Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Diz que a Sara Sampaio também andou por Capri
Vivemos tempos em que o politicamente correcto impera. Uma das manifestações destes ventos de pureza e de comportamentos polidos e sem mácula percebe-se no extremo cuidado que deve ser colocado em tudo o que respeita ao belo sexo - o feminino. Piropos são conversa do diabo, abrir a porta para deixar passar a colega ou a vizinha é uma inadmissível demonstração da superioridade do macho ibérico, o bom e velho flirt é meio caminho andado para um processo por assédio. Assumo-me como um velho e clássico cavalheiro, daqueles que abrem a porta para dar passagem e coisas ainda bem mais ancestrais, como o não me sentar antes das donzelas. Este comportamento cavalheiresco não me impede de apreciar a beleza das mulheres, seja ela espiritual ou física. Idolatro mulheres inteligentes e com sentido de humor, da mesma forma que aprecio muito um belo palminho de cara ou um corpo de perigosíssimas curvas. Nada disso me fez alguma vez desrespeitar as mulheres, antes pelo contrário. E é isto, para o mal e para o bem, sem questões nem questiúnculas. Um bem-haja a todas e a todos.
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A beleza oculta - Santorini
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A beleza oculta - Capri
A beleza rodeia-nos, sufoca-nos e, incrivelmente, tantas vezes nos escapa oculta por desejos inconfessáveis. As maravilhas da natureza selvagem, das cidades esculpidas pelo homem diluem-se demasiadas vezes nos nossos instintos mais básicos. A luxúria remete a beleza para pano de fundo, uma mulher fisicamente irresistível impede-nos de apreender as qualidades intrínsecas que todo o seu ser encerra. Não basta olhar, é preciso ver. Não basta desejar o que está à vista, é preciso querer o todo. Inicia-se aqui, com a bela ilha italiana de Capri, uma série sobre a beleza oculta. Disfrutem.
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O Verão é...
...sangria estupidamente gelada, vestidos às bolinhas, decotes esfusiantes ofuscados por gelado ardente de um só sabor, o inigualável lábios em calda de pecado mortal...
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O Verão é...
...Gisele Bundchen.
Não temer o inatingível, sorrir perante a inevitabilidade do não, sonhar com o que teria sido o sim e, 20 anos passados, deixar escapar numa roda de amigos que esteve tão perto o paraíso.
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Gente feita de gente
Elizabeth Taylor a descansar, durante as filmagens de "Suddenly, Last Summer" (Espanha, 1959)
Precisa-se de gente que abra, gentilmente, alas para quem vem da esquerda ou da direita,
gente que não corra
que não salive quando vê o amarelo beijar o calor assassino do vermelho
homens e mulheres que respirem a serenidade de nuvens imperfeitas
de suspiros de algodão em forma de bolas de sabão
nuvens que não sabem se chovem ou se serenamente flutuam
indecisas entre imitar redondas baleias ou tesouros do tamanho do sonho das crianças.
Procura-se gente que não pergunte por razões
almas despidas de porquês
senhoras que não pintem os lábios ou tisnem os olhos,
mulheres com pestanas que se deixem levar p´lo vento sem toques nem retoques.
Anseia-se por homens com simpáticas e sorridentes barrigas
machos sem machezas nem mulherezas
apenas homens que riem alto quando ninguém dorme
e que ressonam quando a noite cai.
Buscam-se crianças de joelhos esfolados
com cheiro de riso e de relva molhada
tristes e felizes petizes de lágrimas embrulhadas em gargalhadas tolas
redondos de tanto chutar bolas
esqueléticos de tanto correr,
como se o mundo e a felicidade de o descobrir fossem uma estrada sem fim.
Precisa-se de gente feita de gente.
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Os nomes
“Give your daughters difficult names. give your daughters names that command the full use of tongue. my name makes you want to tell me the truth. my name doesn’t allow me to trust anyone that cannot pronounce it right.” — Warsan Shire
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É todos os dias e não apenas quando o homem quiser
Hoje de manhã ouvi na rádio uma mulher forte - como todas as mulheres o são, mesmo que não mostrem, mesmo que alguém não permita que elas revelem toda a sua indomável força – que o feminismo mais não é que lutar por direitos e deveres iguais para homens e mulheres. Comentando isso com outra mulher igualmente forte - uma mulher extraordinária que sempre derrubou todos aqueles que lhe queriam derrubar essa força – dizia-me ela que a irritava sobremaneira aquelas mulheres que davam mau nome à causa e ao género dizendo que não queriam nada disso, que queriam continuar a usar saias e a ter o direito de vestir as suas filhas de cor de rosa. Eu, como não quero meter a foice em seara alheia, digo apenas que este dia serve sobretudo para nos lembrar a vergonha que é termos que assinalar um dia que deveria ser, naturalmente, todos os dias. Ainda assim, deixo aqui uma singela mensagem lida num qualquer mural de um qualquer instagramer que bem parece saber o valor da mais bela flor da criação:
Feliz dia da mulher
A força que brota
do seu coração
faz nascer o sol
na vida daqueles
que te rodeiam
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Desgraça
Ligeiramente perdido nos pensamentos, enquanto faço tempo para que resolvam mais um bug informático dos tempos modernos descubro, por entre dossiers antigos de reuniões vetustas, um dos livros que mais me perturbou nesta já longa carreira de leitor, hoje tão tristemente adormecida. Folheio as páginas e encontro assinaladas as passagens de um diálogo brilhante, machista, misógino e despudoradamente belo como só a literatura o sabe ser, em todas as suas contradições e intermináveis sentidos. Um livro pode causar-nos repulsa e tornar-se inesquecível, um autor pode ser um filho da puta e um (in)questionável génio.
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Da beleza