Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Gente feita de gente
Elizabeth Taylor a descansar, durante as filmagens de "Suddenly, Last Summer" (Espanha, 1959)
Precisa-se de gente que abra, gentilmente, alas para quem vem da esquerda ou da direita,
gente que não corra
que não salive quando vê o amarelo beijar o calor assassino do vermelho
homens e mulheres que respirem a serenidade de nuvens imperfeitas
de suspiros de algodão em forma de bolas de sabão
nuvens que não sabem se chovem ou se serenamente flutuam
indecisas entre imitar redondas baleias ou tesouros do tamanho do sonho das crianças.
Procura-se gente que não pergunte por razões
almas despidas de porquês
senhoras que não pintem os lábios ou tisnem os olhos,
mulheres com pestanas que se deixem levar p´lo vento sem toques nem retoques.
Anseia-se por homens com simpáticas e sorridentes barrigas
machos sem machezas nem mulherezas
apenas homens que riem alto quando ninguém dorme
e que ressonam quando a noite cai.
Buscam-se crianças de joelhos esfolados
com cheiro de riso e de relva molhada
tristes e felizes petizes de lágrimas embrulhadas em gargalhadas tolas
redondos de tanto chutar bolas
esqueléticos de tanto correr,
como se o mundo e a felicidade de o descobrir fossem uma estrada sem fim.
Precisa-se de gente feita de gente.
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Always watch good movies
Houve uma fase da sua vida em que vivia apenas para sonhar, perdido e extasiado nas salas de cinema da sua velha Lisboa. Um dia, sem aviso prévio, roubaram-lhe os sonhos para toda a vida.
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Lake, Veronika Lake
"Hollywood gives a young girl the aura of one giant, self-contained orgy farm, its inhabitants dedicated to crawling into every pair of pants they can find"
Em 1971 a diva Veronika Lake descrevia assim o clima que pairava sobre Hollywood. Depreendemos que por detrás da cortina destas palavras o assédio sexual fosse parte integrante dessa quinta orgiástica que Veronica descreve. Seria assim com o assédio sexual no mundo das artes, seria assim certamente com o fenómeno do bullying nas escolas. Há 30 anos atrás, era eu um jovem pré-adolescente, já o bullying existia nas escolas, nos grupos de miúdos que então brincavam à solta nas ruas dos Olivais, em todo o lado. Arrisco-me a dizer que esse triste mas real fenómeno era até mais intenso e gravoso do que nos dias de hoje, onde a propagação de imagens, histórias, notícias e afins tornam tudo bem mais próximo e grave. Quanto ao assédio sexual no cinema, na moda e em muitas outras profissões, não duvido que existisse igualmente, provavelmente em maior escala do que nos dias de hoje, em que os mecanismos de controlo e censura social estão bem mais aguçados, como se percebe dos recentes acontecimentos de denúncia e condenação social e penal dos prevaricadores. O que se passa, novamente, é que uma denúncia tem hoje um alcance global, através dos media e sobretudo das sufocantes e bigbrotherianas redes sociais. Não quero com isto menorizar a gravidade do bullying ou do assédio sexual (um só caso seria já demasiado gravoso para se calar), mas sim dizer que já antes existiam, embora muitas vezes ocultos sob o manto de um mundo menos global e aberto. Estes comportamentos desviantes devem ser combatidos, penalizados e primeiro que tudo prevenidos, aproveitando todos os mecanismos modernos e civilizacionais que o passar dos anos nos deram. Aprendamos com os erros do passado, utilizemos as ferramentas do presente, mas não façamos disto uma chinfrineira histriónica, como se o mundo de hoje fosse muito mais perigoso, obrigando-nos a trancar os filhos em redomas de cristal onde nem do sexo dos anjos se fala. Vejam lá isso.
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A Raquel Welch armada em má e gira como nunca
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E para o reveillon, diverti-vos mas evitai a confusão (cena de 8 ½, de Federico Fellini)
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Os cucos voando bem acima dos carneiros
“Voando sobre um ninho de cucos” é um filme de loucos, sobre loucos, para loucos. Poucas coisas me tocam mais do que a loucura, sobretudo porque desconfio sempre que por trás dela reside a incapacidade de se viver neste mundo “normal” que rejeita tudo o que for além do comportamento aceitável, do politicamente correcto, que abomina o que se encontra fora da mediania cívica, amorosa e social que põe a carneirada a caminhar nesta infinita e modorrenta linha recta que é ir levando a vidinha. Impossível não amar Jack Nicholson neste papel e depois deste papel, impossível não reforçar a desconfiança de que a verdadeira e pura alegria está no mundo dos loucos ou, pelo menos, naqueles raros momentos em que nos concedemos uns pozinhos de loucura. Vejam lá isso, carneirada.
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2046, Wong Kar Waï
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Il Gattopardo
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"Suddenly last summer", com Elizabeth Taylor, Espanha, 1959
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Anita Ekberg, Fellini, amor, ódio, fama e esquecimento
"When the film was presented in New York, the distributor reproduced the fountain scene on a billboard as high as a skyscraper. My name was in the middle in huge letters, Fellini's was at the bottom, very tiny. Now the name of Fellini has become very great, mine very little." - Anita Ekberg