Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Vai quem já nada teme
Autoria e outros dados (tags, etc)
Obrigado Mónica
É importante estarmos cientes de que o mundo não é um local geralmente aconselhável. Há guerras, há gente que passa fome, grassa a maldade e a inveja pelo sucesso do vizinho. Há miúdos capazes de nos dar um tiro nos cornos para nos roubar os ténis de marca. Há taxistas que chispam ódio dos olhos quando saímos no aeroporto de Lisboa e pedimos que nos deixem ali aos Olivais. Há mulheres que deixam de nos amar por dá cá aquela palha. Há homens que fingem que amam só para terem o privilégio da posse. E depois há, felizmente, a Monica Bellucci, que nos faz esquecer que o mundo pode ser um lugar mal frequentado.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Macau, 18 anos depois
Macau? Creio que poderei resumir a coisa ao resultado das provas de magníficos vinhos proporcionadas pelo nosso irmão do Oriente: “Epá, foi preciso regressar 18 anos depois a Macau para provar o vinho da minha vida”! Meia hora depois calo-me porque o vinho que se segue é tão bom ou melhor. Foi assim Macau. Rever os cheiros, o bulício sem fim, os recantos que o imparável progresso não apagou, beber o novo que amanhã será novamente objecto da minha nostalgia. Rever pessoas que nos marcaram, conhecer novas gentes, emocionar-nos com a toponímia bilingue das ruas, a língua lusitana imortal do outro lado do mundo, a calçada portuguesa bem cuidada e admirada. No topo de tudo, a amizade que a tudo sobrevive e continuamente se reforça, único combustível que nos permitiu dormir a correr para nada perder e tudo sorver, cravar com ferro em brasa no coração a terra, o vinho e as gentes. Até já irmãos, até já Macau!
p.s. – As fotos são da minha autoria, as dos vinhos provados surgirão em breve.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Parabéns Bandeira, até já Ou Mun!
Cerca de 18 anos passados regresso à boa e velha Macau, Ou Mun segundo os locais, terra que tornou os adolescentes lusitanos que aí viveram, nos quais tenho o privilégio de me incluir, personagens fascinantes e misteriosos, os últimos heróis na terra. Amizades inquebrantáveis, amores inesquecíveis, experiências difíceis de igualar, tudo ali era novo e desafiador, tudo era barro para moldar homens em corpos de rapazes. Volto para matar saudades do cheiro inconfundível daquela terra que todos os anos conquista mais um pedaço ao mar, volto para abraçar o nosso amigo irmão, grande Mestre Bandeira que hoje faz anos e que está feliz pois amanhã nos terá nos seus braços, aos seus irmãos! Até já, Bandas!
Autoria e outros dados (tags, etc)
A miragem
Ele insistia em perseguir o sonho impossível, navegando incessantemente no imediato e na descontrolada atracção que as labaredas da paixão sobre si exerciam. O futuro não o reconhecia, só aceitava o presente, como se amanhã fosse um dia longínquo muito além do seu horizonte. Ela embarcara nessa viagem pelas mesmas razões, pois não resistia à dança inebriante do fogo. Um dia, cansada de não ver o horizonte para lá da cortina de fumo produzida pelas labaredas, decidiu que o futuro venceria a outrora irresistível voracidade do presente. Ele sentiu o presente despedaçar-se, mas compreendeu. Apesar dos seus desejos imediatos e da bebedeira do momento, aprendera a amar, mais do que tudo, a serenidade nos olhos dela. E essa serena felicidade (?) era tão valiosa e tão merecida que estilhaçara os limites do hoje para todo o sempre, rumo a um futuro onde a sua presença pouco mais era que uma miragem.
Autoria e outros dados (tags, etc)
A negra fonte de luz
Há quem entenda que os dark places são necessários. Há quem só saiba sobreviver na escuridão na posse de uma lanterna, evitando o confronto com as trevas, contornando os incómodos recantos do desconhecido. Aqueles que neles mergulham em busca de algo, ou conduzidos pelo inevitável fluir da corrente contra a qual recusam debater-se, esses habituam-se conscientemente à escuridão que assim deixa de ser tão assustadora. Esse confronto, esse diálogo com as trevas, é a sua fonte de crescimento. A fonte para a sua luz passa a ser a sabedoria apreendida nas outrora assustadoras trevas.
Autoria e outros dados (tags, etc)
Isto acaba por fazer algum sentido
Não sou pessoa para grandes citações filosóficas e introspecções religioso-espirituais, mas isto que aqui é dito em cima, se pensarmos bem, pode aplicar-se a praticamente todos os problemas da nossa vida. Desde o drama da condição física periclitante do Fábio Coentrão, à catástrofe dos incêndios florestais, passando pelos dramas dos amores e dos desamores, tudo pode ser analisado e intervencionado à luz das três soluções alternativas propostas. Experimentem e vão ver que uma centelha de luz brilhará lá no fundo. Não me agradeçam a mim, acendam uma velinha a quem mais vos aprouver e reflictam, reflictam...