Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
O regresso à rua...
Quarta-feira, 11.07.12
...e o fim dos medos. Uma mudança exterior e outra interior cada vez mais necessárias. Para quem tem crianças e para quem tem saudades dos tempos em que éramos verdadeiramente crianças, verdadeiramente livres. Um excelente artigo de Alberto Gonçalves: Os tempos enclausurados
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3 comentários
De Teresa a 12.07.2012 às 17:43
Alberto Gonçalves deveria ser consciente de que mexendo numa peça mexes no jogo todo.
E de certeza que na realidade que ele relata como sua há 30 anos havia alguém em casa não só para assegurar que os pequenitos malandros estavam aonde diziam estar mas também para tratar de aspectos básicos como a alimentação dos petizes - uma mãe, uma avó, uma tia...
Hoje a mãe, a tia, o pai e a avó trabalham. Saem de casa às 7 horas e voltam às 19 horas...
Os amigos na altura eram os miúdos do prédio ou dos prédios ali à volta. Lembras-te? Os amigos agora são da escola, do judo, dos escuteiros e da catequese (ou seja onde eles passam o tempo onde não estão a dormir)... não há uma concentração geográfica dos mesmos que facilita a pândega do bairro. Estás a ver o teu Miguel a dizer que vai ter com o Toni... a Chelas?!?!
Mudou tanta coisa: hoje esses terrenos que ele descreve são a evitar e as zonas habitacionais já não são pracetas... os parques infantis, onde os há, são vandalizados na primeira noite e mal frequentados a partir daí.
Mudou tudo!
Essas sugestões da revista têm a ver com os outros... os filhos dos que tinham de ir para os Olivais para, já há 30 anos, terem esses momentos de infância despreocupada e amiga, que na Praça do Chile já não havia.
E de certeza que na realidade que ele relata como sua há 30 anos havia alguém em casa não só para assegurar que os pequenitos malandros estavam aonde diziam estar mas também para tratar de aspectos básicos como a alimentação dos petizes - uma mãe, uma avó, uma tia...
Hoje a mãe, a tia, o pai e a avó trabalham. Saem de casa às 7 horas e voltam às 19 horas...
Os amigos na altura eram os miúdos do prédio ou dos prédios ali à volta. Lembras-te? Os amigos agora são da escola, do judo, dos escuteiros e da catequese (ou seja onde eles passam o tempo onde não estão a dormir)... não há uma concentração geográfica dos mesmos que facilita a pândega do bairro. Estás a ver o teu Miguel a dizer que vai ter com o Toni... a Chelas?!?!
Mudou tanta coisa: hoje esses terrenos que ele descreve são a evitar e as zonas habitacionais já não são pracetas... os parques infantis, onde os há, são vandalizados na primeira noite e mal frequentados a partir daí.
Mudou tudo!
Essas sugestões da revista têm a ver com os outros... os filhos dos que tinham de ir para os Olivais para, já há 30 anos, terem esses momentos de infância despreocupada e amiga, que na Praça do Chile já não havia.

De bolaseletras a 12.07.2012 às 18:07
É verdade, Teresa, o teu reparo faz todo o sentido. Os tempos são outros e as circunstâncias distintas. Mas ainda assim acredito que há algo que se poderia manter, alguma maior descontracção dos pais. Hoje é raro ver miúdos de 10 anos brincarem em grupo junto aos prédios, no jardim ou na calçada em frente, jogando à bola, caindo, rindo e batendo-se sem a presença de adultos. Eles aprendiam a resolver os seus assuntos, hoje parece que há um medo constante de que eles tenham que decidir por si. Os tempos são outros mas acho que nem tudo tem que mudar.
De Teresa a 12.07.2012 às 21:41
Tudo irá mudar.
Eu tenho esperança que com os probl€mas que se advinham haja um regresso a algumas coisas como "mandar" os miúdos para casa dos Avós e esses, sim, incentivarem esses contactos simples e despreocupados...
Tu não tens tempo para conhecer os vizinhos quanto mais para topares a pinta dos filhos
Os meus, a determinada altura, deixaram o colégio e entraram na escola pública. O coração aperta mas passado algum tempo tu vês que aprendem muito mais a desenvencilhar-se sozinhos e a pensar, a usar as capacidades de decisão e autonomia.
Mas não moro na selva de betão e isso pode fazer, alguma, diferença.
Eu tenho esperança que com os probl€mas que se advinham haja um regresso a algumas coisas como "mandar" os miúdos para casa dos Avós e esses, sim, incentivarem esses contactos simples e despreocupados...
Tu não tens tempo para conhecer os vizinhos quanto mais para topares a pinta dos filhos

Os meus, a determinada altura, deixaram o colégio e entraram na escola pública. O coração aperta mas passado algum tempo tu vês que aprendem muito mais a desenvencilhar-se sozinhos e a pensar, a usar as capacidades de decisão e autonomia.
Mas não moro na selva de betão e isso pode fazer, alguma, diferença.