Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Devolvam-lhes os joelhos esfolados
Hoje a escola do mais novo promoveu uma visita virtual, em direto, ao jardim zoológico. Não foi fácil esconder a emoção pela alegria do rapaz, como se estivesse a viver a experiência ao vivo. Também não foi fácil conter no peito a raiva por esta puta desta pandemia lhe ter tirado as sensações reais, o cheiro dos animais, a proximidade, os gritinhos de excitação em pleno jardim zoológico. Somos dos países que mais fechou as crianças em casa, na prisão das aulas virtuais, para proteger a sociedade (???), como se os decisores tivessem esquecido as conhecidas e vincadas fragilidades do nosso sistema educativo. Salvámos o Natal e tramámos o futuro próximo dos nossos filhos, esperemos que não irremediavelmente. Os senhores da razão e das leis defendem-se com o factor imprevisibilidade, esquecendo por completo tudo o que podia ter sido previsto e antecipadamente combatido com planeamento. Gere-se ao dia e em cima do joelho, porque, alegadamente, o vírus é imprevisível. As filas de dezenas de ambulâncias à porta dos hospitais desapareceram uns dias depois, quando alguma alma iluminada se lembrou de fazer a triagem dos doentes que vinham nas ambulâncias dentro das próprias ambulâncias, evitando as filas de luzes e sirenes de espera para se entrar na triagem do hospital. É tudo tão poucochinho, meu Portugal, as nossas crianças mereciam tão mais dos senhores que os seus paiszinhos sentaram nos vetustos cadeirões das decisões.
Quando isto acabar lembrem-se de devolver aos vossos filhos tudo o que lhes foi tirado. Correrem na rua, caírem na calçada e na relva, pegarem em tudo o que são paus e pedras, esfolarem os joelhos sem dó nem piedade, chutarem a bola sem parar, rirem que nem loucos alucinados na sua inexplicável felicidade. Quando isto acabar amem os vossos filhos e dêem-lhes não menos do que eles merecem, devolvam-lhes esta parcela de infância que lhes foi roubada. Vejam lá isso.
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8 comentários
De Anónimo a 04.03.2021 às 10:47
O que é que muitas pessoas ainda não entenderam que o vírus se propaga com a aglomeração e proximidade de pessoas?
Já chegam os que de todo tem mesmo de sair e ficar expostos.
De Anónimo a 04.03.2021 às 10:51
Recorda-se de Fátima ? Da festa do PCP ? Da Fórmula 1 no Algarve ? Outras tantas ? Onde estava o bicho então ?
De Anónimo a 04.03.2021 às 11:11
No fundo com a justificada impaciência e insatisfação relativas ao confinamento, pelas consequências enormes que acarretam à sociedade, o governo tem evitado confinar, o Natal foi um exemplo, mas algo é certo, só com o odioso confinamento, onde se encontram incoerências, é que se consegue que os números baixem, aqui e em todo o lado.
Acho que o problema está mesmo no dia-a-dia, porque quando se desconfina com todas as recomendações os números disparam.
De C.V. a 04.03.2021 às 16:00
Acha mesmo que os danos colaterais do combate ao vírus são menos prejudiciais do que o próprio vírus?
Não será melhor rever o excesso de mortalidade por outras doenças em comparação às quais o vírus apresenta um número irrisório?
De pedro a 04.03.2021 às 14:45
Ao leitor resta a certeza que consi o sentada no cadeirao...nem pandemia teria avido (o teclado nao escreve a letra que falta ).
Nao sentimos falta de tais mestres, mas admiramos
De C.V. a 04.03.2021 às 16:10
De pois a 04.03.2021 às 20:02
Pais ( pai/mae ) que educam os filhos, fazendo-os sentirem-se vitimas de ladroes, gozam de total impunidade, ademais os serviços de psiquiatria nao comportariam tantos. Vou ser mais claro : tambem os pais deviam ser acompanhados , profissionalmente, e seguramente tantos seriam interditados.