Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Não somos todos gregos, somos todos loucos!
Valerá a pena continuar a escrever e a perorar sobre a situação na Grécia? Não será o momento de parar para pensar? Não será loucura acrescentar mais loucura à completa insanidade do que os media nos vão oferecendo todos os dias? Bem mais importante do que opinar é ouvir quem sabe, é separar o trigo do joio, é encontrar a agulha da verdade cristalina por entre o palheiro da gritaria da turba. O Pedro Santos Guerreiro, fazendo jus ao nome, tem lutado incessantemente por chamar os bois pelos nomes neste chiqueiro em que se tornou a Europa. Deixo mais abaixo umas assustadoras pérolas de um excelente artigo que podem ler aqui.
“A União Europeia foi longe de mais na violência estéril e vingativa. Para destruir o Syriza está a ceifar-se um povo.”
“Repito: a Grécia vai ter uma recessão pior do que a que os Estados Unidos viveram na Grande Depressão de 1929. Repito: o plano económico vai falhar porque foi concebido para falhar. Repito: desistimos dos gregos e resistimos a ver o desastre encomendado.”
“Mas a Alemanha quis tanto destruir o Syriza, por vingança e por dissuasão a que outros países elejam partidos radicais, que perdeu a noção da força. Mais um pacote recessivo vai destruir mais economia e mais emprego numa economia já exangue.”
“Tsipras, o temível mastim indomável, está amestrado como um caniche. Dá dó. A direita rejubila. Também dá dó. Porque ninguém para, escuta e olha para perceber na loucura que estamos a patrocinar.”
“Percebe-se a pulsão de obrigar o país a adotar as reformas estruturais nunca adotadas, incluindo a de ter um Estado que funcione e que cobre impostos. Mas não é destruindo o espaço político e aniquilando a economia que tal vai ser conseguido. A violência na Praça Syntagma é desenrolada por grupos anarcas ruidosos mas pouco representativos. A miséria que se alastra, não: é de todos.”