Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Rescaldo da jornada da liga dos Campeões, enquanto masco uma pastilha elástica
Espicaçam-me alguns amigos e espantam-se outros por não terem lido por estas bandas comentários aos feitos leoninos na Liga dos Campeões, bem como às vergonhas vermelhuscas na mesma competição. Já aqui disse algumas vezes que me irrita sobremaneira seguir cegamente a carneirada e ter que escrever, quase por obrigação, o que todos os outros escrevem sobre os acontecimentos mais fresquinhos do dia. Não estava para aí virado, pelo que não o fiz. Agora, com alguma distância, talvez perceba um pouco porque não o fiz relativamente ao Sporting. Provavelmente, de forma inocente e inconsciente, custa-me perceber que o nosso bom comportamento nesse jogo e noutros nesta época se fica a dever, em grande parte, a esse extraterrestre no que ao universosinho do futebol português respeita, o fenómeno Nani. Como tanta coisa neste país, o Nani parece ser bom e caro demais para o nosso futebol e para o meu Sporting, pelo que por vezes me custa saber que para o ano já cá não estará. Se calhar foi por isso que não escrevi sobre a ótima exibição leonina contra os rapazes de Maribor e, em particular, sobre a estratosférica exibição de Nani - terá sido certamente um instintivo movimento defensivo com que o meu subconsciente me brindou.
Quanto ao Benfica, tal como o grande Jorge Jesus tendo a não lhe atribuir grande importância. Pelos vistos, é para consumo interno que JJ prepara as suas equipas, pelo que os insucessos externos são mero reflexo dessa pequenez de pensamento. O homem percebe de facto de bola, mas quando se trata de gerir (jogadores, treino, esforço, condições físicas e psicológicas, etc.) para isso já é preciso saber um pouco mais do que de bola, mas para esse peditório não contem com a esmola do mestre da chewing gum. Em alternativa, podemos sempre refletir sobre o facto de lá por fora, sem os limpinhos limpinhos do costume, a coisa piar mais fininho para os apaniguados milhafrenses.
Quanto ao Porto é um aborrecimento. Estão tão certinhos na liga dos Campeões que até enerva. Se a tripalhada não se põe a pau este tiki taka da ribeira ainda os torna mais maçadores do que o Barcelona dos bons e velhos tempos.