Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Das contradições internas desse bicho, o ser humano
"Tough love", fotografado por Steven Klein
O amor nunca foi um passeio por uma alameda paradisíaca ladeada por anjos celestes, docilmente dedilhando as harpas da felicidade. O amor é coisa dura, tarefa para gente sem medos, empresa para os que nada receiam. Todos têm acesso ao bilhete para o espectáculo do amor, mas poucos são os que dignificam esse magnífico evento que a vida, mal ou bem, nos vai proporcionando. O povo diz que quem feio ama bonito lhe parece, mas bastas vezes é esquecido, por esse povo que tanto ama amar, que o bonito que os amantes projectam no objecto do amor é não raras vezes a beleza que procuram ver, mesmo que ela seja uma realidade inexistente. É essa insistência em procurarmo-nos nos outros, reconhecermo-nos neles, encontrando assim o conforto ideal para podermos amar, que demasiadas vezes é o fruto do fim do amor. A vontade ou o impulso do amor é, acreditem que é mesmo (!!!), um grito inconsciente que libertamos, um “estou farto de mim, preciso de ti!!!”. Porque traímos então essa fuga de nós com a busca de nós? Não faço a mínima ideia, ninguém o sabe. O amor também é isto.