luciana Abreu revelou no seu blogue o cumprir do sonho de bela adormecida que acordou do sono do amor, o próprio Djaló deixou uma mensagem para os fans no blogue da jovem estrelinha, alardeando ao universo que a mulher que sempre desejou é a extasiante Luciana.
Com poucas esperanças que o ditado "sorte ao jogo azar no amor" venha finalmente a cumprir-se, (isto considerando as fracas prestações desportivas de Djaló e o aparente enlevo com que os dois jovens enamorados se apresentam), parece-me que é cada vez mais urgente que Bettencourt abra os cordões à bolsa e saque um coelho da cartola, de preferência com umas patinhas amestradas para os golos. Isto do amor só é mesmo bom para quem o vive. Os mirones, neste caso os sportinguistas, lixam-se sempre. Enfim, é a sina do mexilhão.
p.s. - Yannick, desculpa lá privilegiar as fotos da Luciana, mas certamente que perceberás a opção estética. De facto, os louros cabelos da nossa Floribela ligam melhor com o layout do "Bolas e Letras" do que as tuas formosas tranças negras.
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O melhor do mundo são as crianças
Estas e muitas mais imagens agri doces em aureamediocritas.blogs.sapo.pt/, um blogue onde o humor negro é o pão nosso de cada dia.
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Sporting 1 - Feyenoord 2
Em tempos de dedicação exclusiva à dança dos biberons e ao suave restolhar das fraldas perfumadas, a análise ao jogo de apresentação do meu Sporting não irá ser muito aprofundada (uff). Aliás, para abreviar e suavizar a coisa em época de silly season, a análise incidirá na troca de sms entre mim e mais alguns sofredores amigos sportinguistas. Este espírito de abertura revela uma das muitas qualidades do povo leonino.
O conteúdo das referidas mensagens demonstrará à saciedade que somos pobres mas honestos, somos derrotados mas não perdemos o sorriso. Um sportinguista sabe que o futebol não é o mais importante da vida, que para além da paixão clubística valores mais altos se (a)levantam (o a é um tributo ao Sr. Vieira), tais como a cerveja, os caracóis e as gajas boas. Fiquem então com os momentos íntimos deste povo sofredor:
- "O Abel é o pior jogador do mundo, seguido de perto pelo Caneira e pelo Tonel";
- "O Tonel deu a volta ao jogo!";
- "Pior só mesmo os gajos da TVI";
-"Nem na pré-época...";
- "O fado lusitano já começa a minar o desempenho do levezinho";
- "Meti-me a ver um bocado. Ao fim de 5m desliguei. Que miséria. E ainda me mandam cartas a dizer que tenho 500 euros de quotas por pagar!!!".
É este o estado de espírito da nação sportinguista. Contudo, porque sou um eterno sonhador e creio acima de tudo na raça leonina, acredito que ainda vamos ser campeões!!! Eu faço a minha parte, vocês façam a vossa, porra!
Fiquem com este sinal de esperança num futuro melhor...