Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
La Coca
La Coca é um romance de regresso ao passado, dos caminhos tomados e das razões para essas escolhas. Pelo meio é um apanhado de histórias sobre o tráfico de droga no Minho e Galiza, de personagens duras que cheiram a perigo, um passeio pelas memórias que percorrem a vida do narrador. Pelas margens das desventuras do passado o autor revela-nos um Portugal violento que o provérbio sobre os brandos costumes teima em negar. Mas bastaria olharmos para a subida em flecha dos números da violência doméstica em Portugal (descontando, claro está, a maior divulgação do fenómeno e alterações técnico-jurídicas que permitiram uma crescente denúncia do fenómeno) para percebermos que somos tudo menos um povo pacífico. Estranhamente, ou não, diria que essa violência está muito direcionada para os que nos estão próximos, conclusão também confirmada pela percentagem de condenados por homicídio conjugal face ao número total de homicídios (14%). Rentes de Carvalho conhece-nos e sabe que o nosso sangue latino lateja fervilhante nas têmporas. Mesmo que não tenha sido essa a intenção do autor, este livro é também uma chamada de atenção para o que aí poderá vir. Os tempos estão para isso.
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2 comentários
De Teresa a 18.11.2011 às 21:19
Claro que poderão dizer que uma coisa não obriga a outra (não obriga! não deveria obrigar!) mas também não deixa de ser verdade que são esses mais próximos que "fizeram" subir o endividamento particular assiim como serão esses, se não devidamente educados para estar no mesmo barco - solidarizando-se e ajudando - a exigir que se mantenha o mesmo a todo o nível.
Daí a pensar em acabar com tudo numa mente desesperada é um passo...
Mas a sociedade que J Rentes de Carvalho retrata nesse livro também era muito diferente e muito isolada... hoje um empurrão para entrar no Metro, uma ultrapassagem pela direita podem propiciar a algo que - naquele tempo - era visto quase como o anti-Cristo.
Tenho seguido o blogue dele e é tão interessante e nosso... às vezes até sinto a pronúncia transmontrana a querer tomar pulso.
Abraço e bom fim-de-semana!
De bolaseletras a 18.11.2011 às 22:33
Bom fim-de-semana, bjs!