Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Entre a nobre arte da sedução e as dúvidas helénicas - algures por aí estará a resposta
Ontem, uma colega minha que sempre tive por relativamente discreta, séria, e pouco dada a manifestações públicas de preferências amorosas, rasgou as vestes do seu estado de respeitosa quarentona divorciada e declarou, a mim e a outra colega, a sua mais recente paixão, bem espelhada no êxtase com que todas as manhãs acompanha as mais recentes manobras de sedução internacional de Yanis Varoufakis, o novel e nada politicamente correcto ministro das Finanças grego. Ainda recupero do momento em que o rubor invadiu a face desta vítima da loucura à primeira vista e proclamou: “Por mim pagava os impostos que ele quisesse, onde ele quisesse, na posição que ele quisesse”. Especialista na oculta ciência económica da “teoria dos jogos”, ofício que na minha ignorância associo à arte de elaborar estratégias complexas que conduzam ao sucesso dos nossos objectivos mais ocultos, esta nova estrela do firmamento político europeu tem sabido ser um sedutor nato. Se primeiro convenceu, juntamente com o primeiro-ministro Alexis Tsipras (outro artista da sedução), os seus eleitores a concederem-lhes o poder em troca do paraíso, do rasgar de incómodos e dispendiosos compromissos que soçobrariam diante das suas eloquentes e brilhantes propostas para toda uma nova forma de fazer girar as envelhecidas e ferrugentas rodas da economia europeia, quiçá mundial, por outro lado, Varoufakis, nessa ronda de visitas aos seus financiadores e parceiros europeus tem sabido recuar convenientemente, naquele jeito de quem recua para ganhar mais balanço. Para dentro um discurso, para fora fala em acabar com o problema endémico de comandar uma Grécia afogada na corrupção e noutros pecados que tais, declarando humildemente que é ministro de um país falido. Se as suas sedutoras teorias encantam alguns, sobretudo aqueles e aquelas que não resistem ao namorico entre a fria e aborrecida realidade dos números e os gestos e as palavras grandiloquentes, haverá que não esquecer que, do outro lado, estão instituições, países e organizações internacionais sustentadas e constituídas por gente eleita pelos chamados partidos moderados do centrão. Será que as recém-empossadas estrelas gregas acreditam realmente que o sucesso de um partido de esquerda radical no governo é um desejo profundo dessas instituições, organizações e partidos? Não percebem que esse sucesso equivaleria aos donos do poder abrirem, de par em par, as portas do poder a esses pequenos partidos radicais? Não perceberam os claros sinais de ontem do BCE? Ou será que essa suposta ingenuidade faz parte do jogo?
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Depois de casa arrombada, trancas à porta
Devíamos orientar todas as nossas condutas pelo apego fiel às lições de vida que nos transmitem essas pepitas de sabedoria que são os ditados populares. Séculos de conhecimento, bons e infalíveis conselhos burilados por cada geração por que passam não deviam ser encarados de ânimo leve. Evitava-se uma data de chatices se ouvíssemos mais o povo, mas o verdadeiro povo, não aquele que entope as estradas deste país, que passa a vida a queixar-se e a participar em manifestações estéreis. O verdadeiro e sábio povo está, o que resta dele, nos campos, na faina do mar, nas poucas aldeias que resistem a esta estúpida modernização, esta evolução que nos afasta das raízes. É também por isso que somos cada vez menos sábios, que insistimos nos mesmos erros, que proferimos frases insensatas, que assassinamos sem dó nem piedade as palavras que os ditados populares tanto acarinham. Devíamos ter juízo, basicamente.
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Do aperfeiçoamento genético das zebras e afins
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Arouca 1 - Sporting 3
Há dias em que me orgulho que nem um pai babado dos meus jovens leões. A perder num dos jogos mais importantes da época, recusaram-se a tremer ou a maldizer o destino e foram para cima do adversário, com garra, ambição, com uma insaciável sede de vitória. William com o meio campo às costas, Mané a dizer não ao estigma Djaló e a dar dois golos e muito mais, os nossos jovens centrais a clamarem bem alto que experiência não é tudo quando a qualidade é muita e, mais do que todos, Adrien a encher o campo, a dar tudo, a chegar a todo o lado, a transbordar querer e sede de vencer. Obrigado por isto rapazes. É isto mesmo, Marco, é isto mesmo.