Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
A tomada de posse aqui na tasca
Sara Sampaio - Ministra dos Assuntos Religiosos e Inexplicáveis
Amber Valletta - Ministra da Igualdade e do Equilíbrio
Magdalena Frackowiak - Ministra dos Assuntos Paralevantares
Naomi Campbell - Ministra dos Vícios a Exterminar
Gillian Anderson - Ministra dos Assuntos Secretos e das Escutas à Lagardère
Sofia Vergara - Ministra dos Assuntos Domésticos
Helena Coelho - Ministra da Laranja Algarvia
Miranda Kerr - Ministra do que ela quiser
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A ilha
Há por aí demasiada gente a queixar-se dos maus tratos do amor como se o amor tivesse culpa do mau uso que dele fazem. O amor é uma possibilidade, uma ilha desabitada que aguarda que um par de náufragos a habitem e nela construam uma nova vida. Impõe regras de sobrevivência, pois claro, mas nada do que nos dá prazer na vida é oferecido de mão beijada. Se os novos inquilinos não sabem manter a ilha em ordem a culpa não é da ilha, é deles que nunca deviam ter deixado de ser náufragos.
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Índia - Síntese fotográfica
De novo o Instagram a abrir janelas para o mundo, para um melhor entendimento do que nos é distante e desconhecido. Mais que mil palavras as imagens encerram uma torrente de significados e vivências, expõem sem filtros ou artifícios o que de facto é, o que inequivocamente existe e como existe. A Índia, esse gigante de mil caras, a revelar-se pelas lentes de Steve McCurry (http://stevemccurry.com/). A metrópole sem princípio nem fim, assente na eterna poeira do trânsito e da sobrelotação de almas e de credos, os credos e a beleza dos seus símbolos, a devoção levada ao extremo, até à fronteira que separa o humano do divino. Tudo isto é-nos estranho e distante mas já não o é o olhar de esperança de uma criança. É por isso que a Índia somos também todos nós.
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Café da manhã - Inspiremo-nos
Acordar com um sorriso e um bom café é tão importante, nunca desprezemos toda a energia positiva com que esses dois raios de sol incendeiam os nossos dias. Acordar com a esperança quase certeza de que conseguiremos ser para quem gostamos o que desejam que sejamos, provar isso a nós mesmos. Aquele café naquele cantinho especial, rechear a carteira de provas de que gostar é tão simples e puro como o calor do sol. Matar saudades do teu sorriso, rir do que já fomos e das certezas impregnadas de auspiciosas dúvidas do que seremos amanhã. Se correr mal não será morte de homem, seremos apenas nós a ser perfeitamente humanos, em todas as nossas imperfeições. A inspiração matinal merece viver. Deixemo-nos inspirar pelo espreitar do sol e pela frescura da chuva, não arranjemos desculpas.
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Benfica 0 - Sporting 3
Não sou propriamente o tipo com mais fairplay do mundo, mas também não sou nenhum galináceo que não sabe perder e ainda menos ganhar. Hoje o Sporting foi uma equipa inteligente, adulta e controlada que soube ser eficaz no início, aproveitar os nervos que essa eficácia provocou no Benfica e, navegando na onda, dominar o jogo e espetar 3 ferros sem espinhas nas costas de um touro manso. Em suma, para quem segundo o Xor Vitória tinha apenas 11 jogadores que duvidava constituíssem uma equipa não estivemos nada mal. Embalados pela classe de João Mário e pela capacidade de equilibrar a equipa de William Carvalho pegámos no martelo pneumático Slimani e só parámos quando descobrimos 3 jazidas de petróleo na baliza de Júlio César. O Benfica? O lance mais perigoso que criou foi um remate de Luisão à sua própria baliza. Tenham juízo e metam a arrogância no bolso.
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Negro e cinzento
Estou sem tempo, imaginação e pachorra para escrever textos interessantes, divertidos e absurdamente pertinentes. O estado da nação deprime-me, os nossos queridos políticos esvaziam-me a verve, a distância para o Verão também não está a facilitar as coisas. Vêm aí dois derbies e o Bruno, por mais razão que tenha mexe-me com os nervos devido à péssima forma de expressar essa razão. Isso afasta-me um pouco da temática desportiva, pois quando a coisa começa a entrar pelos pantanosos terrenos do ódio e da guerrilha permanente não me sinto propriamente atraído para a causa. Não quer isto dizer que os vermelhuscos não comprem fruta da época a rodos para distribuir por sabemos nós quem muito bem, quer apenas isto dizer que eu prefiro cheirar a bola a rolar na relva do que outras linhas brancas que não as que delimitam o afamado rectângulo de jogo. O panorama é negro e cinzento e negro e cinzento só gosto de fotografias fantásticas como esta de Horacio Copolla, fotógrafo argentino, no ano de 1931, em que tudo era fotografado a preto e cinzento e mesmo assim não deixava de ser belo.
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Café da manhã - Da ténue fronteira que separa o amor do ódio
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Anna Andres, Miss Ukraine Universe 2014 (e não há guerra real ou eleitoral que abafe isto)
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Desabafos sobre um país à beira mar sufocado
É nula a vontade de escrever sobre o triste estado da nação, os incompreensíveis desmandos da política nacional, sobre a incapacidade de quem nos representa acordar e delinear um caminho decente para o que resta deste cantinho à beira mar sufocado. Não tenho vontade mas tenho raiva, pelo que lá vou dedilhando os caracteres da revolta. Este país tarda em querer, por si, com a força, a vontade e a sabedoria das suas gentes e das suas supostas elites, caminhar rumo à felicidade e a um mínimo conforto das suas gentes. Reparem, não falo em prosperidade, em contos de fadas de que somos incríveis e que podemos ser produtivos como os nórdicos, fanáticos pelo trabalho como os japonses ou inventivos como uma turma de geeks indianos que criam startups como o Eusébio cuspia cascas de tremoços. Falo em termos uma vida razoavelmente feliz e fisicamente confortável, em podermos legar aos nossos filhos um país de que se orgulhem - ou de que pelo menos não se envergonhem muito - em não andarmos a contar os trocos ao fim do mês para comprar um frango assado para a família inteira ou para pagar a renda e a tv cabo (sim, isto é real, há demasiadas famílias em que os horizontes no final do mês são estes). Não, não falo em luxos e em euforia utópicas, há demasiada gente com demasiado dinheiro a encharcar-se em comprimidos, não pensem que é isso que nos fará eternamente felizes. Os senhores líderes dos partidos preferem defender as suas damas egoisticamente (os seus privilégios, os seus lugares, as promessas de lugares para os seus) a defenderem a dama que os colocou lá - somos nós a bela dama que deviam amar e estimar. Os milhares de especialistas do comentário e da análise relatam as atrocidades, os golpes palacianos, as ambições desmedidas, desenham os mil cenários da catástrofe que espreita por entre os corredores imaculados da Assembleia do povo, esquecendo-se do povo, o povo que quer esperança e ajuda para perceber, que não quer palavras negras e que desembocam em becos escuros, mas palavras que acendam luzes, palavras que conduzam a caminhos com futuro, palavras que inspirem acções grandiosas e certeiras. Será que para se ser jornalista, comentador, analista é obrigatório colocar sobre as costas a negra capa do fado? Fala-se muito, fala-se demasiado, debate-se tudo e mais alguma coisa e nada se concilia. Uma parte é uma parte e a outra é um adversário, não uma parte de um todo. Quem devia negociar acordos com seriedade absteve-se de o fazer, seguindo o exemplo do exército dos que já não acreditam, dos deserdados da política. Quem tem a chave de futuro na mão vê que o amanhã só trará passado, o mau passado, mas conforma-se com a nuvem negra que desabará, mais cedo do que mais tarde, e teima nas tricas de hoje em busca de sabe-se lá o quê, talvez da vitória pelo cansaço. É preciso dar um murro na mesa, é preciso estadistas de peso, mas ninguém o dá, mas ninguém tem esse peso. Este país é uma maravilha, só é pena os portugueses.
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"A zona de interesse" - Açucenas em tempo de guerra
Gosto desta nova forma de extrair pedaços de livros aqui para o blog. Sente-se a textura das páginas, as sombras que perturbavam a luz, quase que recordo o cheiro inconfundível das hoje tão desprezadas folhas de papel. A forma agrada-me, o conteúdo não lhe fica atrás. O amor que a guerra não esmagou, a humanidade que o ódio e o terror não soterraram, as flores que sobreviveram à lama fria e seca das trincheiras.