Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Mais barriga do que olhos, para mal da nação
São inúmeras as irracionalidades que nos impedem de sermos melhores cidadãos e profissionais, mais produtivos, mais focados em atingir objetivos e menos em executar infindáveis e obscuras tarefas. Perdido no meio de tantos absurdos que nos caracterizam há um que bate todos, que deita por terra tudo o que de bom já fizemos numa produtiva manhã de trabalho. O almoço. O almoço, entre decidir onde ir estraçalhar um pernil ou aniquilar um cozido à portuguesa, arranjar mesa à chegada, entradas e aperitivos, escolher o prato, esperar pelo prato, comer enquanto se galhofa e conversa, sobremesa, cafezinho, digestivo, vai-vem de empregados para levar, trazer, limpar, pagar a continha, ah, sim, a facturinha com o NIF, um almoço em dia de trabalho facilmente consome hora e meia, não é de espantar que chegue às duas horas nem nenhum escândalo se passar das duas horas e meia. Não há reunião pós-almoço que comece a horas e que se enfrente com metade do fulgor matinal. E a barriga cheia? E os dois copos de tinto e a imperial de entrada que entorpecem o corpo e a mente? Querem reformar e salvar o país? Devolvam-nos os feriados e tirem-nos os almoços!