Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Sporting 3 - Estoril 3 / Sporting 3 - Penarol 3 (os 2 jogos ganhos nas grandes penalidades)
Os miúdos pareciam não aguentar o absurdo de terem de jogar 24 h depois da vitória contra o Benfica, deixando-se enredar na maior experiência e ratice do Estoril (bela equipa, excelente treinador). Mas não é que a garra nunca faltou, a crença sobrou e demos a volta a um resultado de 3-1, vencendo nos penalties? E como somos grandes, diferentes, omnipresentes, multiculturais e encontramos sempre forma de transformar a glória em mais glória ainda, ao mesmo tempo, por terras canadianas esmagávamos o Penarol com a outra parte da equipa. Sporting, sempre a conquistar mundos ao mundo!
Autoria e outros dados (tags, etc)
Sporting 2 - Benfica 1
Digam o que disserem a Academia do Sporting é um viveiro de pérolas. Do outro lado, Jorge Jesus naquele seu jeito manhoso de quem quer fazer crer “esta taça não me interessa nada, mas deixa-me lá meter o Rodrigo, o Ola John, o André Gomes, o Urreta e o Jardel que deve chegar para mamar a taça aos putos de Alcochete”. Mais uma vez a esperteza saloia fez com que o tiro lhe saísse pela culatra. Viva o Sporting dos pequeninos, habituem-se vermelhuscos!
p.s. 1 – João Mário (inteligência, técnica, visão de jogo) e Esgaio (raça, velocidade, rigor táctico e elevada rotação) são para a equipa principal de olhos fechados, mister Jardim.
p.s. 2 – Jeffren, o embuste do século made by Barcelona.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Modesto contributo fotográfico para o estudo sobre a impossibilidade de não amar "Long beach"
Autoria e outros dados (tags, etc)
Siilllyyyy season is back!
É oficial, a silly season chegou ao Bolas e Letras! Chegou não por vontade própria, mas porque me sentia só e abandonado nesta loucura de perorar sobre assuntos supostamente sérios, sobre os males da nação e do mundo. Não vou ainda de férias mas não suporto mais a corda da parvoíce da época em torno do meu pescoço, eu a debater-me para me libertar, a falta de ar a tolher-me o pensamento! Vinde a nós fotografias de moçoilas de porte generoso, de cabelos de oiro, de tez absurdamente bronzeada e olhos eslavos! Vinde a nós piadas secas e boçais, vinde a nós fotografias de locais paradisíacos que nos fazem suspirar de inveja, vinde a nós dramas do defeso futebolístico! É oficial, o calor derreteu o cérebro por trás do Bolas e Letras, é assumida a rendição à leveza dos dias que se vivem. Deixo de remar contra a maré, entrego-me à saudável loucura de se ser mais estúpido do que realmente se é. Até já!
Autoria e outros dados (tags, etc)
América - o fim do sonho?
Um funcionário que põe a nu todo um plano maquiavélico de espionagem bigbrotheriana sobre cidadãos, países, governantes amigos ou inimigos. O retorno da sempre presente ameaça de conflitos raciais porque um “vigilante” branco, sob a capa da defesa da segurança do bairro e da “gente de bem” matou um jovem negro que preenchia o perfil de criminoso, mesmo que nada de criminoso tivesse feito. As armas sempre à mão, as armas que se vendem no Kit Market lá do burgo a qualquer cidadão “normal” que de um momento para o outro carrega no gatilho, ou porque viu uma sombra, ou porque não gosta dos colegas da escola ou porque afinal é maluco dos cornos e isso não estava inscrito nos “registos administrativos”. Um país sentado sobre um barril de pólvora de nacionalidades, tensões étnicas e brincadeiras perigosas de gangues. O país que elegeu um presidente negro não deixou de ser profundamente racista. Este país é demasiado perigoso para servir de leme à evolução civilizacional que supostamente deveria ocorrer de tempos a tempos. Este país precisa de parar para olhar para si, talvez colocar a hipótese de repensar-se, este país tem de parar de correr e fazer uma pausa para balanço.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Para quê tanto pão?
Saí hoje pela primeira vez na estação de metro de Moscavide. Para quem viveu toda a vida nos Olivais e sempre olhou para a vizinha localidade de Moscavide como o sítio mais desengraçado que o engenho humano produziu, espanta bastante ver ali desabrochar uma faustosa estação de metropolitano. Esse espanto só é suplantado pela experiência vivida há uns tempos atrás de entrar às 10 h da noite na estação de metro da também vizinha e mais formosa localidade da Encarnação, sozinho e abandonado, pois mais nenhum mortal decidiu ocupar o seu tempo por aqueles habitáculos subterrâneos inóspitos. A fotografia acima tirei-a esta manhã, umas dezenas de metros após emergir da estação de Moscavide e poderá inspirar uma bela metáfora para o estado da Nação ou, melhor, para uma das muitas causas do estado da Nação. De facto, todas estas grandes obras e esta singela imagem inspiram-me duas perguntas para as quais não creio existirem respostas plausíveis, lógicas, racionais: Para quê tanta linha para tão poucos passageiros e comboios? Que é como dizer o que sabiamente questiona o povo: para quê tanto pão para tão pouco vinho?
Autoria e outros dados (tags, etc)
Para se comer bolinhos
O que falta a quem nos governa, aos nossos “decisores poíticos” (sim, entre aspas, não, não vou explicar) é muito isto – visão de helicóptero, vista panorâmica, capacidade de apreender toda a vastidão dos nossos problemas e fragilidades, as suas causas directas e indirectas, encontrar soluções para as quais se consigam antecipar os efeitos dessas mesmas soluções. Em suma, as parcelas aparentemente desconexas do problema só farão sentido se o decisor tiver a aptidão de lhes encontrar um fio condutor, uma(s)causa(s) comum, a solução só será efectivamente útil se as consequências que dela advenham nos coloquem em situação melhor. Mas para isso, para ver por cima da espuma dos dias, é preciso vida, experiência, ter andado a “bater punho” (para alguma coisa havia de servir o debilóide que tornou famosa esta expressão) de cima a baixo da cadeia profissional de várias áreas, é preciso ter um currículo vasto e à prova de bala. Para se comer bolinhos são precisos bracinhos, caso contrário andamos às cabeçadas na farinha. As simple as that.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Be cool, pessoal
É Verão, o calor desperta e a sede por bebidas geladas e pela prática de deliciosas asneiras aperta. Pouca gente visita esta tasca porque a inclemente canícula obriga a outras paragens, inclusive a paragens cerebrais e nos elaborados raciocínios analíticos que a permanência neste tabernáculo por mais de 5 minutos obriga (sim, porque os meus posts são profundos, complexos e apenas se encontram ao alcance das mentes mais esclarecidas). Devíamos todos passar o dia deitados, como a simpática e agradável moça que ilustra este post, simplesmente aguardando que mão amiga ou amada chegasse perto de nós uma boa dose de álcool, sabiamente diluída numa perfeita proporção de gelo e de sol. Devíamos dar cor à pele e corda aos sapatos, ir para onde os mails não nos cheguem, para paraísos onde a rede de telemóvel se dissolva no poder do dolce fare niente. Mas não, os mails idiotas de gente ressabiada que não vai, ainda não foi, ou a ir de férias tem consciência que terá umas férias de merda, os mails dessa turba raivosa continuam a massacrar-me os dias, os dias de um humilde servidor público que pacientemente aguarda as suas merecidas férias, que espero resplandecentes e longe, bem longe de tanta gente que martela as teclas com a fúria de quem acredita piamente que do lado do destinatário está um inimigo a abater. Pessoal, vamos a ter calma, a vida é bela, quase sempre somos nós que damos cabo dela.
Autoria e outros dados (tags, etc)
O eterno retorno
Não conheço as raízes ou o autor desta fotografia, mas se tivesse que lhe dar um título seria algo do género “O eterno retorno”. Se o futuro é sempre incerto - por mais que procuremos uma estrada limpa de obstáculos o destino será sempre duvidoso, em menor ou maior grau - o passado está sempre presente, constante, imutável, colado à pele como uma sanguessuga que nos suga a vida já vivida, que nos impede de sermos quem queremos se esse alguém pretender desmentir o passado. Por mais que corramos voltaremos sempre ao mesmo lugar onde já fomos felizes ou miseráveis. O eterno retorno do passado que não nos larga.