Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Deixem-se de merdas
É uma infeliz característica de muito bom cidadão português, a da desculpa esfarrapada. Em termos olímpicos, a moda é tudo menos desconhecida, mas terá ganho maior fama com a famosa desculpa do lançador de peso Marco fortes, quando a coisa não lhe correu bem há 4 anos atrás. Segundo o simpático atleta, ele de manhã estava bem é na caminha e para mal dos seus pecados a prova olímpica realizou-se a desoras para o seu frágil biorritmo. Nos Jogos de Londres, em menos de 24 horas já ouvi as seguintes justificações para resultados que não satisfizeram os atletas lusos que os obtiveram:
- Um profissional do ping-pong queixou-se de ter sido perseguido pelos árbitros, que lhe marcaram faltas inconcebíveis no serviço que o desestabilizaram;
- Um nadador que ficou em último lugar na sua série falou sobre qualquer coisa imperceptível como as regras de uma federação que demoraram a ser aprovadas e, claro, lhe atrasaram a preparação;
- Um praticante de tiro, que até obteve uma posição honrosa, referiu que acordou muito cedo e que portanto só terá tomado o pequeno almoço e petiscado qualquer coisa até à hora da sua prova. Ah, claro, refere para finalizar que se não tivesse sido assim podia ter conseguido mais e melhor;
- O ciclista Rui Costa não se queixou directamente de nada, mas o presidente da federação das duas rodas não se coibiu de referir que foi pena o Rui não se ter sentido muito bem de manhã, pelo que só ingerira líquidos e se calhar isso lhe tirara forças…
Meus amigos, caríssimos atletas, todos sabemos que muito dificilmente vocês chegarão às medalhas. Com excepção da Telma Monteiro e do João Pina, os vossos resultados pessoais são muito inferiores aos dos vossos adversários. Como tal, espera-se que tenham um comportamento digno, que nos honre, se puderem superar-se melhor ainda, mas, por favor, deixem-se de desculpas infantis e ridículas. A pátria agradece.