Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Da série o cantinho da música portuguesa: Heróis do Mar
Os Heróis do mar sempre estiveram muito à frente do tempo em que surgiram e em que depois brilharam. Nascidos para a música em 1981, houve quem entendesse a sua postura, forma de vestir e a própria escolha do nome do grupo demasiado virado à direita, como que um revivalismo dos gloriosos tempos do Estado Novo. Confesso que se a música é boa pouco me interessam as opções ideológicas dos seus intérpretes. Os acordes são o core business de uma banda, os posicionamentos políticos dos seus membros pertencem à sua esfera de liberdade.
Bom, mas indo ao que interessa, a música. Destaco duas canções que em tempos idos inundaram os ouvidos dos portugueses de paixão e amor. Da música "Amor" ficou-nos um refrão que dá que pensar ("Com o amor, não me mataste o desejo") o que nos conduz à idéia de que confundir amor e desejo pode não ser uma confusão certeira. Por outro lado, com a viciante canção "Paixão" os Heróis do mar entregam-nos nos braços da fatalidade de um sentimento que arrebata vidas e que faz viver, mostrando como o desejo de não largarmos esse fogo que nos consome é o inequívoco sinal do estertor da paixão ("Paixão, paixão, não vais fugir de mim. Serás paixão, até ao fim"). Mundos perfeitos, sentimentos perfeitos? Pois é, fechados para balanço.