Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Enquanto isso, no Parlamento russo...
Apetecia-me escrever sobre o estado da Nação mas o bom senso, a decência e o facto de não gostar de chover no molhado impedem-me de gastar mais alguns chavões incrédulos e pré-revolucionários. É certo que nem tudo é fastio, nem todas as historietas são cinzentas e aborrecidas, basta recordar as últimas tropelias de banqueiros com estratagemas de larápios e com conceitos de ética profissional semelhantes aos que o Mozer e o Fernando Couto punham em campo quando por lá se cruzavam. Podia estar aqui horas, dias, até mesmo anos a perorar sobre as alarvidades que se dizem, se fazem e se omitem na nobre arte de administrar a coisa pública, mas hoje é sexta-feira e nem eu nem vocês merecemos esse exercício de flagelação própria e alheia. Aliás, se todos focássemos as nossas preocupações no que realmente interessa, teríamos uma postura perante a política, a alta finança e os altos desígnios da nação ao nível do comportamento dos deputados do Parlamento russo, que colocam num altar a harmonia das relações parlamentares em detrimento da chicana política.
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Portugal, a flor e a foice - da emigração lusitana
“De um ponto de vista social, a emigração portuguesa constitui a manifestação de uma forma de escravidão que subsiste ainda hoje. De um ponto de vista ético, a emigração portuguesa significa a negação constante do direito mais elementar da pessoa: o direito à vida no próprio país. De um ponto de vista político, a emigração portuguesa supõe a renúncia à revolta”.
Esta análise de J. Rentes de Carvalho sobre o fenómeno da emigração está naturalmente desatualizada face à realidade atual. Se este movimento persiste nos dias de hoje, se ganhou novo impulso com a merda da crise e respetivas consequências troikianas, o que hoje nos deve preocupar não é apenas a saída das pessoas em si mas, sobretudo, que hoje estejamos a perder aqueles em quem investimos tanto, os melhores, o fruto do esforço que o país fez para formar os nossos filhos. Já não são apenas as mãos que seguram as enxadas ou que cimentam os tijolos que saem do país, são agora também os cérebros, as ideias e a vontade de inovar que nos esvaziam o futuro a cada quilómetro que se afastam, a cada dia que estão longe de nós. São escravos os meus amigos que me deixam mais só e menos rico (de espírito, entenda-se, que essa malta nem uma imperial pagava) neste país cada vez mais envelhecido? Não, não o serão, acho que neste ponto Rentes de Carvalho privilegiou a literatura face à realidade das coisas. Serão eles vítimas da negação do direito elementar a viver no seu país? Em parte sim, porque a busca de melhores condições profissionais que de alguma forma aqui lhes são negadas ou dificultadas os forçaram a procurar novos rumos. E do ponto de vista político, será justo dizer que renunciaram à revolta? Aqui tendo a concordar com o autor, talvez pudessem ter contribuído um pouco mais, insistido mais uns pozinhos para mudar por dentro o país que os forçou a partir. Não é uma crítica, meus amigos, é um apelo para que não desistam da ideia de voltar e de juntos mudarmos esta bandalheira. Um abraço com saudades vossas.
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Trabalhar p´ró bronze - Da fuga desesperada do lodo
Na minha terra diz-se que um tipo “está no lodo” quando não sabe para onde se virar. Ora, isso dá para tudo. O desgraçado em causa pode estar cheio de trabalho, inundado de solicitações de todo o lado para as quais não tem tempo nem resposta ou até, imagine-se, pode viver o difícil momento de ser assediado em simultâneo por diversas ninfas insaciáveis. Como a minha condição de bom e comprometido rapaz não me permite qualificar para o último estado (não fora isso e ai que nem vos conto), é oficial: estou no lodo. Os mails carregam sem cessar, as obrigações pessoais e profissionais ultrapassaram a velocidade do milagre da multiplicação dos pães. Como tal, pausa para respirar e toca a trabalhar p´ró bronze!
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Percorrendo os teatros de vários sonhos
Um domingo um bocado de molho permitiu-me prolongar a maratona de bola iniciada com o Real Madrid vs Barcelona. Com o pequeno Miguel a acompanhar-me em parte do derby espanhol (em parte, porque faz sempre umas pausas para chutar umas bolas, arreliar o irmão, etc.), do Manchester vs Chelsea, do Sporting vs Marítimo e do Braga vs Benfica, retirámos as seguintes conclusões:
- O Real é hoje por hoje a melhor equipa do mundo, com uma defesa já perto do muito segura, um meio campo perfeito (Modric e Kroos, que sonho) e um ataque demolidor, permitindo perceber por onde se vai rompendo a manta que o Barcelona vai tentando esticar. Há Messi (menos do que antes), Xavi (uma sombra do passado) e Iniesta (a deixar de ser extraordinário para passar a ser apenas muito bom), mas tudo isso já não chega para os extraterrestres de Madrid.
- Mourinho vai fazendo uma equipa à sua imagem, sólida, mecanizada, assassina no contra ataque e na eficácia nas suas acções, apoiando-se no futuro melhor jogador do mundo, após a reforma de CR7 e o confirmar da decadência de Messi – sim, falo de Eden Hazard. Ah, o Courtois, esse gigante que tudo faz parecer fácil, é já o melhor guarda-redes do mundo.
- Em Alvalade continuamos a assistir ao passeio da classe de um insaciável Nani, ao crescer de um extraordinário médio (João Mário) e à progressiva ressurreição de Freddy Montero. Cédric cresce todos os jogos, Jonathan confirma que apesar da qualidade ainda é um miúdo que está a aprender com os erros e Paulo Oliveira vai trabalhando para nos fazer acreditar num futuro mais seguro no centro da defesa.
- Em Braga confirmou-se que afinal Jorge Jesus devia ter poupado ainda um pouco mais a equipa nas jornadas da Champions. O Braga quis mais, correu mais, acreditou mais. Pedro Tiba é um fantástico médio, ainda mais quando pela frente tem um Enzo que só sonha em ir beber um scotch com o Peter Lim. Bom fim de semana desportivo, voltemos ao chá com mel.
p.s. – A ilustrar o post, Ryan Giggs a marcar um campo em Old Trafford, o teatro dos sonhos. O futebol é tão bonito.
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Ainda a vergonha de Gelsenkirchen
O que andamos a fazer com a verdade dos mercados, com o espírito dos valores desportivos, com a regra sagrada de que deve ser, tirando as irónicas traições da sorte e do destino, quem melhor joga a vencer os duelos futebolísticos? Acreditam os abutres da verdade que somos tão tolos ou moles que assistiremos, impávidos e serenos, à destruição do desporto rei? Não, estamos atentos e combateremos estes senhores da mentira manchada pelo petróleo e o vil metal. Fiquem com esta lição sobre história e distorções do mercado e percebam porque o Sporting nunca poderia vencer:
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Por manifesta falta de tempo, aqui fica a Naomi Campbell em 2005 - e não fica nada mal
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Schalke Gazprom 4 - Sporting 3
Ser do Sporting é sofrer que nem um cão e nunca desistir, é ver o Slimani lesionar-se, o Maurício ser expulso e o Rui Patrício conceder um golo fácil, tudo num curto espaço de tempo e, ainda assim, acreditar. Depois do 3-1 eu acreditava, porque a equipa mostrava personalidade, alma, qualidade e muita raça. Fazemos o 3-3 e eis que, a minuto e meio do fim, um árbitro russo, provavelmente embalado pelo facto da Gazprom ser o principal patrocinador do Schalke 04, marca um penalty porque uma bola bateu na cabeça do Jonathan, cabeça essa que o árbitro fez tudo por acreditar que era um braço. Há muitos anos que não assistia a uma roubalheira tão escandalosa num campo de futebol. Grande Sporting, grande alma leonina, isso nenhum filho da mãe vestido de preto nos rouba!
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Back to basics
Num momento de dolce fare niente (os escassos minutos de sossego após encher a pança dos dois piratinhas cá de casa e de os convencer a fechar os olhos por umas santas horas), deixo que a nostalgia conduza à releitura de alguns posts distantes que por este cantinho fui plantando. Facilmente concluo que os melhores nasceram da arte de devorar bons livros e da inspiração com que os mesmos me brindaram. Tenho lido pouco nos últimos tempos, dedicado os escassos tempos livres a leituras demasiado sérias, às crises sistémicas, às epidemias físicas, sociais e morais dos tempos modernos, esquecendo os benefícios dos escritos que brotam da luz dos artistas das letras e do pensamento. Não estamos ainda naquela época em que se equacionam e prometem mudanças de vida e de rumo, mas hoje, reconhecido pelo que os livros me deram e inspiraram, sou capaz de jurar que aos livros sofregamente voltarei. Haja tempo, forças e sede de beleza.
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Porto 1 - Sporting 3
Tinha prometido descansar até do blog mas as alegrias do meu Sporting servem também para quebrar regras tolas. Escrever aqui que o Marco Silva ainda vai ser mais special que o Mourinho, que o Nani ainda vai a tempo de ofuscar o CR7 ou que ao pé do William Carvalho o Kroos e o Pirlo são dois jogadores banais vale por todo o descanso do mundo. Não consigo carregar fotografias para o Bolas via smartphone mas isso não interessa nada, o que é isso ao pé do facto do Sporting ter mostrado a sua garra em grande estilo, de ter gritado o terceiro golo a alta voz abraçado ao meu primogénito e a uma mini, it can't get much better than this! Obrigado Bruno, obrigado Marco, obrigado rapazes, leões do meu coração!
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Até já
Pausa para descanso, para fora cá dentro, disfrutar do sol algarvio. Have fun que eu também, beijos e abraços! Ah, e que amanhã ganhe a melhor equipa que tiver um leão ao peito!;-)