Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Queremos a bolinha baixa - Éric Cantona
São raros os jogadores que foram para além do que o futebol prometia conceder-lhes, superando os limites físicos e humanos. Éric Cantona, “L’Enfant terrible”, “Eric the King”, o homem que levantava a gola anunciando estar pronto para o extermínio, canalizou toda a raiva do seu ser para manter a bolinha baixa, controlada, dominada, submissa, pronta e domesticada para o disparo fatal. Depois de conquistar os corações de Manchester, nada incomodados com a bárbara agressão a um espectador num campo de futebol (não interessa se o insultou, se era um hooligan, era sobretudo um espectador) e com a consequente suspensão de 9 meses, Cantona deu como finda a sua carreira com precoces 30 anos. Tal como vivera até aí sequioso por manter a bola à flor da relva (vejam a raiva da foto, vejam o desejo insuperável em controlá-la), Cantona ansiava por viver. Sentiu a certa altura que precisava de novas adrenalinas, ele próprio afirmou que “Uma vida construída sobre memórias não é assim uma grande vida”. O cinema, o futebol de praia, o mais recente ataque às irracionalidades do capitalismo, a incessante busca de momentos inesquecíveis. Como estes que nos legou. Enjoy it.
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4 comentários
De Marcelo Silva a 29.01.2011 às 11:30
Um génio da bola. Era a pura da loucura de se ver jogar. Brutal em todos os sentidos.
Eric Cantona, apesar de ter jogado nos bleus, não era francês. Nenhum francês tem aquela garra, aquela atitude, aquela loucura. Os franceses são uns chatos. Cantona era tudo menos aborrecido.
Aquela camisola tem sido entregue a Deuses e para os milhões de adeptos do Man.United ( aqui sim, podemos falar de muitos milhões!!! ), Eric Cantona era ' God '.
E quanto ao pontapé, acho que foi bem dado. Porquê? Não porque seja adepto da violência, mas porque aquele idiota que o ofendeu não percebia os génios. Olhava para o dedo do sábio que apontava para o céu. E teve assim os seu minuto de glória por ter sido (bem) pontapeado por Cantona.
Tive pena que terminasse a sua carreira tão cedo.
Mas pronto, os génios tem o seu génio.
Abraço
Marcelo Silva
Porta 10A
De bolaseletras a 29.01.2011 às 12:51
Não posso concordar mais quanto à questão de Cantona ser tudo menos francês. Os frances são demasiados delicodoces para porem em campo aquela genial raiva, aquela irreverente loucura. Quanto ao pontapé, não me interpretes mal, não acho nada mal que um Hooligan tenha sido posto na ordem. Mas um ídolo dos jovens não pode dar aquele exemplo, não pode.
Um abraço
António
De Teresa a 29.01.2011 às 16:46
Pode ser um Genio. Mas a parte louca é demasiado louca e perigosa. E isso assusta-me. Quando o Miguel delira com um Dali - a sua genialidade e loucura dá-me um arrepio entre os omoplatas mas, penso, é a veia artística. Ver um jovem a com os olhos a brilhar a beber tudo o que o Cantona diz e faz assusta-me e essa genialisade, passo...
Ah, e o Cantona para os ingleses não era um "God" (eles passam bem sem essa idolatria ;)) era um "King", King Eric.
Sou cobarde talvez mas gosto da genialidade sem o perigo, sem a incerteza... mas começou bem a série "Bolinha Baixa" :thumbup:
De bolaseletras a 30.01.2011 às 12:31
Nada como o ponto de vista de uma mulher para clarificar as águas. De génio e de loucos todos temos um pouco, mas também sou dos que dispensa a loucura à porta da educação cá de casa...Vamos ver se a série segue os caminhos da genialidade;)