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As pequenas coisas

Quinta-feira, 31.03.16

 

Unosuke Gamou  Children in the snow  (1950).jpg

"Children in the snow", fotografadas em 1950, por Unosuke Gamou 

 

Rir com as as pequenas coisas, as que perduram em nós. A voz da natureza. O frio e o calor nos extremos, a sensação de que estamos a sentir mais do que o habitual. O inesperado. O beijo sem aviso. O riso por nada e por tudo. Dizer obrigado sem a pressão da boa educação, só porque sim. Sentir a chuva e não fugir dela, sentir o agradável incómodo da pele que se entrega à seiva do céu. Sentir a neve e abraçá-la como quem devora algodão doce, sentir que tudo o que é novo é belo e deve ser bebido até à última gota. Depois, voltar a sentir a chuva e a neve e reviver a mesma alegria, como se fosse sempre a primeira vez. Não perder a capacidade inata de nos deixarmos encantar. Não enjoar do verde da relva, do branco da neve, do cristalino da chuva. Beber a chuva como quem ama, louca e completamente.

 

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publicado por bolaseletras às 14:59

O quadro

Terça-feira, 29.03.16

 

museu.jpg

 Fotografia de Mariel Cortés

 

Entrei naquela morada sem pensar, somente para fugir da loucura em que me sentia afundar. A fachada do edifício e as pessoas que nele entravam inspiraram-me calma, normalidade, a possibilidade de impor a mim mesmo uma pausa no turbilhão que ameaçava estilhaçar-me. Nas paredes navego por obras de arte, algumas paisagens bucólicas, cenas da vida quotidiana, retratos e auto-retratos que me conciliam com a vida como ela quase sempre é ou devia ser, imagens que me devolvem ao que se pode chamar “normalidade”. Percorro todas as salas do museu até alcançar a última. Não vejo ninguém a entrar ou a sair e entro desprevenido. O quadro dilacera-me e reconduz-me aos braços da luxúria e do pecado, a paz de espírito passageira estilhaça-se nas sugestões de guerra, ódio e sexo desenfreado, alheado do amor e do prazer. Não emito qualquer som mas a única pessoa que contempla o quadro sente-me, fixa-me, transfere com o olhar toda a força da sua loucura, ignorando que, naquele preciso momento, todo o meu ser já não suporta nem mais um grama de demência.

 

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publicado por bolaseletras às 15:16

Fazem-me falta, amigos

Segunda-feira, 28.03.16

kitato_2015-12-19_13-43-19.jpg

Vejo esta fotografia de Luís Octávio Costa, fotógrafo do Público, e paro uns minutos para pensar que o que é difícil poderia ser tão mais simples. As horas que não temos, as que justamente dedicamos ao trabalho e à família, são também aquelas que não temos para retribuir as amizades de uma vida, as das pessoas que escolhemos não por laços de sangue mas por afinidades várias. Se mais não podemos dar, pelo menos uma palavra, um telefonema (likes no facebook e sms não, por favor), 5 minutos para dizermos "fazes-me falta", "tenho falta de ti", "sinto a tua falta", "tenho saudades". Escolham amigos, uma que seja, só isso. Fazem-me falta, amigos.

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publicado por bolaseletras às 21:14

Votos de Boa Páscoa, meus e da Kate Moss

Domingo, 27.03.16

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publicado por bolaseletras às 20:24

(In)consciência fatal

Sábado, 26.03.16

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Não me esqueço das palavras que ele me disse no café, no último café que tomámos. Recordei-as hoje, ao ver esta fotografia de Laurie Simmons, "Walking gun", talvez com maior consciência do significado que nessa derradeira conversa ele lhes quis dar. "Há mulheres a quem basta mergulhar no seu olhar para percebermos que toda a nossa vida, ou o fim dela, a partir daquele momento, daquele olhar, estão para sempre nas suas mãos." Disse-mo já sem brilho no olhar, como se toda a luz que fora a dele se tivesse perdido no túnel daquela paixão. Não, amigo, não te o disse na altura mas agora sei-o. Chamam-lhes mulheres fatais mas fatal é aquilo que procuraste - a carne a rasgar a carne no ardor da paixão, a sensação de que a vida é superada por essa voracidade anestesiante, a busca inconsciente de que o excesso de consciência que te aborrecia de morte te levasse para além do que tinhas e te não chegava. Não te critico, amigo, percebo-te. Se o tivesses também tu entendido a viagem não teria sido fatal, terias sabido travar a tempo.

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publicado por bolaseletras às 21:46

Singelo contributo para um mundo melhor

Sexta-feira, 25.03.16

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Este será provavelmente o mais básico e forte motivo daquilo a que chamam as eternas diferenças entre os homens e as mulheres. Milhares de teorias, a eterna busca de soluções conciliadoras e tantas, demasiadas vezes, a incompreensão mútua e o inconciliável desencontro. Não serei certamente eu a descerrar a cortina da sabedoria que iluminará as relações humanas, mas sou tipo para fazer uma singela sugestão: 10 minutinhos de acção e as horas seguintes de conversa e vão ver que ganhamos todos. Não sei, é uma opinião, pode haver outras, claro está.

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publicado por bolaseletras às 12:43

Meus bons e velhos Olivais

Quinta-feira, 24.03.16

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O DN fez um belíssimo esforço para mostrar um pouco do que se encerra por trás da lenda desta terra mítica que são os Olivais. A ideia arquitectónica e social que esteve na origem das ruas largas, com passeios para as pessoas e não para os carros, o verde das árvores e da relva a temperar o betão da estrada e o cimento dos prédios. Hoje a crise limita a água que nos dava aquele cheiro único da relva molhada dos Olivais, os miúdos que brincam nos generosos jardins, pátios e praças públicas são em muito menor número do que nos meus tempos de meninice. Hoje há mais velhos, menos agitação e o verde não é tão frondoso, nos Olivais. Mas não é assim no país todo? A ideia vingou, os que a beberam e dela viveram há 20, 30 ou 40 anos atrás recordam esses ideais com saudade e passam a palavra. Como eu passo aos meus filhos que são muito mais felizes desde que regressei a esta minha eterna casa. I love you, Olivais do meu coração!

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publicado por bolaseletras às 09:52

Um abraço, Bruxelas

Terça-feira, 22.03.16

  

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A dor e o medo que habitam o peito de todos os cidadãos europeus voltou. Estes sentimentos são também o reflexo da impotência europeia em saber adaptar-se a estes tempos de uma nova e renovada barbárie. Quando a reação a problemas globais que estão à vista de todos (terrorismo, refugiados, guerras que estão na origem dos dois primeiros) são discutidas e “decididas” pelos novos donos disto tudo (os euroburocratas encerrados nos seus luxuosos gabinetes) e não por aqueles que deveriam ser os decisores finais legitimados pelos votos diretos dos diferentes povos europeus, as decisões são demoradas, periclitantes, defensivas e cobardes. Enquanto não percebermos e não resolvermos o nó górdio da impotência a que as nações europeias se entregaram nos corredores labirínticos de Bruxelas não perceberemos nada. União Europeia sim, burrocracia europeia não.

 

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publicado por bolaseletras às 10:59

O nó

Segunda-feira, 21.03.16

  

gravatas.jpg

 

Acho que desviei o meu trajecto profissional para fugir, não aos meandros da advocacia, mas sim ao asfixiante nó da gravata que tal profissão exige em permanência. Não consigo pensar em adereço mais estúpidamente formalista do que esta convenção absurdamente imposta de passar um pedaço de pano em volta de um pescoço e apertá-lo bem apertadinho. Algo que me deixa bem menos confortável, apenas por uma questão de seguir, qual carneiro obediente, um ritual de vestuário supostamente dotado de elegância e bom gosto, é algo que de que fujo como o diabo da cruz. Ainda há dias em que, por dever de ofício, tenho que me vergar ao poder das maiorias bem comportadas, e lá ando eu, qual perú estrangulado, a passear aquela gravata esquecida no fundo do armário, com o nó mal amanhado e triste, como se o apetrecho tivesse consciência do desprezo que lhe voto. Sim, odeio gravatas, não assentam bem em pescoços livres, pelo menos do género masculino…

 

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publicado por bolaseletras às 13:36

Anjo e diabo

Domingo, 20.03.16

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Branco e negro, anjo e diabo, os clássicos bem e mal como os dois ingredientes da nossa alma atormentada, da nossa natureza imperfeita. Serão assim tão diametralmente opostos? Na loucura ardente da paixão não haverá no fundo uma corajosa afirmação de sanidade? Será realmente são quem renega os devaneios da carne? No mal não há mais bem do que reconhecemos à superfície? Para odiar há que temer a força do bem, dedicar a vida a derrubá-lo, à sua ofuscante superioridade moral. A percepção do bem não será mais vincada em quem cultiva o ódio do que em quem pratica o bem desinteressada e inconscientemente? As duas faces de uma moeda, a mesma moeda, una e indivisível como a alma e a carne.

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publicado por bolaseletras às 20:59


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