Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
A violência e o escárnio - Albert Cossery
Como combater o poder político instalado, a tirania vigente, sem lhe dar demasiada importância? Essa resposta surge na brilhante obra de Albert Cossery, "A violência e o escárnio". O combate político de um grupo de amigos passa pela criação de situações burlescas que ridicularizam o despótico governante. A trama desenvolve-se acompanhada por uma reflexão irónica sobre o poder, a dessacralização deste por intermédio de uma teatral e divertida farsa que o expõe na sua frágil e artificial seriedade institucional.
Pelo meio, cruzamo-nos com o Egipto e as vivências árabes, com hábitos que nos soam estranhos. Cossery, o escritor da preguiça, exemplificou com a sua filosofia de vida um novo modo de encarar os ritmos da sociedade actual. Com esta obra, mostra-nos o que para ele é o melhor método para combater o status quo: acima de tudo, convém não levar o sistema a sério. Apesar de ser essa a maior aspiração daqueles que dominam o sistema, é fulcral que os não levemos a sério. A preguiça, essa boa conselheira, recomenda a violência sob a forma de escárnio.