Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Força aí com 2012!
Pergunto-me que poderíamos todos nós fazer para retirar algo de verdadeiramente positivo dos bons sentimentos que se vivem na presente época. As palavras cordiais surgem mais naturalmente, sem as habituais reticências, os gestos desinteressados abandonam também mais frequentemente a toca defensiva que construímos ao longo do ano. OK, já vai sendo alguma coisa, mas esta boa onda que se vive não poderia dar ainda mais frutos, ir um pouco mais além? E que tal aproveitar para perdoar aquele amigo/familiar que já tínhamos apagado da agenda do telemóvel? E, já agora, que tal aproveitar para sermos sinceros com o que verdadeiramente sentimos e pedir perdão pelo que dissemos àquele colega, ao amigo em quem descarregámos? E esforçarmo-nos por ouvir mais, abraçar mais, abandonar de quando em vez o conforto do casulo em que nos fechamos e abrirmo-nos mais aos outros? O caminho não é assim tão acidentado, bastará deixarmo-nos de tantas palavras e passarmos aos actos. Vou tentar, porque as palavras nunca mataram a fome de amor a ninguém. Força aí com 2012, só depende de nós!
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Uma singela explicação para a crise mundial
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A silenciosa companhia
Saramago fotografado por Sebastião Salgado, Ilhas Canárias, 1996
Não sei se o preço a pagar por ideias originais, estruturadas e se possível com efeito útil é a entrega a uma vida de solidão. Passamos os dias rodeados de conversas mecânicas, discursos debitados incessantemente por rádios, televisões, palavras marteladas nas páginas de jornais que se repetem em círculos viciados. Como pensar no meio do barulho ensurdecedor? Como descobrir algo novo numa sociedade que mergulhou no desejo ilimitado da imitação? Saramago percorreu o seu original caminho por entre os sons celestes da inspiradora Lanzarote e por entre os sons sem som de um amor tardio. Saramago fez da solidão a sua companhia e isso não o matou. Devíamos pensar um pouco mais nos benefícios de uma controlada solidão para o nosso crescimento. Temos primeiro que arranjar um espaço de tempo e de som para ter tempo para pensar nisso.
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Também tu, Nicolau
Ela passou a noite irrequieta. Remexia-se na poltrona que os anfitriões sub-repticiamente lhe destinaram, mais para o canto da sala, de preferência afastada das crianças e das tias puritanas que vieram do norte. Ela mirava-o sem pudor, percorria-lhe o corpo com os olhos, como se soubesse que o olhar que sobre ele recaía lhe queimava de desejo cada centímetro da pele. Ele ria e deambulava nervosamente pela sala, fazendo conversa e bebericando aqui e ali, procurando escapar ao magnetismo daquele olhar. Ela levantou-se para ir buscar uma bebida que a sede não lhe pedia e ajeitou o seu vestido natalício, deixando toda a sala assistir ao espectáculo da beleza feminina. Mas ele não se deixava afectar, parecia imune à tentação que intoxicava o ar respirado por todos os outros convidados. Foi então que ele saiu para a rua, depreocupada e despudoradamente, e o mistério se revelou em toda a sua trágica desfaçatez.
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Mensagens natalícias das gentes dos Olivais - parte III
Este texto lido no almoço natalício olivalense diz muito da matéria de que são feitos os filhos dos Olivais. Das fraquezas fazer forças, nas contrariedades vislumbrar oportunidades. Se o filhote não quis ir à festa dos “cotas” nada como pegar nisso para elaborar a mensagem natalícia. Aproveita-se e faz-se humor do bom, abordam-se alguns temas da época e, já agora, dá-se umas pinceladas de fraternidade que tanta falta nos vai fazendo. Ah, e no fim o pai babado e inspirado ainda distribuiu chocolates pela malta. Obrigado vidros!
“Carta do meu filho Afonso (ausente):
Filhos dos Olivais, consortes, acompanhantes e pessoal da margem sul,
Enquanto se alambazam com os requintados pratos do Amílcar (quem é que para além da minha mãe já comeu do vegetariano? Aposto que só ela mesma e o Micas “É pá, isto tá mesmo bom, a sério que não querem experimentar? Vá lá, eu só pus 30 cebolas !!!), eu, Afonso O., também conhecido por ser o primogénito do Vidros, Vitral, Vesúvio (esta nunca entendi, ó Toni) e da Job for the Boys, estou repimpado a ver o Happy Feet pela 2ª vez que é bem mais fixe!!!! Tá-se mesmo a ver que ia ter com um bandos de cotas, todos para lá dos 30 (são mesmo velhos, vai na volta, ainda têm mais de 40) que ainda por cima mal sabem o que é o Beblayde, os tranformers e Scan to Go. Ao menos que houvesse miúdas e miúdos da minha idade pá. Agora é tudo filhos do noddy, e do pocoyo e do bob o construtor...se ao menos eu já tivesse idade para ver a playboy e essas publicações de miúdas “uiiiii, giríssimas, pá” como diz o tio Landeira mais novo ou de artigos de aprofundado interesse sócio económico, como diria o meu pai, quando as leva para a casa de banho e fecha à porta à chave, então ainda podia falar com a velharada. Mas como ainda quero é mesmo brincar com piões e varinhas mágicas e ver desenhos animados (os putos já não dizem desenhos animados, mas também não me lembro de como é que dizem, portanto, vai à antiga), vão mas é dar uma volta, que eu vou comer pipocas!!!! Se ao menos ainda me ensinassem mais coisas sobre o Natal, mas a maior parte deles acha que o Jesus veio directamente do Desportivo da Nazaré para o Sport Lisboa e Benfica! O meu pai diz que eles não estão imbuídos do verdadeiro espírito cristão, mas que é tudo boa rapaziada, só que beberam e fumaram coisas esquisitas quando eram novos, mas eu cá acho que o meu pai é mas é um granda dum papaóstias (apesar de não comungar na missa, o raio do velho, deve ser só pecados!!!).
Sendo assim, ensino-vos eu o que é NATAL,: Querem saber? Querem mesmo saber? É dar um grande pontapé no cú da Popota, que mais parece é um pote ambulante, o raio da badocha é mesmo irritante!!! Se querem ser cools, caguem na gorda e dêe-me mas é um Ipad que os meus pais é só “ah, e os subsídios, e a crise, e o Socrates (diz a minha mãe) e o Malandro do Cavaco (diz o meu pai) e eu o que sei é que nem uma Nintendo, nem psp, nem ipad, nem nada. São cá uns forretas, os velhos! Ups, o papaóstias e a macrobiótica estão a ler isto com cara de poucos amigos…Eu reformulo e ponha a coisa, como dizem os velhos, politicamente correcta: O Natal é saber olharmos para nós, saber olhar para o que nos rodeiam e não desejar ir para lá daquilo que os nossos sonhos conseguem alcançar….Não perceberam? Então vão pró ca…..Ó Pá, isto estava a correr tão bem…o meu pai já me deu uma estampilha e nem sequer escrevi a palavra toda!!!Isto é tão injusto!!!!
Bom, mas para acabar em beleza, pedi ao meu pai que trabalha lá na fábrica de chocolates (apesar da fábrica ser em Espanha e ele dizer todos os dias que vai para linda a velha, também nunca percebi essa) para vos dar uma prendinha que compense a minha ausência. Não são pipocas, mas também não é mau…
FELIZ NATAL PARA TODOS!!!!!!!!
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O genuíno desespero da saudade gritado por uma amiga perdida no facebook
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Mensagens natalícias das gentes dos Olivais - parte II
Da pena de um amigo brilhante e deliciosamente louco como só os génios incompreendidos o sabem ser, brotou este texto sobre o Natal dos Olivais. É um texto impenetrável para quem não viveu toda a infância e juventude nos Olivais. Ainda assim, apesar de ser um texto apenas para alguns, aguça o apetite para os insondáveis mistérios daquela freguesia mítica que é Santa Maria dos Olivais. Aqui fica.
“Cravados nas montanhas e isolados do betão, vive-se a Quadra em grande comunhão. A fraternidade há muito que derreteu o glaciar que esculpiu o Vale do Silêncio, reduto de Tágides e de indigentes que em tempos idos se deixaram sepultar. O coração da pátria estende as suas coronárias para o céu, choupos do tamanho de sequóias, “Excalibur’s” de que o Luís Maluco não se conseguiu a tempo socorrer. Mas do seu etéreo lugar magica com o Menino Jesus a protecção dos seus. – “Cuida do meu Pequeno Alberto e do Sr. Tubérculo”.
A Velha Albion, órfã do Rómulo de braguilha aberta seguirá o seu desígnio olímpico. Na terra onde o Homem-do-saco há muito que é temido pelo Pai Natal, este vai de porta-em-porta ofertando alegrias e um bolo-rei da Sorraia a todos os seus Olivalenses irmãos. “Reparei”, disse o Menino Jesus, “que ia o Pai Natal na rua a correr com um Jacó no saco a tremer, quanto mais o Pai Natal corria, mais o Jacó no saco tremia. Boas Festas!”
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Mensagens natalícias das gentes dos Olivais - parte I
Este foi o texto que escrevi para o almoço de Natal dos amigos dos Olivais. Foi um apanhado de intenções que aqui fui deixando pelo blog, um guia prático dificilmente exequível mas recheado de ambição - para sorrir e reflectir.
"Agora que se aproxima o fechar de portas de 2011 gostaria de vos deixar uma mensagem de esperança, quiçá 10 humildes mandamentos para uma vida melhor. Não é uma daquelas mensagens redondas e infestadas de generalidades bem intencionadas, mas um guia de tarefas concretas que me vieram à cabeça, sabe Deus porquê, e que se estivermos todos muito desesperados podem servir para alguma coisa. Nem que seja para fazer figura de urso. Vejamos então:
Manter os amigos de infância. São aqueles que escolhemos no mais puro estado de inocência. Podem ser uns filhos da mãe, desequilibrados, tarados, inúteis, chatos, salafrários, mas são os nossos amigos de infância.
Cuidar mais dos amigos da louca juventude. Ultrapassar as dificuldades da vida moderna (o trabalho, o colégio do puto, as compras, os fins de semana com a família, o cu que não se mexe do sofá) e ir beber uns canecos valentes com os amigos de outrora e de sempre. É verdade, as ressacas custam mais mas são os obstáculos que aguçam o engenho.
Ser fiel às raízes e aos usos que ajudaram a construir a reputação deste país. Isto significa ostracizar o seitan e os bifinhos de soja, e rendermo-nos, fiel e definitivamente, ao fumeiro tradicional e ao queijo da Serra e de Nisa. Faz mal? Pois faz, mas a vida são dois dias. E nunca ouvi dizer que alguém atingisse a imortalidade por se alambazar com paneleirices de tofu.
Fazer a vida mais negra aos inimigos que realmente o merecem e que sabemos nunca conseguiremos deixar de desprezar. O bom samaritanismo nunca levou ninguém a lado nenhum que não fosse o de receber uma facada nas costas.
Ganhar coragem e dizer às turbas de bombeiros que infestam os semáforos numa remelenta manhã de trabalho para terem vergonha na cara. Se possível, e conseguindo evitar uma lamentável cena de violência gratuita, acrescentar que merecem mais respeito os romenos que vendem o Borda D'água.
Dizer na cara dos críticos do Natal, dos presentes e do menino dinheiro que, ao assumirem essa digna posição, devem vomitar de nojo após abrirem os presentinhos da ordem depois da meia-noite. Deviam rasgar a peúga de boa lã e os boxers catitas, deviam despejar o perfume da moda pela sanita e gritar aos quatro ventos que são puros como a neve e que abominam as prendinhas de Natal! Já não vos posso ouvir, pelintras de merda.
Dizer mais o que nos vem à cabeça. Se nos vem à cabeça é porque deve sair cá para fora e não ficar lá às voltas até azedar. Confiar mais no instinto, abolir a excessiva reflexão.
Fugir às acções motivadas por simples obrigações sociais ou morais que contrariam a nossa vontade ou convicções. Sempre que agimos contra nós próprios estamos a afundar-nos em graus progressivos de infelicidade. Atenção, tudo com conta peso e medida. Infelizmente, não convém levar a coisa ao extremo e passar os dias na cama a faltar ao emprego ou nunca mais ir visitar a sogra ao Domingo.
Não sofrer demasiado. Lembrar que se este mundo fosse feito de gente sincera, em todas as nossas lápides deveria estar a seguinte mensagem para a posteridade: “Foram mais as que quis dar do que as que dei”.
Para terminar, o mais importante - Não fujas da vida. Se fugires, vive ao menos essa evasão! Ser felizes, porra! Só nós próprios, mais do que ninguém, sabemos o que é a nossa felicidade. Arriscar, não abdicar, abraçar a vida como a queremos viver. Bom 2012!"
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FESTAS FELIZES!!!!!!!
Nos Olivais o Natal é diferente. Nos Olivais o almoço de convívio natalício dos compinchas olivalenses dispensou as prendinhas, trocando-as por leituras de textos da autoria dos próprios. Não porque a crise flagelasse até aos ossos os remediados olivalenses, mas porque palavras precisam-se como pão para a boca. Nos próximos dias, deixarei aqui alguns dos textos que foram lidos pelos confrades olivalenses em mais um épico almoço pelos lados de Albarquel/Setúbal. Entretanto, desejo um Natal quente de afectos e recheado de petiscos a todas as minhas amigas, amigos e estimados visitantes e participantes do Bolas e Letras. Aproveitem para fazer uma pausa e pensar no que realmente vos faz felizes. Depois é só esperar uns dias e pôr em prática em 2012. Beijos e abraços, BOAS FESTAS!
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Sporting 3 - Marítimo 0
Um excelente Maítimo na primeira parte a querer afirmar-se como uma equipa de topo no futebol português. Maior competitividade precisa-se pelo que equipas mais fortes são bem vindas. Soçobrou o Marítimo perante uma enorme vontade do Sporting, acompanhada de um Carrilo que cresce todos os jogos, de um André Martins que parece jogar nesta equipa há anos, de um fantástico Insua em alta rotação e de um Wolfswinkel que voltou aos golos, demonstrando toda a sua personalidade com a insistência na marcação da segunda grande penalidade. Fica o jogo manchado por um relvado vergonhoso e indigno do Sporting, repetindo-se esta história incompreensível e despristigiante. É também nestes pequenos pormenores que se vêm os grandes clubes, vejam lá isso senhores dirigentes. Fora isso, estão todos de parabéns, agora é arrasar na meia final e festejar no Jamor. Força rapazes!