Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Ontem levei o puto à bola
Ontem levei o puto à bola e foi um dia do caraças para os dois. Para ele porque aos 5 anos sentiu-se mais crescido, no meio de tanta gente, a sair do estádio à noite, a jantar cachorro quente com mostarda e ketchup, a ouvir alhos e bugalhos dirigidos a tudo o que mexia no relvado, que a malta da bola continua a ir lá muito porque aquilo é o local e o evento perfeito para extravasar muitas das suas raivas e frustrações. Muitos ansiolíticos se poupariam se os médicos receitassem aos pacientes: “Vão à bola, insultem o árbitro, o VAR, os adversários, os jogadores da vossa equipa, deitem isso tudo cá para fora”! Mas pronto, o puto extasiou com os cânticos, as bandeiras, a cor, a paixão, os golos gritados, com tudo!
Para mim o dia foi espectacular porque, novamente com o segundo rebento, consegui acertar com o timing perfeito para o baptismo leonino. Não consigo perceber os pais que dizem que os filhos são de outro clube que não o deles. Como muito bem disse um amigo leão, devemos dar-lhes liberdade de escolha até aos 3 meses. Se eles não a utilizarem, escolhemos nós o clube por eles, como é evidente. Por outro lado, foi bom recordar o motivo porque cada vez menos vou à bola, talvez umas duas ou três vezes por ano. A única vez em que me chateei no futebol, foi com um adepto do meu clube que insistia em insultar o Pedro Barbosa. Ao meu comentário para se calar, que Alvalade não era a banheira da Luz e que estamos ali para apoiar os nossos, gerou-se um burburinho que se via do outro lado do estádio (o clássico agarrem-me agarrem-me que eu vou-me a ele). Sei, por experiência própria, que isto também se passa na Luz e noutros estádios do país, pelo que o problema é certamente meu, que tenho o estranho hábito de apoiar a minha equipa durante os 90 minutos de jogo, guardando as críticas positivas, ignorantes ou simplesmente idiotas, para as restantes vinte e duas horas e meia do dia.
Sobre os pontos negativos, queria agradecer aos senhores da Liga, da arbitragem e a quem mais caiba no saco, a má utilização dessa óptima “farramenta” que é o VAR e que me impediu de explicar a uma criança de 5 anos porque é que o golo que fora há uns minutos já não o era. É também de salientar como é que em duas ocasiões, uma criança que não percebe por aí além das coisas da bola, me questionou sobre dois movimentos inacreditáveis do Senhor Doumbia: “Papá, porque é que ele não chutou logo à baliza?”, seguido, uns minutos depois, noutra ocasião de jogo de um “Papá, porque é que ele não chutou para a baliza?”. Segundo o nosso Senhor Jesus, o Rafael Leão tremia todo antes de entrar no jogo. Pelas poucos minutos que deu para ver do jovem Leão, prefiro um Rafael todo borradinho em campo do que um Doumbia cheiinho de experiência a cair de madura…vejam lá isso, Senhores!