Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
O animal moribundo (pérola 2) - Com um sorriso nos lábios
"O Kenny é um homem forte e bem parecido, veste impecavelmente, fala com conhecimento de causa, escreve inteligentemente, conversa facilmente em francês e alemão, enfim, no mundo da arte é obviamente impressionante. Mas não comigo. As minhas deficiências estão na origem do seu sofrimento. Coloquem-no algures perto de mim e a ferida que há dentro dele começa a sangrar. No trabalho é activo, saudável. Sólido, sem nenhuma insuficiência, mas basta eu falar e paraliso tudo quanto há de forte nele.
E tenho apenas de permanecer silencioso enquanto ele fala para minar tudo quanto o torna eficaz. Eu sou o pai que ele não pode derrotar, o pai em cuja presença as suas capacidades são subjugadas. Porquê? Talvez porque não estive presente. Fui ausente e aterrador. Fui ausente e e inteira e excesivamente cheio de significado. Decepcionei-o. Isso é razão suficiente para pôr fora de questão um relacionamento calmo. Não há nada na nossa história que impeça o instinto filial de atribuir ao pai todos os obstáculos."
David Kepesh, a personagem central de animal moribundo fala sobre a sua desastrada relação com o filho. Somos os nossos genes, a educação dos nossos pais, o meio que nos rodeia, as idiossincrasias únicas que nos distinguem também nos caracterizam, como é evidente. Mas os nossos pais representam um papel decisivo naquilo em que nos tornamos, indubitavelmente.
A poucos meses de experimentar a paternidade estas palavras de Roth alertam-me. Nunca esquecer que o barro que moldarei é de início frágil, expectante, necessita de mão firme que não lhe estilhace as esperanças. Um admirável mundo novo aí vem, o decisivo momento que nos dirá se seremos bem sucedidos ou não desperta com este acontecimento único. Não há-de ser nada, há que enfrentar o desafio com um sorriso nos lábios. Tal como a malta do Duarte & Companhia enfrentava o perigo.
Em processamento...esperando ansiosamente...
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3 comentários
De Carlos Almeida a 22.04.2009 às 16:17
De bolaseletras a 22.04.2009 às 22:06
Obrigado pela visita! Um forte abraço para o outro lado do Oceano, para ti e toda a família. Volte sempre!
Tó