Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Família, amigos, colegas, companheiros, palhaços, vocês sabem quem - um 2010 em grande!
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Afinal poderá haver reveillons mais animados do que o do Maxime
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O propalado maior clube português ou um clube de samba no continente errado?
O E Pluribus Unum dos tempos modernos
Sinceramente, meus amigos benfiquistas: sentem orgulho de um clube que trai as suas raízes e princípios para ganhar a qualquer custo? Não sentem falta de dar uns jogadores à vossa selecção? Ou já se sentem brasileiros?
"Com a contratação de Airton, Alan Kardec e Éder Luís, o Benfica passou a ter mais brasileiros que portugueses, 12 contra nove. No início da temporada, ganhavam os portugueses, nove contra oito, mas o regresso antecipado de Fellipe Bastos do Belenenses "empatou" as contas. Agora, com o ingresso no clube da Luz de mais três jogadores de Terras de Vera Cruz, os portugueses (sem contar com os juniores que por vezes trabalham com o plantel principal) passam a estar em minoria.
"Pô, qui papagaio mais mixuruca!"
Recuando um pouco na história do clube e do futebol português, o Benfica foi mesmo o clube que lutou durante mais tempo contra o ingresso de jogadores estrangeiros no futebol português. Só mesmo em 1978, e com a alteração de estatutos, é que foi permitido que o clube da Luz pudesse recorrer ao mercado para contratar um futebolista que não português: foi Jorge Gomes o eleito, avançado que jogava no Boavista."
Ah, e isto sem contar com a restante armada sul-americana...
Ai és, és, e cada vez mais
p.s. - Obrigado ao António Boronha (antonioboronha.blogspot.com/), sempre atento.
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Um reveillon à antiga portuguesa!
Acreditem, não fora eu um recém pai, vencedor há alguns meses do almejado prémio "o pai mais grávido", e estaria batido neste alucinante reveillon. Não podendo, deixo-vos a dica. Vale a pena ler a apresentação da festa, muito bom!
A melhor despedida de 2009 (vai-te embora, ó melga!) e a melhor entrada em 2010 só pode ser no Maxime, claro! É um réveillon Ena Pá 2000 com certeza! O que é o fogo de artifício de Copacabana – ou até o do Funchal – ao pé do fogaréu que são as canções de Lello Marmelo & Cia, cantadas ao vivo por entre arrotos de passas e champanha da Bairrada? O que é a romaria à Torre de Belém, para ver uns broncossáurios a patinar no gelo, ao pé do quebra-gelos da Pr. da Alegria, que leva pólo norte, pólo sul e tudo à frente? Nada: pechisbeque, trocos, pura palha. As mães ladram e a carraspana passa...
Depois da desgraça que foi 2009 (vai-te embora, ó melga!) vamos entrar de carrinho em 2010 e vamos dar ruidosas boas-vindas a uma nova década, armados de passas do Algarve e espumoso de Anadia, com todas as serpentinas, confetis, ovos podres e farinha a que temos direito!
No palco, os Ena Pá 2000 - a banda da nova década - fazem a festa e trazem atracções-surpresa como as strippers Romina & Camila, Ray Bonga e Roger Bravo, ou o grande Vitor Gomes. Na consola giratória, o grande DJ Ritchie Tango! Reserve já o seu jantar ou venha já comido (e bebido) assistir ao espectáculo do milénio, da década, do ano, do mês, do dia, da hora, do minuto e do segundo! Uma coisa é certa: Quando chegar a meia-noite vai haver gritaria da grossa! Adeus, 2009 (vai-te embora, ó melga!). Olá, 2010! Não sejas melga!
p.s. - Obrigado pela dica, Pedro.
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E se esta desesperada cavalgada falhar, Presidente Bettencourt? Tem algum...
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Pérolas da blogosfera - A idade da nostalgia
A partir do livro "Ignorância" de Milan Kundera (que já li há mais anos do que devia, aliás, todos os livros que li do Kundera li-os há mais anos do que devia), o azeite - que nome do carassas para um blogger - relembra-me o que pensava Kundera da nostalgia, do excesso de juventude e da escassez de anos para viver. Bom blogue (acto-isolado.blogspot.com/), o do azeite.
"(...) ao contrário da percepção geral, os sentimentos nostálgicos exercem maior poder sobre os mais jovens do que sobre os mais idosos. isto porque, segundo kundera, quanto mais nos aproximamos do fim, mais tendemos a valorizar cada momento que vivemos e não desperdiçamos o escasso tempo que nos resta com recordações. já os mais jovens, nos quais o passado ainda tem um rasto curto, podem dar-se a esse luxo de remoer a saudade com a mesma boca com que mascam uma pastilha elástica."
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Huuummm...cheira-me que vem aí uma chuvada à antiga e que com essa roupinha não se safam
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Malcolm Lowry - Debaixo do Vulcão
Pensei em escrever uma pequena introdução do que foi a vida e obra de Malcolm Lowry, como forma de introduzir a sua obra maior, Debaixo do vulcão. Contudo, apercebi-me que o que conheço de Lowry anda à roda deste livro, o único que li do autor. Muitas vezes apregoado como uma das obras primas do Século XX, Debaixo do vulcão atraiu-me também pela bruma mística que o enredava. A história parcialmente autobiográfica de um escritor que transforma em obra prima a sua dor e uma vida sofrida, poucas dúvidas deixa de que vamos entrar no âmago da literatura, no fulcro do que esta deve ser.
Debaixo do vulcão parte de uma ideia simples, o clássico triângulo amoroso: o cônsul inglês no México, alcoólico, a sua ex-mulher que regressa para recuperar o que nunca duas almas gémeas devem perder, o amado irmão do cônsul, Hugh, o traidor que o irmão não consegue deixar de amar. O dia mais importante da vida do cônsul preeenche os 12 capítulos desta obra maior de Lowry. Para enfrentar os complexos caminhos da narrativa, os galopantes diálogos e os intrincados e ziguezagueantes monólogos, exige-se um leitor atento e dedicado. Sim, este livro não é para leitores pouco dedicados, os light readers, termo que me orgulho de ter agora inventado (se lê José Rodrigues dos Santos e M. Rebelo Pinto esqueça este livro).
Por entre a história de um amor e da decadência de um homem, enredamo-nos nas cantinas mexicanas, no mescal, no alucinante Dia dos Mortos, nas estradas de poeira e de sangue que cruzam o México, nas touradas, nas intermináveis rodadas, onde, incrivelmente, Lowry deposita clarividências incontornáveis sobre o sentido da vida e a triste condição humana. Para aguçar ainda mais o apetite - ou não - fiquem com estas palavras de Lowry, proferidas em 1950:
"O sentido do passado, da dor, da morte: estes são factores intrínsecos ao México. Mas apesar disso, os mexicanos são o povo mais alegre do mundo, capaz de transformar qualquer acontecimento, incluindo o Dia dos Mortos, numa festa. Riem-se da morte, o que não quer dizer que não a levem a sério. É talvez por possuírem um profundo sentimento trágico da vida que a alegria e a festa estão sempre presentes: a sua atitude é o melhor testemunho da dignidade do homem. A morte, derrotada pelo renascimento, é ora trágica ora cómica.
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Da série malta famosa em boa onda - David Bowie
David Bowie conheceu Iman em 1990. Dois anos depois casaram-se em Lausanne, na Suiça. Bruce Weber fotografou-os no Manenberg´s Jazz Cafe na Cidade do Cabo, na África do Sul, em 1995. O vestido às bolinhas é fantástico, os sorrisos cristalinos, David Bowie irradia felicidade. Boa onda, David.
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Para um melhor 2010
Contrariando os recentes posts natalícios menos católicos, gostaria, agora que se aproxima o fechar de portas de 2009, de deixar aqui, neste livro a céu aberto que é o bolas e letras, uma mensagem de esperança. Não daquelas bem redondas e infestadas de generalidades bem intencionadas, mas um guia de tarefas concretas que agora me vêm à cabeça, sabe Deus porquê, e que podem servir para alguma coisa. Nem que seja para fazer figura de urso. Vejamos então:
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Ter paciência com os jovens que engrossam a fila do multibanco para carregar, cada um, 3 telemóveis com 5 euros por aparelho. Os gadgets assumem hoje para esta juventude com os boxers à mostra o papel que a bola de cautchú assumiu para a nossa básica geração. Se os sms são o mais perto que eles estarão do bate pé nas traseiras da escola, assim seja, dêem aí ao dedo que não há-de vir mal ao mundo.
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Ser fiel às raízes e aos usos que ajudaram a construir a reputação deste país. Isto significa ostracizar o seitan e os bifinhos de soja, e render-nos, fiel e definitivamente ao fumeiro tradicional e ao queijo da Serra e de Nisa. Faz mal? Pois faz, mas a vida são dois dias. E nunca ouvi dizer que alguém atingisse a imortalidade por se alambazar com paneleirices de tofu.
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Cuidar mais dos amigos da louca juventude. Ultrapassar as dificuldades da vida moderna (o trabalho, o colégio do puto, as compras, os fins de semana com a família, o cu que não se mexe do sofá) e ir beber uns canecos valentes com os amigos de outrora e para sempre de agora. É verdade, as ressacas custam mais mas são os obstáculos que nos aguçam o engenho.
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Fazer a vida mais negra aos inimigos que realmente o merecem e que sabemos nunca conseguiremos deixar de desprezar. O bom samaritanismo nunca levou ninguém a lado nenhum que não fosse ao de uma facada nas costas.
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Ganhar coragem e dizer às turbas de bombeiros que infestam os semáforos vermelhos numa remelenta manhã de trabalho para terem vergonha na cara. Se possível, e conseguindo evitar uma lamentável cena de violência gratuita, acrescentar que merecem mais respeito os romenos que vendem o Borda D'água.
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Explicar ao vizinho porreiro do 14º andar, um tipo genuinamente simpático que só deve estar bem quando todos os outros estão bem, que se realmente quer continuar a ser visto como o tipo mais simpático do prédio e arredores deve compreender que partilhar o elevador com ele e com os seus dois pitbulls desaçaimados é apenas um acto de boa vizinhança, ou, quiçá, uma singela curiosidade masoquista que, mais cedo ou mais tarde, vai acabar em carnificina.
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Dizer na cara dos críticos do Natal, dos presentes e do menino dinheiro que, ao assumirem essa digna posição, devem vomitar de nojo após abrirem os presentinhos da ordem depois da meia-noite. Deviam rasgar a peúga de boa lã e os boxers catitas, deviam despejar o perfume da moda pela sanita e gritar aos quatro ventos que são puros como a neve e que abominam as prendinhas de Natal! Já não vos posso ouvir, pelintras de merda.
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Dizer mais o que nos vem à cabeça. Se nos vem à cabeça é porque deve sair cá para fora e não ficar lá às voltas até azedar. Confiar mais no instinto, abolir a excessiva reflexão.
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Fazer uma mulher feliz. Se escolhemos uma para nos aturar, apostar tudo nela, se andamos à pesca por esse mar de ninfas fazer com que o anzol seja suave e enebriante, e não doloroso e intragável.
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Ser felizes, porra! Só nós próprios, mais do que ninguém, sabemos o que é a nossa felicidade. Arriscar, não abdicar, abraçar a vida como a queremos viver. Bom 2010!