Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Fobia
O medo é paralisante. O contacto com pessoas assume contornos de tortura. Sente que o controlado mundo das quatro paredes se esvairá por entre o ruído incessante do exterior. Paralisa. Como se a cada esquina se soerguesse um inimigo fatal, como se o próprio amor que pudesse surgir num fortuito cruzar de olhares assumisse a natureza de um monstro implacável. Tudo é motivo de dor, como se o corpo fosse alcatrão em brasa que alimenta o negro tapete da estrada. Como se cada partícula que a constitui sentisse o martelar que sente uma pedra que passa a fazer parte de uma extensa calçada. Contorce-se com a mera hipótese de a porta se abrir. Consome-se na incerteza de uma dor que desconhece, que teme, que a tortura. Uma dor que no fundo deseja. Sem o saber, que é a mais intensa forma de amar.