Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Shame on you, Ricardo
“Não poderia deixar de me referir a este assunto a partir do momento em que se tornou público. Tinha e tenho por este atleta reconhecida e sentida amizade cimentada por largos anos de contactos, estágios, jogos e tudo o que envolve a Selecção Nacional. Por aqui esteve durante 75 jogos na equipa principal e mais trinta noutras selecções. Um dia, num treino nas Antas, Pinto da Costa, durante um treino da selecção com o FC Porto, disse que aquele jovem júnior que estava a central seria o sucessor natural de Fernando Couto. E assim veio a acontecer. Fez uma carreira notável durante todos estes anos e Portugal deve estar-lhe agradecido pela sua entrega e enorme capacidade.
Ontem porém, quando nada o fazia prever, tomou uma atitude que nunca deveria ter acontecido. Mas aconteceu e infelizmente o filme das nossas vidas e dos nossos actos, não pode ser rebobinado. Ricardo Carvalho destruiu em minutos o que havia amealhado de simpatia durante todos estes anos. A opinião pública e os adeptos julgarão o seu acto insensato e perturbador. Até a forma simples como o consumou demonstra que não houve a mínima reflexão, tornando-se refém de um sentimento e de uma decisão que concerteza já o devia rondar. Procedeu mal, muito mal, mas nada há já para fazer neste domínio. Chipre está aí e a vida continua, agora é preciso ganhar. Todos nós passamos mas a Selecção Nacional perdurará, por muito mal que de vez em quando um ou outro lhe faça.”
Diz o povo, na sua imensa e inimitável sabedoria, que deve deixar-se falar quem efectivamente sabe da poda. Por isso, sobre esta controvertida questão que envolve o Ricardo Carvalho, preferi citar as palavras de Carlos Godinho (http://todossomosportugal.blogspot.com/), um símbolo do que de melhor tem a Federação Portuguesa de Futebol. Também eu sempre admirei Ricardo Carvalho, também eu acho que um singelo erro fez ruir toda a admiração de um povo. Não sei se foi por vedetismo que não lhe conhecíamos, por escassez de humildade, sei apenas que isto representa a queda de um ídolo. Apenas um caminho resta agora a Carvalho, independentemente das circunstâncias que ditaram o impensado acto: pedir humildemente desculpas aos portugueses e aos seus colegas (e a Paulo Bento, se este não tiver tido conduta recriminável para com Carvalho, o que muito me espantaria). Porque o interesse nacional nunca deve soçobrar perante os interesses particulares e quase sempre egoístas dos indivíduos.
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2 comentários
De A. M. Almeida a 02.09.2011 às 10:28
De Teresa a 02.09.2011 às 14:46
Chegávamos ao destino com 12 mal amanhados, era só dar uma canelada a um e uma cabeçada a outro e estávamos feitos.
Não tinha o direito de fazer o que fez. Quer dizer direito tinha, tanto que fez; mas não devia.
Tirou brilho a uma carreira que não merecia isto. Quando o homem se acha mais importante do que o atleta dá nisto :(.
Tenho pena. Por ele, por nós e pelo jogo...