Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Dramas leoninos ou os 3 estarolas
Let´s get back to the basics! Sim, um tipo dos Olivais que escreve sobre livros e afins arrisca-se a ser desconsiderado pelos seus pares. E sejamos sinceros, aquilo em que um olivalense de gema se destaca é na análise apurada ao fenómeno futebolístico. Livros é giro e tal mas a malta gosta é de bola.
Gosto do Paulo Bento. Uma primeira leitura atenta do primeiro post deste blogue poderia dar a ideia contrária, mas não, o Paulo é um gajo porreiro. Pronto, alguma influência terá no facto das assistências no Alvalade XXI andarem pelas ruas da amargura. Arriscaria dizer que o Paulo convenceu a massa adepta de que os árbitros nos querem tão mal que não há a infíma possibilidade de sermos campeões. Mas não, os caminhos do Paulo são mais intrincados do que isso, eu é que ainda não consegui descobrir o atalho para chegar à Luz (não confundir com a Luz, albergue de malta pouco fina).
Caso 1 e 2 (uma e a mesma coisa):
Caso 1 - Miguel Veloso
O Miguel é um rapaz com bom ar, dizem (não estariam concerteza à espera que fosse eu a afirmá-lo). Não sei se o seu bom ar é suficiente para que possa sofrer do "estigma menino bonito Dani" encaminhando-o para um destino de passerelles, apresentador de TV frustrado ou frequentador bem pago de revistas da socialite. O estigma referido foi, naquele seu estilo inimitável, definido pelo grande Paulo Futre numa curta e fulminante frase: O Dani era demasiado bonito para ser jogador de futebol.
Mas não, não me parece que seja esse o caso do Miguel. O Miguel, tal como o Yannick, pensam que ganham pouco. Não me vou pronunciar sobre a falta de razão deles ou sobre o facto de estarem com carradas de razão. Mas o que é certo é que olham para o lado, para o Moutinho, o Liedson, o Polga, o Izmailov, o gordo e sentem-se injustiçados. Estou mesmo a ver as mulheres, namoradas, pais, empresários a encherem-lhes a cabeça da ideia de que eles mereciam muito mais. Tinha tudo para correr mal. Não vou apontar soluções, mas a questão é exactamente essa. Também não deveria ser o Paulo a tentar encontrar soluções e a dar o corpo, a cara e o crédito já ganho, por uma Direcção que não resolve os problemas que cria ou que naturalmente surgem numa equipa.
Ah, e é filho de lampião. Só podia dar merda.
Caso 2 - Yannick Djaló
A mesmíssima coisa. Só que este dá-me mais pena. Há anos que não surgia em Portugal um ponta de lança com as suas características. O sentimento de injustiça e inveja vão impedi-lo de evoluir mais, vão sobretudo afastá-lo do clube que o fez gente e jogador. E isso vale mais do que os milhares que não lhe pagam. Eu bem sei que ele e o Miguel assinaram os seus contratos de livre vontade, mas também sabemos que o futebol não se rege pelos habituais princípios da sociedade e do direito. Há que torcer a espinha para poder seduzir os melhores, valorizá-los, usufruir dos frutos e títulos que por cá vão deixando e, depois sim, receber o bolo generoso de um investimento bem trabalhado e acarinhado.
Caso 3 - Vukcevic
Tem cara de maluco e essa expressão de loucura é a prova inequívoca da sua genialidade. É preciso uma sensibilidade genial para lidar com jogadores destes. Não peçam isto ao Paulo, homem correcto, honesto como poucos, que gosta de tudo certinho e alinhado como as figuras geométricas que desenha para o esquema da equipa. Um caso perdido, para mal das dores leoninas. É por estas e por outras que aqueles milhares que iam ao estádio para ver fantasia, dribles, bicicletas e quejandos ficam agora em casa a ver o Arsenal e o Barça. Infelizmente, como os compreendo.
Afinal a bola não é muito diferente dos livros, da vida. Dinheiro, génio, loucura, inveja. Está lá tudo.
Tony Almeida (vá, desta poupo-vos ao trocadilho)
Autoria e outros dados (tags, etc)
3 comentários
De Sapo que ja foi gordo de Macau a 25.12.2008 às 14:08
Então o ultimo dos fantasistas decide-se render ao mundo dos blogs, como se não tivesse mais nada para fazer da vida. Já estou a ver a cointada da "A" a limpar, cozinhar, passar a ferro, etc, enquanto o lord manda bitaites no computador entre duas coçadelas de "tomates" e um "ò querida traz-me aí uma cerveja que agora estou a responder ao Puto Estupido e não me posso levantar!" Enfim aquela escravatura e ditatura caseira a que eu proprio assisti...
Gostava de ver algumas das tuas perolas de sabedoria como aquela "pomba branca da m..." que tanto impressionou a comunidade estudantil do liceu de Macau, já lá vão alguns anitos...
De qualquer maneira, bem jogado camarada, serei cliente habitual e apesar de gostares do Paulo Bento, estás perdoado..."quem nunca errou que atire a primeira pedra", e daí até que gostamos Paulinho lá no norte carago!
Aquele abraço e até sempre irmão!