Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Pausa para respirar
Aqui a tasca encerra uns dias por motivo de passeio e convívio de amigalhaços e famílias, esperando trazer boas novidades sobre o Douro vinhateiro. Passeiem muito, namorem mais, bebam bons vinhos, tudo com a classe e despreocupação que parece acompanhar esta moça tão bem imortalizada pelo Helmut Newton. Have fun!
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Provavelmente
Somos seres aparentemente “normais”, com vidas a maior parte das horas do dia dentro do espectro dessa aborrecida regularidade irritantemente previsível. É exactamente essa a razão que justifica a necessidade de, muito raramente, nos passarmos da marmita, transformando-nos em seres bipolares, e ousarmos o periclitante equilíbrio de viver no fio da navalha que é habitar sensações e mundos diametralmente antagónicos. O amor e o ódio por uma mesma pessoa num curto espaço de tempo - aquele que medeia entre um uivo de ódio e um beijo apaixonado que distam os escassos metros que separam a cozinha da cama – será o exemplo paradigmático. Mas haverá outros exemplos desta necessidade de libertação da absurda normalidade com que pautamos os nossos passos e medimos as nossas controladas palavras. Aquele livro que odiámos no Verão passado e que devoramos hoje como se a excelência da literatura se tivesse agora mesmo abatido sobre nós, aquele sabor forte e agressivo que quase nos fez vomitar há uns anos e agora não conseguimos não adorar. Aquela irritação inexplicável que submergia na pele sempre que ela falava e que hoje é música para os nossos ouvidos. Amamos e odiamos como quem respira e como quem retém a respiração com medo que tanto oxigénio seja demasiado para os nossos delicados pulmões. Amamos quase sempre dentro da norma, da propalada “normalidade”, com medo que tanto amor não nos caiba no coração. Provavelmente, é a semente desse medo a génese do ódio que não controlamos. Provavelmente.
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25 de Abril, sempre!
Foi ontem. Não, é hoje. Será amanhã também. E depois e depois e depois, todos os dias que se seguirão se soubermos dar valor ao valor único, irrevogável, inimitável e ilimitável da liberdade. Liberdade não apenas como palavra mas como forma de vida, de pensamento, de acção, de recusa da inacção. Saibamos viver em liberdade, com liberdade, honrando a palavra e o seu ilimitado sentido.
P.s. - Um obrigado pela inspiradora tela que encima este post ao ex-jornalista desportivo Marinho Neves (hoje artista e dos bons), a quem indecente mas inocentemente roubei a inspiradora tela que encima este post.
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Charlie, Sophia e um segredo mal guardado
Corria o ano de 1966 e Charlie Chaplin e Sophia Loren eram imortalizados nesta imagem. Charlie, idoso e com todo o ar de quem acumulava em excesso o peso de toda uma vida preenchida a fazer rir, Sophia Loren esquecida da idade da figura dos tempos em que dispensávamos as palavras para rir até ao infinito, embevecida por um qualquer brilho que pensaríamos não mais existir no velho Charlot. Com aquele vestido, a sua inimitável beleza e a generosidade do seu decote, Sophia certamente saberia que não passaria despercebida a Charlie. Este, fazendo não dar conta da bênção que a humanidade lhe legara naquele eterno momento, finge nem reparar. Um dia, o mundo em geral e os homens em particular perceberão que a verdadeira e invencível arma da sedução é o humor, a capacidade de fazer uma mulher rir e esquecer-se das suas defesas enquanto se entrega a esses momentos de liberdade física e intelectual. Nesse dia, os homens largarão os ginásios e não mais gastarão fortunas em fatiotas catitas e em automóveis da moda e passarão a ter mais graça e a cair mais em graça.
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Da série mini mini mini contos de encantar
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Correr, saltar, ver, sonhar
Não corro como corria
nem salto como saltava
mas vejo mais do que via
e sonho mais que sonhava...
(Agostinho da Silva)
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Kiko, 5 anos de ti
Cinco anos do boss baby Kiko Almeida. Energia sem fim, mimo interminável nos intervalos da curiosidade em forma de incessante movimento, lábios abertos, cicatrizes várias, os indesmentíveis sinais de que parar é morrer. Estes 5 anos não seriam os mesmos sem o mano Miguel, objecto de amor incondicional e de lutas sem fim, mas sem dúvida a melhor prenda que a vida e os pais lhe deram. Obrigado Kiko, vamos agora desacelerar um bocadinho meu diabinho adorável, ainda faltam umas décadas para devorar a vida toda até ao tutano, acredita que tudo não acaba amanhã. Enjoy the ride!
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Madrid
Abstraindo dos estereótipos dos turistas irritantes, viciados no instagranismo e nas demais parvoeiras digitais que os impedem de mergulhar na vida dos sítios para onde viajam, Madrid é uma cidade fascinante. Esse fascínio reside em boa parte nas ruelas, bares, tabernas, comedoiros e afins que pintalgam a cidade como cogumelos, no ritual de conversar, petiscar e bebericar enquanto o sol aquece a vontade de nada mais fazer que não seja isso mesmo: falar, comer e beber. As hordas de emigrantes e sem abrigo vão sendo controlados e enxotados por polícias musculados para que os ritmos e rituais dos residentes e dos turistas não sejam prejudicados, Madrid sobrevive à força destruidora do turismo de massas e da globalização muito à custa do tinto fresco, da sidra e das cañas que nos embalam em sonhos de uma vida para sempre nas esplanadas das suas ruelas e becos.
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Coelhinhos e coelhinhas
Ainda me lembro de quando a época Pascal rimava com carestia e penitência, em que se abdicava dos prazeres da carne e se privilegiava refeições em que o peixe mandava na mesa (o que estavam a pensar, seus pecadores?) e se reflectia sobre os pecados cometidos, preparando a alma para a temida presença junto do prior no confessionário. Sim, eram assim os tempos da adolescência e juventude pascal para um jovem nos finais dos anos 80/inícios de 90 que consumia catequese, que não vivia alienado por tablets e por séries televisivas, e para quem o Santo Graal da existência era sinónimo de trepar árvores com os amigos e perseguir uma bola e canelas alheias até ao sol se deitar. Hoje a Páscoa são escapadinhas à neve, viagens para terras onde o sol ofuscou as penitências e reflexões pascais, apenas mais uma pausa na rotina do casa-trabalho / trabalho-casa. Valha-nos a boa e eterna Kate Moss, para nos lembrar que a Páscoa não são só coelhinhos de chocolate mas também coelhinhas de boas carnes e suculentos ossinhos. Fiquemo-nos com a primeira parte do post para refletirmos sobre o que andamos a fazer com as nossas tradições, passando logo a seguir para a descompressão KateMossiana que nos ajuda a aliviar o peso de em permanência buscarmos o sentido da vida.
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Café da manhã - E o pecado mora ao lado
Há gente para quem o kick do café é o impulso para iniciar o dia com maquiavélicas maquinações de malfeitorias para as horas que se seguem. Há quem veja o nascer do sol não como uma bênção da natureza mas como o levantar da cancela para iniciar hostilidades, do género “temei humanos, aí vou eu, à conquista da glória, contra tudo e contra todos!”. Negócios fechados, engates adjudicados, espezinhamentos do colega do lado ultimados, o sol nasceu para que a sua sombra pudesse vingar ainda com maior impacto. Ou então tudo isto mais não é que uma megalomania pessimista provocada por um café tristemente tirado...