Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
O mistério de uma nação acabrunhada
Ando com muito pouca vontade de falar de política e do estado da Nação, não será difícil perceber porquê. Ainda assim, quando o Luís M. Jorge se questiona sobre a razão da súbita anomia dos portugueses face a esta avalanche de austeridade Passista, ponho-me a reflectir. Sem dúvida que esta falta de reacção e fraca contestação às actuais políticas governativas contituem um mistério que merece ponderado estudo. Ponho-me a olhar para trás, para o lado, para mim, para quem me rodeia no trabalho, na fila do supermercado e penso ter descoberto um ponto de partida para a explicação desse mistério. Sinto-me capaz de afirmar que a convicção com que Sócrates durante anos defendeu que íamos no bom caminho quando o buraco estava cada vez mais fundo fez com que muitos de nós passassem a acreditar no contrário do que o homem dizia. Preferimos agora que nos digam na cara que isto está mau, que os sacrifícios são a saída e que mesmo assim provavelmente teremos de cortar ainda mais dedos. Cansados das promessas luminosas e alucinadas preferimos agora a dureza da realidade. Sócrates abriu o caminho para o que Passos está agora a fazer com este estranho e silencioso apoio, quase que um consentimento envergonhado. A ironia de tudo isto acaba por ser fantástica ou, quiçá, assustadora.
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6 comentários
De Maria João Castro a 15.04.2012 às 13:22
Estávamos fartos de mentiras, principalmente porque a maioria delas entrava pelos olhos dentro dos mais informados e sensatos. É sempre preferível uma verdade pura e dura, do que fazerem de nós parvos. O problema é que agora paga o justo pelo pecador.
Quem, como eu, nunca se endividou para pagar luxos e futilidades e sempre pagou os impostos a tempo e horas, sofre as consequências dos atos dos outros por todos as vertentes, quer do lado dos rendimentos, quer do das despesas, como trabalhadora do Estado, como consumidora, como contribuinte, como proprietária de casa e de carro, como mãe, etc. Os outros que não tiveram (ou não quiseram ter) juízo continuam a viver à conta dos impostos dos que trabalham. É revoltante!