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Lá se vai andando com a cabeça entre as orelhas

Quinta-feira, 26.05.11

 

 

Em conversa com uma amiga, respondendo ao clássico “e então, está tudo bem?” respondi com uma daquelas frases que marcam o código genético tuga: “Mais ao menos, muito trabalho, pouco tempo, uns probleminhas com a saúde de um familiar, etc. e tal”. Acho que nem ela nem eu nos apercebemos do estafado que é este sentir lusitano, esta constante e viciante inclinação para a lamentação, para o empolar dos “probleminhas” e dos contratempos, da importância que damos às vicissitudes da vida que devíamos aprender a colocar no fundo do altar dos nossos humores. E o sol que brilha, e a gargalhada do nosso filho, e o sorriso trocado com um vizinho simpático, e a conversa de café com aquela colega que anda sempre bem disposta, e o beijo no regresso a casa, e essas minudências que deviam esmagar os “probleminhas” a que nos agarramos como lapas a uma rocha de insignificâncias? Quando aprenderemos a viver com V grande, compatriotas, quando?

 

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publicado por bolaseletras às 18:52


1 comentário

De Teresa Miranda a 27.05.2011 às 14:05

Não sei. É perigoso, também, ser o eterno positivo e tudo na boa.


Apesar de ser uma inspiração a daquele senhor para quem estava sempre tudo bem, inclusivé quando levou uns tiros e quase morre e ao chegar ao hospital ainda teve humor antes de enfrentar o que poderia ser o último respiro, não deixa de me fazer impressão que se tente criar sempre climas artificiais de estados de espírito e humor.


É como se tivesses de andar sempre num estado permanente de hiper-tiroidismo social para seres bem sucedido entre os pares cinzentos que, no fundo, se ressentem com o teu estado mas não toleram que possas ter outro...


O Padre Jorge (acho que já te falei dele) lembra com alguma mágoa que quando atravessava a puberdade andava sempre em baixo (como todos os que não andam ao pontapé nas traseiras de prédio têm de andar) e quando lhe perguntavam "Então, Jorge, como estás?" ele respondia com um invariavel (mais muito honesto) "Mais ou menos" até que um dia uma pessoa perguntou ao Pai dele porque é que o Jorge estava sempre em baixo (Vês? Mesmo que a palavra MAIS esteja lá, as pessoas concentram-se na menos). Quando o pai chegou a casa proíbiu ao Jorge a customeira resposta - para evitar perguntas embaraçosas e pensamentos nas pessoas - e foi instruído a dizer que estava TUDO BEM (sempre).


Claro que um dos motes favoritos dele, hoje, passados 50 anos é "Ser bom não é ser banana" e esforça-se para que os jovens que estão perto dele sejam verdadeiros com eles próprios não atraiçoando o seu EU em prol do outro. Bom, mas não banana! Também não se refreia de nos fazer sentir quando está zangado ou triste ou exasperado. Pode ser desconcertante numa sociedade que se quer alegre e de sorriso permanente, mas não deixa de ser um conforto de verdade.


Mas não te preocupes com a tua falta de resposta com os mais da tua vida; quase nunca a pessoa que faz a pergunta está interessada na resposta. Não te sei dizer quantas vezes por dia - na empresa - me fazem essa pergunta e nem esperam pela resposta dizendo tout cour "Ora ainda bem" sem eu dizer palavra.


Não nos ouvimos verdadeiramente. Ou não precisaríamos de perguntar :)



ONDE é que é essa foto horrorosa??????

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