Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
E para 2016, sejamos mais felizes!
Não, nada de sugerir mudanças profundas para o ano que aí vem, não quero novos homens e renovadas mulheres, quero-vos com os mesmos defeitos, teimosias e carnes flácidas. Quero apenas que sejam mais felizes, menos atreitos às dores das preocupações pois essas são aquelas que podemos evitar, pelo que paremos de as auto-infligir nos nossos já tão castigados corpos e espíritos. Embalado por estes belos anjos negros desejo-vos um ano de 2016 mais feliz. As simple as that.
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Dreaming about being a penguin
Não sei se algum dia a ciência poderá elucidar-me sobre uma dúvida que me atormenta desde tenra idade: seremos nós, humanos, seres indubitavelmente superiores aos animais no que à racionalidade e inteligência respeita, mais felizes do que esses seres designados de irracionais? Será que o facto das preocupações dos animais se limitarem à sobrevivência, à obtenção da próxima refeição e ao cumprimento do instinto animal da procriação fará deles menos felizes? A nossa multiplicidade e infinitude de preocupações (a carreira, a roupa certa, o carro na oficina, o último modelo de telemóvel, o colégio perfeito para o miúdo, a pila pequena ou grande, a casa maior do que a do primo, etc., etc., etc.) será que termos o pensamento e o espírito prenhes de inanidades faz de nós seres mais felizes? Pensemos bem - será realmente necessário preocuparmo-nos muito para além de nos mantermos vivos, termos que comer e arranjarmos a companhia certa para fazermos, amor, sexo, para assegurarmos aquele sorriso inimitável depois das estrelas cadentes explodirem todas em uníssono? A inveja que tenho vossa, amigos pinguins.
p.s. - Fotografias do artista que se apelida de MR007, no Instagram.
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A Formosa ria e o filho que desonra a mãe
Deambulo pelas margens da ria Formosa, em Faro, e ainda que a força da natureza, da água e dos melodiosos sons de patos e gaivotas me devolvam alguma paz que o betão e o metal me vão sugando durante o ano, é impossível fugir à marca do homem. Uma fábrica abandonada, um barco que se entrega à sua sorte e destino nas águas cálidas, o homem incapaz de conceder um espaço intocável à sua primeira mãe. As memórias são minhas, as fotografias partilho-as com vocês.
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O puzzle
Desde cedo era um fantasma que a perseguia nos seus sonhos e no ténue nevoeiro que por vezes caía, ao final do dia. Sem cheiro, sem som, leve mas persistente, uma ligeira brisa que lhe provocava uma sensação mais espiritual que física, um arrepio da alma. Aquele pequeno ingrediente que não deixava o prato a que tanto se dedicara tornar-se inesquecível. A palavra que lhe faltara para tornar o poema sublime. A nota que não surgira e impedia a sua música de repousar na galeria das melodias intemporais. A perfeição, a busca desse Santo Graal irreal mas tão presente, fazia da sua vida quase perfeita um puzzle de dias imperfeitos.
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Ellis e a força de uma boa imagem
"Ellis" é uma curta metragem da autoria de JR, um artista que conheci pelo Instagram e que se define como "artist until I find a real job". O actor principal é Robert de Niro, o argumento é de Eric Roth. Por estas fotografias já valeu a pena, JR, good job.
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Como não parar?
Fotografia por Ruddy Roye
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A mais velha dor do mundo
Quando Henri-Cartier Bresson fotografou estas prostitutas na Cidade do México, em 1934, deixou-nos a eterna dúvida se elas buscavam a imortalidade ou se o brilho atrevido no olhar anunciava apenas a esperança de mais um cliente. Um olhar não muito atento despertou-me esta reacção. Mas nada é o que parece num primeiro momento, num olhar inocentemente superficial. Voltei atrás e fiz um zoom sobre as duas faces das duas mulheres da vida, da mais sofrida profissão do mundo, de uma labuta que facilmente lhes suga as vidas. As duas expressões, as duas faces, distintas como todas são, informam o mundo, os clientes e os olhares desatentos como o meu da mais cruel verdade: nada interessa, o que vem é-lhes indiferente, já tudo lhes pode suceder que aquele olhar vazio, aquele leve sorriso trocista, aquele esgar indistinto de dor para sempre ficará gravado nas suas faces.
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Boas razões para o Pai Natal de facto não existir
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Mesa cheia - Feliz Natal
Não viveremos eternamente, sabemos isso como uma criança sabe que ama os seus pais - é instintivo, é de sangue, é de carne. Não obstante, tememos a nossa morte e a dos que amamos mais que tudo, como se o medo afastasse essa negra nuvem ou ajudasse a adiar o inevitável. Quem amamos e perdemos estará sempre connosco, quem amamos e está ausente está dentro de nós, ainda mais presente pela força da saudade. A solidão é a incapacidade de amar. Quem amou ou ama nunca está só. Feliz Natal.
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Um ganda Natal para todos nós e um 2016 ainda mais à grande!!!
Fotografia por Raymond Depardon, Santiago do Chile, 1971
Amanhã arranco de férias para o sul e supostamente deveria vir aqui dar-vos as Boas Festas e afins e avisar que o blog hibernará durante uma semana. As Boas Festas mantêm-se, de alma e coração, mas a hibernação provavelmente não ocorrerá. Porque é nas férias que o meu cérebro por vezes tem tempo para desenvolver um bocadinho mais ou, simplesmente, porque postar uma simples fotografia é mais férias do que trabalho. O Bolas e Letras é uma pausa no turbilhão da vida, das azáfamas laborais e pessoais, um rasgo de silêncio por entre a barulheira de petizes excitados, felizes ou birrentos. Qualquer destes estados conduz à doce chinfrineira, pelo que o barulho é garantido e as pequenas pausas Kit Kat que o Bolas me concede uma bênção. Por isso tudo e mais ainda, um até já, um Santo Natal para todos e um 2016 ainda mais fantástico do que esperávamos, agora que comprámos um banco para todos nós.