Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
4
4 anos de ti, meu pequeno Miguel. 4 anos de sorrisos abertos, de gargalhadas contagiantes e puras, de fitas próprias da tua condição de criança que estranha as regras e as frustrações que o meio ambiente nos impõe. 4 anos de aprendizagem, dos primeiros passos, das primeiras corridas, a primeira cambalhota, o primeiro mergulho após venceres o receio da água, 4 anos em que devoraste o mundo e em que, apesar de algumas naturais indigestões, te sentaste no topo dele, contemplando-o e absorvendo tudo o que de belo nele vislumbraste. 4 anos em que viste chegar o teu mano, em que tal como a coca-cola primeiro estranhaste e depois entranhaste, mais uma vitória em que assimilaste que isso de ter um irmão, de ter de partilhar os pais e meia vida com ele afinal é uma alegria pegada. 4 anos em que me fizeste mais rico, em que me semeaste sorrisos e orgulho na vida, em que me fizeste reaprender a pureza do amor. Parabéns Miguel, sempre juntos!
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O segredo
O segredo da vida eterna está todo aqui. Porque só se vive enquanto a capacidade de rir e de nos alegrarmos connosco ou com as coisas do mundo forem por nós alimentadas. As dores, as rugas, o filha da mãe do reumático nada podem contra a estridência da nossa gargalhada, contra a nossa indómita vontade de sermos felizes. Se não sempre, pelo menos numas loucas golfadas cheias de vida que nos vão temperando os dias.
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Tempos houve em que não gostava de boxe (a canícula do Verão está impossível...)
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"Correcções" - A eterna busca do inacessível
"E ainda por cima ele tem razão, pensa que a nossa cultura atribui excessiva importância a sentimentos, que está descontrolada, que não são os computadores que estão a tornar tudo virtual, mas sim a saúde mental. Ele diz que toda a gente anda a tentar corrigir os seus pensamentos, e melhorar os seus sentimentos, e aperfeiçoar as suas capacidades de relacionamento e parentais em vez de se limitar a casar e criar filhos como dantes se fazia. Batemos com a cabeça no nível de abstracção seguinte porque temos tempo e dinheiro de mais."
Parecerá obviamente desumano afirmar que atribuímos demasiada relevância aos sentimentos. Já será menos contestado o facto de demasiada gente andar estranhamente preocupada com o que pensa, com o que os outros pensam sobre os seus pensamentos, com a forma como se ama ou se devia amar. Na sociedade perfeccionista em que nos deixámos enredar vemo-nos como um objeto permanente de um movimento circular de eterna correcção, porque nunca nos reconheceremos como seres plenamente conseguidos. Algo sempre falhará nesta utópica procura do homem e da mulher perfeitos. Se antes todo o tempo era consumido na interminável luta para pôr pão e leite na mesa, hoje “batemos com a cabeça no nível de abstracção seguinte porque temos tempo e dinheiro de mais”. As simple as that.
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À atenção dos caçadores furtivos
Ao contrário do interessante cartaz publicitário que encima este post, não me apetece nada que o leão venha a ser objecto de caça nos tempos que se avizinham. Isto a propósito da esclarecedora, contudo aterradora entrevista televisiva ontem dada por Bruno de Carvalho. Custa perceber que a última Direcção(ões) que passaram pelo sporting se aprimoraram em minar qualquer equilíbrio financeiro futuro, em impossibilitar a prática de uma gestão por objectivos/resultados, tudo espelhado nos ordenados injustificáveis que se contratualizaram com alguns jogadores banais e com outros funcionários sem história, conduziu o clube a um ponto em que é alvo de todos. Dos empresários dos jogadores, dos empresários aos serviços dos clubes que nos querem comprar os jogadores, dos bancos, dos fundos, do diabo a sete! A calma com que Bruno de Carvalho apresentou este cenário catastrófico foi o que mais me impressionou: quero acreditar (e acredito!) que essa postura de homem sem medo é a postura de alguém que não tem medo dos caçadores furtivos, de alguém que acredita que está a encontrar as melhores soluções para problemas complicadíssimos, de alguém que não vai vender nem o clube nem os jogadores a preço de saldo, de alguém que não vacila à primeira, segunda, ou enésima dificuldade. Este presidente está lá para dar luta a todos porque os verdadeiros sportinguistas não sabem desistir! É bom que todos os sportinguistas entendam que estes vão ser tempos difíceis, que cerrem fileiras em torno de um líder e de uma estratégia que é, face ao grau de merda do que foi feito no passado recente, a única possível. Os títulos não irão surgir nos próximos anos, mas pode ser que o nosso clube ressurja. E face ao que hoje temos isso já é muito. Força Bruno!
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A Kate Upton, sempre simpática e prestável, lembrando-nos que está a chegar o tempo das cerejas
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Campeões de futsal no galinheiro!
Em tempos de acalmia desportiva e de reconstrução do clube, sobretudo em termos económico-financeiros, tenho falado pouco do meu Sporting. Hoje, com a magnífica conquista de mais um campeonato de futsal, não podia deixar de vir aqui realçar o feito e de dar os parabéns aos jogadores e equipa técnica, com particular destaque para esse fantástico guarda-redes e enorme sportinguista que é João Benedito. Aproveito também para me regozijar por mais uma grande demonstração de amor pelo Sporting que hoje deu o presidente Bruno de Carvalho, a torcer, a sofrer e a vibrar no galinheiro dos cabeçudos, no meio do seu povo, no meio dos sportinguistas. Não sei se as reformas de Bruno de Carvalho vão devolver o meu Sporting aos caminhos do equilíbrio financeiro ou do sucesso desportivo, sei apenas que ele é genuinamente um dos nossos. Basta isso para estar com ele, força Bruno coração de leão!
P.s. – As declarações pós jogo dos treinadores do Sporting e do Benfica dizem tudo sobre duas formas antagónicas de estar no desporto. O primeiro regozijou-se pela vitória mas deu os parabéns ao Benfica por ter valorizado a conquista leonina, o segundo desculpou-se com moinhos de ventos, nebulosas arbitragens, procurou apoucar o Sporting olvidando quaisquer culpas próprias da equipa vermelhusca que estiveram bem visíveis. Também aqui somos diferentes, muito diferentes.
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Cabecinhas pensadoras e a tragédia do crescimento
É dos mistérios mais insondáveis e belos de assistir, o das crianças com aquele olhar de quem bebe toda a fonte do conhecimento, processam a informação e, naquelas cabecinhas maravilhosas, transformam um interminável volume de dados vivos em algo útil para o momento a seguir. As informações recebidas não visam sustentar análises meteorológicas aprofundadas ou teses sobre a condição humana, mas são para resolver logo ali, para tirar conclusões imediatas e se necessário precipitadas, para inquirir o ser vivo mais próximo sobre a causa das coisas, para pôr um ponto final nas dúvidas metafísicas com que o malvado mundo as confronta. Nas crianças, perante o desconhecido, nunca se detecta medo ou repulsa, apenas surpresa ou encanto. O momento em que essa reacção perante o desconhecido esmorece e caminha para os nebulosos receios da existência, é o momento em que lentamente perdemos a criança que havia em nós. Tragicamente, crescer deve ser parecido com isso.
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Os inesquecíveis anos 60, segundo Claudia Cardinale e Anita Ekberg
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Prazeres obrigatórios em tempos de baú vazio
Será que existe o conceito de prazeres obrigatórios? Poderá um prazer ter carácter compulsivo, não será a obrigação de algo fazer contrária à pureza do que deveria significar o prazer, sentir prazer, experimentar o seu êxtase? E porquê isto agora? Simples, porque o prazer que me dá escrever este blog tornou-se também numa obrigação quase diária, digamos que o meu prazer me escravizou ao prazer de todos os dias publicar algo aqui na minha tasca, tornando este exercício de liberdade num acto obrigatório. Mais uma vez confirma-se que nada é branco ou preto, tudo é cinzento, tudo se intersecta, até as mais afastadas linhas de fronteira. Esta reflexão imediata é importante e revela à saciedade que chegou um daqueles dias em que não há tempo para se pensar sobre o que se escreve e se vai escrevendo ao sabor da pena. O tempo para ir alimentando o arquivo para futuras publicações é tão pouco que tenho o baú vazio. Resta-me encontrar tempo para encher o baú com o meu prazer, tenho que me obrigar a isso. Mas não pensem que estou sozinho. Há homens que adoram sexo e que se queixam que as namoradas/mulheres só pensam nisso, tornando o acto de amor e prazer quase uma obrigação diária (também deverá haver mulheres que se queixam do mesmo, mas as dúvidas de que adorem tanto o sexo como os homens estão ainda por esclarecer). Há jogadores de futebol que adoram a sua profissão, mas esta, por inerência, torna o acto de chutar uma bola muitas vezes uma obrigação. Sem nada no baú e já tantas palavras gastas. Num exercício de libertário prazer cumpri a “obrigação” diária, not bad.