Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Porque nem todos os voos são de Ícaro
Oportunidades. Um mar delas. Janelas abertas para o mar, escancaradas sobre o precipício dos nossos medos. Dar um passo em frente e sentir aquele frio gelado na espinha de quem se arrisca a viver. Dar dois passos atrás como quem toma balanço, mas nunca tomar a iniciativa de saltar aproveitando o balanço todo que se acumulou nessa interminável ponderação. Cheirar a vida, saboreá-la, sair do conforto das pessoas e das rotinas de sempre, abraçar o mundo e sim, o desconhecido. Tudo pode correr maravilhosamente ou podemos simplesmente estatelarmo-nos no chão frio e de pedra que pode ser a vida. Como o saber? Sim, só conheço uma forma. Para não morrermos estúpidos.
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Irmão, para onde vais tu?
A família não se escolhe, clama o povo na sua infinita e inabalável sabedoria. Terá sido o acaso, o destino, a maldita ou bendita providência, dependendo das épocas e da ponta do Atlântico de onde se olhe, que fizeram de Portugal e Brasil países irmãos. Olhando para os últimos anos de voltas e reviravoltas da democracia e politiquices por terras de Vera Cruz, creio que pouco mais se poderá esperar do que o crescimento das desigualdades sociais, do crime, da corrupção endémica e, muito provavelmente, de um banho de sangue pelos ódios e guerrilhas de baixa política a que temos vindo a assistir. A preocupação dos políticos brasileiros tem incidido em tudo menos no que deveria exactamente ser feito para combater as chagas culturais e civilizacionais entranhadas no tecido social e político desse país tão maltratado pelos seus.
Podendo parecer piadinha de mau gosto, defendo que um dos maiores problemas do Brasil é o excesso de sol, de boa vida, de sorrisos empanturrados em “geladinhas” e águas de coco, tão bem condensados nessas semanas de dolce fare niente e muito samba que o Carnaval oferece ao seu povo folião. Quando em 1950 Pierre Verger, por terras de Salvador da Bahia, fotografou a cena que ilustra este post, descerrou a placa que resumiu o Brasil em poucas palavras: o pecado escondido por trás da máscara, a inocência malandra e pronta para passar para lá da fronteira que a separa dessa tentadora linha que conduz ao outro lado da máscara.
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A cor do mar quando as nuvens se dissipam
Fotografia por Jakub Karwowski
Quando tudo parece indistinto e sem sentido é quando tudo de repente muda, como se num flash a chuva recebesse, sem nada pedir, o doce abraço do sol, as nuvens por magia se dissipassem e revelassem um horizonte nítido, com obstáculos, mas ultrapassáveis, apenas caminhos sem fim para percorrer ou evitar. O que há momentos era negro e desesperançado é agora transparente e refrescante como a mais pura água do riacho que, suave e docilmente, a encaminha para um novo mar, um mar sem tormentas mortais, que aprendeu a respeitar, com todos os seus defeitos e perigos e que, reconhecido por isso, a respeita e acolhe em toda a sua imensidão. O mar sabe da sua desconfiança para com ele, mas sabe também que a sua boa temperança e sabedoria poderá ser o que lhe faltava para tornar as suas ondas mais dóceis, belas e navegáveis.
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A nova arte
Dizia-me no outro dia um amigo, acerca de uma desgraça qualquer, de mais uma qualquer guerra, ou chacina, ou perseguição religiosa, que o ser humano se adapta a tudo. Hoje deparei-me com estas duas fotografias de Hosam Katan, fotojornalista nascido em 1994, em Alleppo, e pensei que nenhuma criança, nenhum ser humano deveria ter que se adaptar a brincar nos escombros do seu passado, nas ruínas da sua vida, ninguém deveria ser obrigado a sobreviver, muito menos com um sorriso nos lábios (porque teve que se adaptar à sua nova realidade, lá está) por entre o sangue dos seus. As fotografias foram tiradas em 2014 na terra mãe de Hosam e não duvido que ele não tenha tido alternativa que não fosse adaptar-se, a ferro e fogo, à sua nova realidade: transformar em arte a vida de merda que alguns homens e dirigentes políticos instituíram como a nova arte de um mundo moderno.
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Segredos bem guardados para relações de sucesso
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A perfeita imperfeição
As palavras ainda lhe ressoavam na alma, no corpo, intensificadas pela dor vagarosa e perfurante da sua ausência. Sentia falta de tudo nele. Dos sorrisos, das carícias, do brutal e inigualável sexo, mas eram as conversas sem fim e sem destino que lhe tolhiam a saudade.
- “Minha querida, quero que me fales dessas angústias, não as guardes para e em ti. Quero ser mais do que uma noite bem passada, uma mão cheia de prazer, que a queca do século”.
- “Sim, sabes que o és. És muito mais para mim do que o teu corpo maravilhoso.”
- “Agradeço os elogios que fazes ao meu envelhecido corpo. Sinto a tua sinceridade, mas no fundo ambos sabemos que a beleza não é a que vês, mas sim a que sentes, do prazer que ainda te consigo dar”.
- “O mesmo posso então eu dizer de ti, meu amor. Não sou a Deusa que tanto idolatras, sei que o dizes porque este prazer que partilhamos nos conduz além da perfeição física, nos faz considerar as nossas próprias imperfeições parte da nossa beleza”.
A soma das suas imperfeições era tão mais perfeita que todos os corpos perfeitos do seu passado.
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Para lá do nevoeiro
Olhando para um passado remoto, memórias ténues como o nevoeiro numa madrugada esquecida, lamentavam o pudor dos olhares não cruzados, a timidez que calara as palavras. Hoje, num futuro já tarde demais, sabiam que o passado era irrecuperável, que as omissões de ontem não mais se converteriam em acções de um qualquer amanhã. A vida era assim e assim a aceitavam, temendo mexer com o equilíbrio do curso dos dias e das vidas. A maré conduzia-os em caminhos paralelos e, contudo, nunca se sentiram tão próximos.
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E porque hoje está sol, Chalize says hello!
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Macau 2017 - never forget!
Das coisas boas que levamos na vida e que tendemos tantas vezes a desvalorizar, derivado do avançar da idade, da seriedade, das responsabilidades e do correspondente grau de sisudez, são as noitadas e historietas épicas escondidas (ou esquecidas) por trás das mesmas. Estas imagens de uma noite épica vivida há coisa de dois meses em Hong Kong foram antecedidas por um fantástico jantar num restaurante grego, passando depois por um dos mais afamados bares de sake do mundo (foto 2), onde borbulhavam e fumegavam cockatils indizíveis produzidos a partir desse néctar dos Deuses nascido do arroz, prosseguindo numa discoteca com os melhores gins do universo 30 andares acima do solo (foto de cima) e, bom, a partir daí tudo começou a ser um pouco mais nebuloso. A imagem da mistela que fecha este post relembra-me a necessidade imperiosa de um bom amigo açoriano devorar algo com mais de 1000 calorias em menos de 10 minutos no Hard Rock Café do pedaço, tudo isto enquanto um elemento de características mais investigativas explorava as discotecas das redondezas, sem perder mais do que 5 minutos para devorar as tais 1000 calorias. Para terminar, nada como uma caminhada de regresso ao hotel a poucas horas de raiar o sol, sob aquela rejuvenescedora e libertadora chuva molha tolos que cruelmente nos relembrou as agruras matinais que nos esperavam. Obrigado irmãos, é disto que a vida é feita!
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Mais situações a ter atenção em 2018