Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
As tendas dos cordeirinhos
Mega centro comercial, subúrbios de Lisboa, manhã solarenga e fria de mais um interminável dia da semana. Pequenos-almoços faustosos de remediados gulosos, a modorra de comer montras com os olhos desesperadamente em busca do miraculoso saldo do século. Foram também estas opulentas tendas do consumismo que nos trouxeram até onde estamos. Surge a desculpabilizante tentação de culpar governos e autarquias que promoveram este enxame de shoppings. Mais uma vez a culpa longe de nós. Mais uma vez somos os inocentes e impolutos cordeiros.
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A isto é que eu chamo uma bela ninhada
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Sporting 2 - Beira-mar 0; Gil Vicente 3 - Porto 1
Uma reunião familiar não permitiu uma visualização atenta do jogo do Sporting frente aos aveirenses. Salvou-se o convívio familiar, perderam-se 90 minutos de concentradíssimo sofrimento. Ainda assim, por entre a ingestão de calorias e a conversa em dia deu para perceber que Onyewu é hoje em dia um baluarte desta equipa, quer pelo seu poderio no jogo aéreo quer pela sua grande vontade em unir a equipa e trazê-la de volta às vitórias. Pouco mais a destacar na equipa, mas como bem disse Domingos não é possível passar do miserável 8 para o excepcional 80. Vamos com calma como sempre deveríamos ter ido quando nos propusémos a construir uma equipa quase de raíz, que pode ser que lá cheguemos.
Em Barcelos o Porto pouco mais fez do que confirmar que a equipa tripeira sem Hulk é banal, falha de imaginação e de poder de explosão, enfim, uma pálida imagem de uma equipa que defende o título de campeão. Lembrar que há uns meses Kléber foi chamado para representar a seleccção brasileira é lembrar que no futebol há razões que a razão dsconhece. O brasileiro foi uma nulidade, a defesa foi patética a espaços, o meio campo sem pinga de criatividade. Danilo, um reforço de milhões não parece vir a ser o desiquilibrador que devolva o fôlego aos portistas, Moutinho não põe a habitual alegria no jogo, Defour e Mangala serão certamente mais lembrados pelos euros que os belgas reclamam a Pinto da Costa do que pela qualdiade futebolística. A teimosia do presidente já deu muitas vitórias ao clube, mas neste momento parece que essa mesma teimosia apenas resultará na triste continuidade de um treinador medíocre.
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Norma ISO 900678 para o transporte de crianças
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Feirense 1 - Benfica 2
Ao contrário do que a fotografia parece indiciar, hoje o Feirense não jogou com o autocarro em frente da sua baliza. Antes pelo contrário.
Visto o jogo do benfica fica, para além da desilusão por não ver os vermelhuscos perder pontos, um travo amargo pela derrota de uma equipa solidária, aguerrida, organizada e bem oleada como foi o Feirense. A certa altura convém olhar uns anos para trás e reconhecer que a melhoria na qualidade do futebol praticado pelas equipas habitualmente abaixo da primeira metade da tabela, tem sido um forte impulso para uma maior competitividade no nosso campeonato. Ainda assim, parece que as equipas grandes do nosso campeonato pouco ligam aos bons jogadores dessas equipas ditas pequenas. Se calhar porque os euros ganhos na intermediação desses jogadores dão menos lucros a diversos agentes desportivos, se calhar porque dá menos sainete ir buscar um prometedor jogador a uma dessas equipas do que uma pérola preciosa sul-americana por burilar.
No Benfica a pérola é cada vez mais Rodrigo, que hoje parecia carregar com a equipa às costas da sua classe. De resto, a sempre atractiva arte de Aimar entrava cada vez mais no seu menor fulgor físico, sendo o argentino compensado no meio terreno pelo completíssimo Witsel. Lá atrás cumprem-se os mínimos, percebendo-se alguns problemas face a velocidades aceleradas e face a um Emerson sempre na corda bamba. Depois é Cardoso e a sua eficácia e um árbitro que nunca erra contra o Benfica (o penaltie da vitória é claro, sem dúvida, mas já vi esta época penalties ainda mais claros serem escamoteados ao Sporting ou a adversários do Benfica). Enfim, ou o Feirense fez de facto um óptimo jogo ou o Benfica acusou alguma falta de vitalidade. Esperemos que a segunda hipótese se confirme nos jogos vindouros.
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O Futre ao pé disto é um menino de coro...
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Holiday, Billie Holiday
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Reflexões em verde pálido para vermelhuscos excitadinhos
Farto da torrente de e-mails de amigos vermelhuscos que se regozijavam com as desgraças leoninas, respondi com a mensagem infra a um dos excitadinhos. Parece-me um resumo fidedigno para uma época que ameaça terminar mal, mas com uma luzinha ao fundo do túnel.
Amigo,
Não costumo discutir problemas do meu clube com lampiões facciosos, mas vou dar-te uma ajudinha:
- Há um ano jogávamos um futebol de merda e arriscávamo-nos a bater no fundo, bem no fundo;
- Este ano comprámos um punhado de bons jogadores, o treinador conseguiu a certa altura pôr a equipa a carburar apesar da juventude e dos poucos meses de futebol em conjunto;
- Os idiotas dos nossos dirigentes em vez de dizerem que estávamos no bom caminho e que esta era uma equipa para ganhar no futuro, embandeiraram em arco, puseram os sócios a exigir mundos e fundos e colocaram um peso excessivo sobre uma equipa em construção;
- O Domingos nunca conseguiu resolver o problema da lesão do Rinaudo, um trinco todo o terreno e que joga com a cabeça levantada, que motivava os miúdos pela forma como enfrentava o jogo;
- Falta-nos um central rápido e de qualidade para jogar ao lado do capitão América;
- O $#&$%& do João Pereira já devia ter sido corrido há muito tempo - falta-nos assim uma defesa coesa e que inspire confiança ao resto da equipa;
- Houve jogos em que estivemos mal mas que podíamos ainda assim ter ganho, caso os árbitros não tivessem outras preferências clubísticas ou não devessem obediência ao papa do norte ou ao ladrão de pneus.
Ainda assim, regressado o Rinaudo e o Wolfswinkel (agora também o Schaars), recuperado o Jeffren e outros que tais, acredito que esta seja uma equipa de futuro. Enquanto isso, divirtam-se a mandar postas de pescada, a produzir campeões sul-americanos e espanhóis, que nós cá nos entendemos.
Um abraço amigo
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Tá tudo surdo!
"And those who were seen dancing were thought to be insane by those who could not hear the music."
―Friedrich Nietzsche
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Barcelona 2 - Real Madrid 2
Mourinho olhou para trás e percebeu que não podia ficar com o rótulo de medroso sempre que enfrenta o Barcelona. Encheu o peito, colocou em campo uma equipa ofensiva e viu a sua equipa desperdiçar alguns golos feitos na primeira parte. O Barça respondeu com uma mistura cruel de sorte e genialidade, fechando a primeira parte com dois golos. O Real resistiu à adversidade e à má sorte, Mourinho mexeu na equipa com um toque de génio. Cristiano reduziu, Benzema empatou e o milagre esteve à distância de um punhado de sorte. Mourinho terá percebido que contra o Barça dificilmente não sofrerá golos, pelo que mais vale entrar com uma equipa menos coesa defensivamente mas mais capaz de fabricar golos.
A arma contra os catalães não é tentar evitar golos mas sim procurar marcar-lhes mais golos do que os que inevitavelmente se sofrerão. Com esta ideia e estes jogadores Mourinho pode ainda vencer o campeonato e a liga dos campeões a este Barça. A cara assustada de Guardiola nos últimos minutos é a prova inequívoca de que Mourinho está mais próximo do antídoto anti-Barça. E assim vamos assistindo aos melhores jogos de futebol de todos os tempos, provavelmente entre as duas melhores equipas de sempre, provavelmente lideradas pelos dois melhores treinadores destas coisas da bola.