Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Uma questão de números
“Apesar de dizermos que não somos números, quando falamos de nós, é de números que falamos: do que ganhamos, do que compramos, do que pagamos, do que temos. É com números que hoje definimos a nossa identidade, o nosso estatuto, o nosso bem-estar e as nossas expectativas. É por causa dos números que protestamos. Ao dizer que não somos números, queremos então dizer o quê? Talvez isto: que nós próprios somos os únicos juízes de quanto devemos ganhar, comprar, pagar, ter – e que ninguém pode fazer contas ao que queremos ou precisamos.”
Faz falta quem nos diga que andamos todos a gritar ao vento sem perceber o vento que passa. As palavras acima são da última crónica de Rui Ramos no “Expresso”, uma das vozes mais avisadas deste nosso país órfão de vozes que valha a pena escutar. Não somos números mas vivemos obcecados por cifrões. Pelos que temos e não temos, pelos que reclamamos merecer mas pouco fazemos por isso, pelos que não nos pertencem mas que pedimos emprestados, mutuados, empurrados para os nossos bolsos sem fundo. Para podermos ser considerados algo mais do que números temos que reeducar todo um estilo de vida e de sociedade que se sustentam sobre os pilares que estes alimentam. Temos que nos habituar a fazer os actos convergir com as palavras, convém que o que pregamos esteja de acordo com a religião que professamos. Também é por isto que chegámos a este buraco escuro e sem fundo.
Autoria e outros dados (tags, etc)
7 comentários
De Teresa Faria a 27.11.2012 às 22:42
Antes de mais, dizer-te que eu já não serei assim tanto a excepção à regra... felizmente já andam muitos mais malucos por aí!
Depois pedir-te que atentes bem ao que escreveste neste teu comentário.
Já está?... Repara como te aproximas mais da "minha" verdade do que da dos números...
Eu também não vivo despojada, António. Gosto muito da minha casinha, do meu carrinho, dos meus confortos, de alguns mimos... Não sobrevivo a pão e água, vivo plenamente! Simplesmente o meu "viver plenamente" não tem como foco principal os números, mas sim os seres.
A única diferença entre nós é que enquanto tu dizes "Há tantas pequenas coisas que nos podem ajudar a ir esquecendo os números", eu digo "Há tantas grandes, grandes coisas que tornam os números minúsculos..."