Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Tristes cenas
A tristeza devia ser só nossa, viver encerrada em nós, tratada com discrição e acarinhada no seu leito de dor. A tristeza é feia, contagia, não devia ser partilhada. Sobretudo, a tristeza é sempre ridícula, ou porque há tristezas maiores e mais respeitáveis ou porque querendo-se ou não é sempre um sinal de fraqueza. O mais fácil é deixar que a tristeza tome conta de nós. Difícil é abraçar a felicidade, persegui-la, aprisioná-la nos nossos braços nus e repletos de feridas da vida. Um homem de milhões de euros, de milhões de adoradores, de mulheres que valem milhões não pode agir como um triste homem de tostões. Ronaldo tem direito à tristeza, mas não a apregoá-la e a procurar a compreensão de um mundo que só se pode rir de quem tanto tendo se diz triste. Os milionários têm direito à tristeza, mas não a roubar dos remediados o seu quartinho escuro e confortável, a sua tristeza.
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8 comentários
De Teresa a 06.09.2012 às 21:34
Acho que a muita gente lhes dará para verem que afinal tendo (tão) menos podem sentir-se bem melhor... nada que um Português goste mais do que ver alguém com problemas maiores do que os próprios
O que me espanta a mim foi as pessoas terem reagido como reagiram. Como se ele não pudesse dizer o que lhe vai na alma só porque tem mais, ou diferente, de nós.
Ainda bem que não vem aí um novo Dilúvio e se vier não toca às pessoas escolher quem irá na Arca. Porque se fores bonito, tiveres algum talento ou acharem que és ou tens estás lixado. Já foste.
Ainda bem que ele está triste*. E que percebendo o porquê já pode partir daí e resolver o assunto. Nada pior do que empurrarmos para baixo e no pasa nada. Claro que quem anda infeliz é um mundo que ouvindo uma coisas destas en passant a transformam no evento mais importante do ano depois do corte do subsídio de Natal e de Férias.
Ronaldo, não 'tejas triste e dá-me a tua camisola!!!
* existe um (tristemente) famoso clube 27 de gente talentosa, rica, na maior parte muito bonita que também vivia triste. Mas não dizia. Não podia dizer. E como não tinham controlos de dopping nem que jogar para salvar clubes e selecções afogaram a tristeza ou abafaram-na... it was about time, Ronaldo!!!
De bolaseletras a 06.09.2012 às 22:04
De Teresa a 06.09.2012 às 22:39
São feelings que as pessoas têm... ou não.
O que quer que seja, vale assim tanto tempo de antena? Tanta cobertura mediática?
Só te digo que dá cá um jeitinho ter um Ronaldo para bombo da festa .
Não há notícias ou as que há não interessam e desenterra-se o Ronaldo...
Vivemos num permanente estado de maledicência e adivinhação em relação aos motivos das coisas e das pessoas... isso sim é triste.
Se não é a Princesa Letizia, é o marido da Cristina Ferreira ou da Maíza... o Tallon já não aparece há algum tempo mas pode ser repescado - 5 minutos na banca dos jornais e ficas triste. Em Espanha a mesma coisa. Em Inglaterra a mesma coisa. E as pessoas não vêm que a 2 ou 3 € por revista os Impérios crescem e tudo espremidinho não aprendeste nada. Nem na secção mais "culturista" da coisa
Vês as revistas do coração e é só especulação e javardice. E quando nem isso já vende, manda-se buscar o Ronaldo. A quem ninguém liga demasiado a não ser quando é para desopilar os fígados.
Agora quem está triste sou eu E nem tenho de "levar" com Espanhóis todo el santo dia
De bolaseletras a 06.09.2012 às 23:02
De Teresa a 07.09.2012 às 11:14
Ninguém melhor do que a vítima para saber o que lhe acontece (ou não) de acordo com o que faz ou não faz.
O que eu não consigo perceber é o porquê de acharem que ele não pode dizer uma coisa dessas... não é muito diferente da poor-me atitude de um Figo porque os impostos em Portugal são muito altos ou do Alonso porque o Hamilton ou outro não o deixam passar ou do Kaka, ou do Ronaldinho, ou do, ou da... todos eles tiveram momentos desses. Têm. Vale o que vale. Então porque a diferença no tratamento e no "impacto"?
Ah, espera. É diferente, porque é o Ronaldo. Porque é Portugal. E isto distrai do artigo da Nova Gente que conta a vida infeliz do filho do Tony Carreira a quem o pai ainda não visitou nos bastidores de uma novela qualquer porque tem de trabalhar... ou de como a Princesa de Gales está desde o alto dos Céus a impedir que a Kate engravide... ou de que a Sónia Brazão se tentou suicidar... ou não (conforme a revista que compres, e ambas consumidas com o mesmo fervor evangélico).
Como dizia um emigrante na praia este Verão - depois dos filhos incomodarem toda a gente durante horas - ca c'est suffi, non????