Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Sporting 2 - Gil Vicente 0
Dizia alguém que quando se marca no primeiro minuto ou se marca mais meia dúzia ou o jogo torna-se uma bela merda. Não andámos longe disso hoje por Alvalade, muito por culpa do Gil Vicente que nem incomodou Rui Patrício, mas também com uma ajudinha de um Sporting tantas vezes a jogar bonito e demasiadas vezes a pecar por uma gritante falta de eficácia. Demasiados pormenores lembraram-me hoje que, apesar do enorme salto qualitativo que demos face ao ano transacto, ainda muito falta para sermos realmente competitivos, isto quando falamos de lutar por títulos e de entrarmos na alta roda europeia. Neste momento temos uma defesa jeitosa mas que não desmerecia um central de inegável qualidade e outro lateral para puxar por Cedric e Jefferson. No meio campo, o tremendo apagão que Adrien hoje revelou volta a mostrar à saciedade que se William Carvalho sai vamos ter um enorme problema por resolver.
Lá à frente Slimani é mortífero de cabeça mas a ausência de arte com os pés prejudica demasiadas vezes a fluidez de futebol ofensivo da equipa. Carrillo é um regalo para os olhos, mas o futebol que tem deveria dar para mais do que as duas assistências que fez hoje. Não é pouco mas acredito que Leonardo Jardim ainda consiga extrair mais deste rapaz. Capel é…Capel, o jogador que foi ídolo em Sevilha, jogou na selecção espanhola, mas a certa altura parece ter recuado na sua progressão. Ao Sporting já deu muito bons momentos mas parece que chega a um ponto e estagna. Ou vai ou racha, Diego, tens que te decidir. Percorremos um longo caminho para aqui chegar, mas isto não chega, isto não é ainda, a 100%, o nosso Sporting. Vamos presidente, eu sei que também sabes isso, acredito que vais produzir ainda mais milagres gestionários no ano que vem. Força rapazes!
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Sporting 1 - Porto 0
Tinha muito para dizer depois da vitória de hoje do meu Sporting, mas a alegria e, sobretudo o orgulho que senti no fim do jogo como que me estrangulam as palavras no peito. Ainda assim, não queria deixar de lembrar o que foi o ano passado do futebol leonino para dar os parabéns ao fantástico trabalho que este presidente, treinador e estes enormes miúdos que envergam o símbolo do leão têm realizado. Depois, queria pedir perdão à minha cara-metade mas estou irremediavelmente apaixonado pelo William Carvalho. Com isto, não queria tirar valor à garra sem fim de Islam Slimani, aos milhares de buraquinhos que as chuteiras do Adrien deixaram pelo campo todo (créditos ao Freitas Lobo), ao fôlego sem fim do Jefferson, à segurança do Rojo e do Eric (aquele corte ao remate do Jackson, fantástico miúdo!). Aos benfiquistas que se aliaram aos portistas para clamar contra o fora de jogo de André Martins antes da assistência para o Slimani, apenas dizer-lhes que eu sei que era bem melhor quando nós estávamos caladinhos enquanto éramos espoliados a torto e a direito. ACABOU! HABITUEM-SE!
P.s. – Só em Alvalade é possível assistir, no decurso de um jogo tão importante, aos adeptos da casa levantarem-se e aplaudir um jogador de um adversário directo que sai lesionado. Também isto é ser Sporting, é ser diferente. Muita força para o Helton, um dos bons homens do futebol português.
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Rio Ave 1 - Sporting 2
Contrariamente ao que tenho feito na maior parte desta época, e apesar de ser difícil não me deixar embalar por esta vitória suada, sofrida, a ferro e fogo, parece-me importante olhar um pouco para o que creio poderia estar melhor ou, pelo menos, ser objeto de alguma reflexão no futebol leonino. Isto porque a primeira parte me fez lembrar muitas primeiras partes da triste época passada, apenas com jogadores diferentes. André Martins quando não se supera aproxima-se de um jogador jeitoso mas que tenho dúvidas tenha consistência para jogar numa equipa grande. Adrien está cansado de levar o meio campo construtivo às costas e com as pernas pesadas perde discernimento. William, o grande e inabalável Carvalho, é enorme mas não é Deus. Heldon, um jogador que não duvido venha a ser muito útil, foi elevado a fundamental em poucos dias, ficando a dúvida se isso terá sido assim tão positivo para ele, para Carrillo e para Capel (Mané, esse, já percebemos que tem demasiada qualidade para se deixar afectar por essas questões). Quanto a Montero, um finíssimo jogador que nos últimos tempos tem permitido dúvidas sobre se a sua posição é efectivamente a de um puro n.º 9, talvez vá beneficiar do castigo da próxima jornada para libertar a pressão e para sentir a benéfica pressão de Slimani. Hoje valeu-nos o grande Islam Slimani e um miúdoMané que apesar de não se chamar Cavaleiro, e de não jogar apenas os últimos minutos de alguns jogos (sim, falo de André Gomes) merecia 10 vezes mais elogios que toda essa rapaziada simpática da formação vermelhusca.
Para terminar, elogiar a arte de mister Leonardo ao mexer na equipa? Sim, a primeira reacção foi fazê-lo, mas como me lembrou o Pedro a questão é que Jardim não tem acertado nos titulares. Não queria ser tão cáustico, apetece-me mais acreditar que por detrás do semblante fechado do nosso madeirense mister está um refinado sentido de humor, o que o leva a guardar a glória para o momento de mexer na equipa, mantendo assim o suspense até final. Isso de acertar à primeira seria fácil de mais. Força rapazes, o topo da montanha é já ali!
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Sporting 1 - Olhanense 0
Não tendo visto ontem o jogo do Sporting, revi esta manhã a primeira parte do jogo de ontem contra o Olhanense (a 2.ª disseram-me que foi fraquinha, pelo que me poupei a mim mesmo). As conclusões a tirar casam em parte com o que disse acerca do jogo com o Benfica, sobretudo na parte referente à falta que nesse dia nos fez William Carvalho, que depois de uns normais mas repletos de classe 45 minutos me faz colocar a seguinte singela mas relevante questão: há algum clube do mundo onde William não fosse titular de caras, tal a qualidade do seu futebol, a influência positiva, quer a nível defensivo quer ofensivo, que entrega à equipa de forma simples, com aquela face esfíngica de quem faz tudo aquilo como respira? Lá à frente, onde reside a polémica do momento sobre o jejum concretizador de Montero, o jogo acabou por dar a mesma resposta que Leonardo jardim deu à comunicação social: Montero faz muito mais do que marcar golos, pois preocupa-se em ligar o meio campo ao ataque, em abrir espaços e em fazer assistências como a de ontem. Quanto aos abutres que sempre vão brotando nos momentos em que surgem os percalços, os novel críticos do mister Jardim, espero que Bruno Carvalho faça com eles o que me apetece a mim fazer: rir-me na cara deles e dizer-lhes que ser do Sporting não é só ser do Sporting quando se ganha ou se está na mó de cima, é também e sobretudo uma filosofia, que passa muito por reconhecer quem é competente e por defendê-lo contra ventos, tempestades e falsos sportinguistas. Força rapazes, é este o caminho, passo a passo!
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Benfica 2 - Sporting 0
São bem conhecidos os casos em que um casal se separa e só então os dois, ou um deles que seja, percebem a falta que fazem um ao outro. Se alguém tinha dúvidas, creio que hoje deu para perceber o papel fulcral que William Carvalho tem na equipa do Sporting e no campeonato miraculoso que a equipa tem feito. Para lá dessa ausência mortal, há ainda um médio todo terreno fantástico que é Enzo Perez, um avançado arrasador como Rodrigo (embora perdulário, muito por culpa de Rui Patrício), e dois intermitentes mas geniais Gaitan e Markovic. Jardim tem feito milagres com os seus recursos mas hoje o meio campo e o ataque foram muito inferiores aos jogadores do outro lado, tendo-se safado na defesa Rui Patrício e aqui e ali a garra de Maurício e Rojo. Os laterais fraquejaram e os extremos adversários agradeceram demasiadas vezes. Faltou William, faltou que a equipa se superasse e acreditasse que podia jogar sem esse fabuloso jogador. Hoje foi dia de S. Patrício e de um estreante cheio de garra e velocidade a quem só faltou companhia à altura – muito bem, Heldon. São estas as dores de crescimento que vamos ter que analisar muito bem para no futuro as ir ultrapassando. Nem ontem éramos os melhores do mundo nem hoje somos uma tragédia. Força rapazes, vejam este passo atrás como um ganhar de balanço para o futuro.
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Arouca 1 - Sporting 2
Antes do início de jogo disse a quem quis ouvir que uma equipa que ambiciona ser campeã tem que ganhar ao Arouca. Aos 5 minutos de jogo gritei ao mundo que o Slimani hoje tinha que entrar mais cedo. Durante todo o jogo valeu e muito a alma de Maurício que, não sendo um tecnicista nem um central de eleição, vem inspirando toda a equipa com uma garra sem fim. No momento em que Leonardo Jardim tirou o gigante William Carvalho (aquele remate ao poste, meu Deus, até onde irá este rapaz?) duvidei do acerto da substituição, mas o golo da vitória no minuto seguinte fez-me antecipar a explicação da mudança que Leonardo veio confirmar no final do jogo: Jardim queria que a bola fosse metida na área e para isso Adrien na posição 6 é mais competente que William. A substituição que ninguém faria deu-nos a vitória, Slimani, o ponta de lança de que muitos duvidavam fuzilou com classe e carimbou uma das mais suadas alegrias da época. Esta vitória deve-se em boa parte ao tremendo esforço dos jogadores mas tem a marca indelével de um senhor treinador. Obrigado rapazes, obrigado mister!
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Sporting 3 - Belenenses 0
À cabeça de quaisquer outras considerações há que dizer que a vitória do Sporting é inatacável, justíssima, fruto de um futebol cada vez mais adulto, objectivo e eficaz. Sim, o penalty que dá o primeiro golo ao Sporting é pouco menos que patético, como patética foi toda a exibição de um árbitro que deveria ser colocado numa jarra até ao final da época. Um dia, tenho esperança, a incompetência e a mediocridade hão-de ser devidamente punidas neste país. Para os vermelhuscos e tripeiros que andam para aí gritar “ai que isto é uma vergonha, e ainda falam dos erros a nosso favor” apenas duas observações:
a) Preferia que tivessem marcado o penalty sobre o Montero, que além do provável golo daria a consequente expulsão do defesa;
b) Como disse alguém pelo twitter, para chegarmos ao nível de Porto e Benfica o penaltiy teria de ter sido marcado a 2 minutos do fim, dando azo a uma vitória irrevogável.
Passando agora ao que realmente interessa, o futebol e os jogadores, realço a confirmação do bom momento de André Martins, mostrando uma consistência exibicional muito importante para a equipa e o nível que esta tem apresentado. Ainda no meio campo, para além de um Adrien muito equilibrado e tecnicista, o habitual William Carvalho com aquela calma cravejada de pepitas de classe que pode chegar a enervar quem não está habituado a um futebol tão simples e em simultâneo brilhante. Lá à frente, com um Montero perseguidíssimo pelos centrais azuis, o brilho foi todo de um só homem: Andre Carrillo, o homem que permite perceber toda a genialidade de Leonardo Jardim, que contra tudo e contra todos recuperou este rapaz para o futebol, mostrando-lhe que não chega ter toda a técnica do mundo – é preciso saber o que fazer com ela. Ah, é verdade, a defesa: apesar do belenenses pouco trocar a bola no meio campo leonino, esteve perto da perfeição. Rapazes, é tão bom sentir a vossa união, a vossa sintonia nesta caminhada num só sentido. Passo a passo, com confiança, união, trabalho e sem medos tudo é possível. Vamos a isto!
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Gil Vicente 0 - Sporting 2
Esta noite ensinei uma música nova aos miúdos: Eu só quero o Sporting campeão, o Sporting campeão, o Sporting campeão!!! Não, não estou a celebrar antes de tempo nem vou já a correr para o Marquês como os meus precipitados amigos da segunda circular. Apenas estou, como bem sublinhou Fredy Montero, a aproveitar o momento. Após tantas agruras há que saber viver o momento e deixar que a confiança das vitórias se entranhe no corpo da equipa e regresse ao ADN do clube. O país, sobretudo quem o governa, devia olhar para um exemplo de gestão de sucesso em que a aposta é espremer os recursos até ao limite, tirando o melhor das pessoas com sabedoria e dedicação, motivando e dando confiança a quem ontem não era valorizado. Pensar que os eleitores adiaram a escolha de Bruno Carvalho em detrimento de Godinho Lopes, pensar que os eleitores deram uma maioria a este Governo...enfim…
Quanto ao futebol propriamente dito, começo por sublinhar o grande jogo de André Martins que, querendo desmentir as minhas mais recentes dúvidas, mostrou que nos momentos decisivos não tem medo de pegar no jogo e pôr a equipa a jogar. Atrás dele, William Carvalho esqueceu os muitos olheiros que ocuparam secretos camarotes por terras de Barcelos e subiu mais um degrau na caminhada para vir a ser um dos melhores médios do mundo, o Patrick Vieira português, o Redondo leonino. Fredy Kruger Montero congelou os defesas com assustadora classe e frieza, como se marcar golos fosse tão simples como cuspir cascas de tremoço para o chão imundo de uma qualquer tasca de Bogotá. Na defesa, um Patrício decisivo nos momentos decisivos, dois centrais a varrer o que tinha que ser varrido e um super Jefferson a defender e a atacar. Um dos momentos que mostrou em todo o seu esplendor a alma e a concentração da equipa deu-se quando Rojo, o meu patinho feio, marcou um golo anulado, reclamou no segundo seguinte e no segundo logo a seguir fez um sprint para ocupar o seu lugar na defesa, esquecendo a frustração em prol do bem da equipa. Em suma, num jogo que diria muito acerca da nossa força mental mostrámos uma enorme personalidade e gritámos bem alto: “Estamos aqui e é para ganhar”!
P.s. - "Olhando para o que diziam sobre nós há uns meses, conseguimos ultrapassar algumas ideias pré-concebidas, mostrando que se pode trabalhar bem, nos limites, com jogadores jovens e portugueses" - Leonardo Jardim, um Senhor treinador.
Nota: Todas as fotografias são do site Maisfutebol
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Sporting 4 - Paços de Ferreira 0 (a segunda circular juntinha lá na frente)
Regressado das comemorações olivalenses de fim-de-semana, lá consegui ultrapassar o cansaço e corresponder às saudades dos petizes, não deixando de assistir a mais um grito de afirmação do meu Sporting. Foi muito bom confirmar que William Carvalho pode ser tudo o que quiser, é um deleite vê-lo guardar a bola como um tesouro, distribuí-la da forma mais difícil que há – com simplicidade e rapidez. Lá à frente Montero riu-se na cara dos que já rejubilavam com o seu jejum e, para além de ter uma influência determinante em toda a dinâmica ofensiva da equipa, marcou os golinhos da ordem. Lá atrás a destacar um grande Cédric, a defender bem e a atacar como os melhores, mostrando que ter concorrência à altura (Piris) só faz é bem.
Entretanto, por terras nortenhas as coisas já estiveram melhores, mas não sou ingénuo para pensar que o Porto está arrumado ou coisa que o valha. As dores de crescer à sombra de um novo treinador e sem Moutinho estão a fazer-se sentir, mas naquela equipa ainda estão alguns dos melhores executantes do campeonato e por trás da mesma está uma estrutura com muitos anos de vitórias. Pela Luz também se exulta pelo grito de independência dado face à ausência de Cardozo, como se Rodrigo e Lima, ontem acabados, hoje fossem os novos génios do pedaço. Para mim o forte do Benfica é uma dupla tremenda no meio campo – Matic e Enzo – e são esses que poderão levar a equipa ao trono. E o Sporting, deve afirmar-se como candidato ao título? Não ouvi o que disse Leonardo Jardim, mas se eu estivesse no lugar dele responderia simplesmente: o próximo jogo e o jogo a seguir a esse são para ganhar!
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V. Guimarães 0 - Sporting 1
No futebol, como na vida, tudo é relativo. Para reconhecer devidamente a fantástica época que o Sporting está a fazer, é necessário relembrar o ano passado, as fragilidades de uma época assustadiça, sem ambição, sem qualidade e sem garra, para perceber que tudo o que está a ser feito deve ser visto, não digo como um milagre, mas como um trabalho e uma evolução de excelência. Não foi uma grande exibição, longe disso, mas houve inteligência, sangue, suor e lágrimas e pormenores que denotam que tudo está diferente para melhor. Se o meio campo não esteve particularmente inspirado, a defesa compensou esse dia menos bom com uma exibição segura e sem falhas comprometedoras. Maurício começa a assumir-se como patrão e Eric Dier, excelente nas bolas aéreas, pareceu bem mais concentrado do que nas suas últimas aparições. Se Montero está numa fase menos famosa na finalização, não deixa de fazer um fantástico trabalho a servir os colegas e a ajudar na circulação ofensiva. Se o nosso matador está numa fase de seca, temos no banco um homem cheio de fé e de pé quente, Islam Slimani, um ponta de lança que não sendo um virtuoso tem sabido surgir no momento e na altura certa para nos dar os golinhos necessários. Se Capel e Carrillo não conseguiram desequilibrar, Jardim acertou na mouche ao descobrir mais espaço nas alas com Carlos Mané e Diogo Salomão.
No banco um presidente entusiasta e que deve dormir, acordar e sonhar com o Sporting na mente e no coração teve, além destes evidentes méritos, o engenho de apostar em Leonardo Jardim, um Senhor e um Senhor treinador. Manteve a calma e com isso manteve a calma da equipa, escolhendo o momento certo para a estocada final. As suas declarações no final do jogo, falando abertamente das opções tácticas e estratégicas, falando de futebol como se deve falar deste desporto único, é uma lufada de ar fresco, é uma forma de estar que me orgulha seja a do treinador do Sporting. Podemos sonhar com o título? Sim, podemos! Força rapazes!