Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Macau 2017 - never forget!
Das coisas boas que levamos na vida e que tendemos tantas vezes a desvalorizar, derivado do avançar da idade, da seriedade, das responsabilidades e do correspondente grau de sisudez, são as noitadas e historietas épicas escondidas (ou esquecidas) por trás das mesmas. Estas imagens de uma noite épica vivida há coisa de dois meses em Hong Kong foram antecedidas por um fantástico jantar num restaurante grego, passando depois por um dos mais afamados bares de sake do mundo (foto 2), onde borbulhavam e fumegavam cockatils indizíveis produzidos a partir desse néctar dos Deuses nascido do arroz, prosseguindo numa discoteca com os melhores gins do universo 30 andares acima do solo (foto de cima) e, bom, a partir daí tudo começou a ser um pouco mais nebuloso. A imagem da mistela que fecha este post relembra-me a necessidade imperiosa de um bom amigo açoriano devorar algo com mais de 1000 calorias em menos de 10 minutos no Hard Rock Café do pedaço, tudo isto enquanto um elemento de características mais investigativas explorava as discotecas das redondezas, sem perder mais do que 5 minutos para devorar as tais 1000 calorias. Para terminar, nada como uma caminhada de regresso ao hotel a poucas horas de raiar o sol, sob aquela rejuvenescedora e libertadora chuva molha tolos que cruelmente nos relembrou as agruras matinais que nos esperavam. Obrigado irmãos, é disto que a vida é feita!
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Macau, 18 anos depois
Macau? Creio que poderei resumir a coisa ao resultado das provas de magníficos vinhos proporcionadas pelo nosso irmão do Oriente: “Epá, foi preciso regressar 18 anos depois a Macau para provar o vinho da minha vida”! Meia hora depois calo-me porque o vinho que se segue é tão bom ou melhor. Foi assim Macau. Rever os cheiros, o bulício sem fim, os recantos que o imparável progresso não apagou, beber o novo que amanhã será novamente objecto da minha nostalgia. Rever pessoas que nos marcaram, conhecer novas gentes, emocionar-nos com a toponímia bilingue das ruas, a língua lusitana imortal do outro lado do mundo, a calçada portuguesa bem cuidada e admirada. No topo de tudo, a amizade que a tudo sobrevive e continuamente se reforça, único combustível que nos permitiu dormir a correr para nada perder e tudo sorver, cravar com ferro em brasa no coração a terra, o vinho e as gentes. Até já irmãos, até já Macau!
p.s. – As fotos são da minha autoria, as dos vinhos provados surgirão em breve.
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Parabéns Bandeira, até já Ou Mun!
Cerca de 18 anos passados regresso à boa e velha Macau, Ou Mun segundo os locais, terra que tornou os adolescentes lusitanos que aí viveram, nos quais tenho o privilégio de me incluir, personagens fascinantes e misteriosos, os últimos heróis na terra. Amizades inquebrantáveis, amores inesquecíveis, experiências difíceis de igualar, tudo ali era novo e desafiador, tudo era barro para moldar homens em corpos de rapazes. Volto para matar saudades do cheiro inconfundível daquela terra que todos os anos conquista mais um pedaço ao mar, volto para abraçar o nosso amigo irmão, grande Mestre Bandeira que hoje faz anos e que está feliz pois amanhã nos terá nos seus braços, aos seus irmãos! Até já, Bandas!
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Da amizade e do vinho
Ontem foi dia de rever amigos de sempre, de convívio, de orgia gastronómico-vínica com um dos maiores sabedores de vinho do país. A desconfiança que já tinha de que os vinhos portugueses estão hoje por hoje num patamar de qualidade fantástico foi mais do que confirmada por provas inesquecíveis de néctares lusitanos. Apesar da paixão pelo que é nosso, tão único e brilhante, houve ainda espaço para provar alguns néctares dos finalistas derrotados do Euro 2016 e até para beber uma bela pomada proveniente da China. Os pratos que acompanharam o repasto proporcionaram ligações harmoniosas e inesquecíveis, mas o fio condutor de toda esta experiência única, que dá sentido a tudo e que tornará este repasto eterno nas nossas memórias é a amizade sem limites, imune a distâncias longínquas e a tudo o mais. Obrigado amigo B., volta sempre que cá estaremos para te acompanhar nestes penosos trabalhos que carregas sobre os ombros!
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Fazem-me falta, amigos
Vejo esta fotografia de Luís Octávio Costa, fotógrafo do Público, e paro uns minutos para pensar que o que é difícil poderia ser tão mais simples. As horas que não temos, as que justamente dedicamos ao trabalho e à família, são também aquelas que não temos para retribuir as amizades de uma vida, as das pessoas que escolhemos não por laços de sangue mas por afinidades várias. Se mais não podemos dar, pelo menos uma palavra, um telefonema (likes no facebook e sms não, por favor), 5 minutos para dizermos "fazes-me falta", "tenho falta de ti", "sinto a tua falta", "tenho saudades". Escolham amigos, uma que seja, só isso. Fazem-me falta, amigos.
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Hong Kong
Ninguém pode ser apelidado de fascinante e misterioso sem ter percorrido as ruelas mal iluminadas de Hong Kong, ou as grandes avenidas infestadas por néons, pela noite dentro, em busca de animação ou de uma estranha paz que é aquela que se encontra no fim do túnel da noite. Não houve uma noite que tivesse passado em Hong Kong que não fosse inesquecível, trágica ou gloriosa. Vocês sabem que eu sei, amigos do peito, meus comparsas fascinantes e misteriosos!
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Ou Mun
Seria o último café juntos naquela esplanada urbana, naquele recanto perdido no Oriente. A última conversa, a última troca de olhares, os últimos sorrisos de jovens inconscientes e timidamente excitados. Não era a primeira vez que enfrentavam a perda, a separação espacial, as consequências que a vida real traçava nos sonhos construídos no irreal mundo das fantasias e dos amores de juventude. Outrora tinham deixado na terra mãe outros amores, agora era na terra adoptiva que abandonavam os novos amores que amanhã seriam já antigos. As feridas já sabiam que nunca saravam totalmente. Só desconheciam se a couraça que este vaivém lhes erguia em volta do corpo e dos sonhos seria uma coisa boa ou perigosa. As muralhas que erguemos protegem-nos dos outros ou afastam-nos deles? É esta a pergunta que ainda hoje fazem a si mesmos.
P.s. – Este post é dedicado a todos os meus amigos, amigas, ex-namoradas (mas ainda amigas) que comigo viveram o sonho macaense.
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Da filosofia por praias tailandesas até ao deserto bem lusitano
Não sei se é de mim, mas tive a sorte e o privilégio de ter beneficiado, ao longo da minha carreira estudantil, dos conhecimentos de fantásticos professores* (não todos, mas gosto de lembrar as pessoas que interessam), com particular destaque para alguns professores de educação física. Não sei porquê, mas sempre me surpreendeu que pessoas tão sábias da vida e de outras artes tenham optado pelo ensino das coisas do corpo e não da mente (isto, sem prejuízo, claro está, de bem saber que mente sã só existe em corpo são). Bom, pensando melhor, essa terá sido provavelmente uma opção sábia - ter como desculpa o corpo para nos cultivar a mente.Um desses professores das artes físicas, fazendo jus à sabedoria que conheci há mais de vinte anos atrás, escreveu hoje no facebook um brilhante e certeiro texto sobre a, hum, o, bem, nem sei como lhe chamar...Fico-me por aqui, deliciem-se.
“«Filosoficamente todo o agora é passado. Do tempo temos a memória do passado, que é todo o tempo que passa e a expectativa do futuro - esse horizonte que se afasta de nós à medida que ilusoriamente nos aproximamos dele. Verdadeiramente, a única dimensão do tempo que possuimos é o presente! Dos que se mantêm vivos no presente, não significa que se manterão vivos no futuro ».” - Filósofo popular de uma praia de Phuket.
A mesma criatura, corrigindo, referiu que as pessoas devem estar atentas ao que ele diz. E ao não dizer “as pessoas manter-se-ão”, o Sr Ministro admite que o seu verbo induz os seus interlocutores em conclusões contrárias à sua acção. Normalmente isto seria considerado má fé, coisa que se dispensa em tão alto magistrado da Nação, mas, alevá!
Disse ainda o mesmo magistrado, no que foi entendido como a assunção de responsabilidades pelo descalabro do inicio deste ano lectivo:”Agora voltarei para a minha Universidade de Lisboa”. À cautela, sentei-me à espera! E ainda bem que o fiz, porque o tempo e o modo da asserção ministerial tinha uma pendência semântica e ainda estou à espera do cumprimento da promessa!
Atentemos na especulação sobre o tempo da autoria do Filosofo Budista da praia de Phuket: o advérbio agora é uma intenção comida pelo tempo e a forma verbal voltarei só pode ser uma expectativa. Por consequência, sendo a formulação de um desejo só se poderá concretizar no futuro.
O nosso primeiro, quiçá armado da filosofia oriental, foi veleiro no esclarecimento : “O Sr. Ministro da Educação há-de um dia regressar à sua Universidade de Lisboa. Não será agora!”
Pois claro, o professor universitário Crato ao dizer que voltaria para a Universidade, nunca quis dizer que não fica no ministério da Educação. Neste governo eles passam o tempo a clarificar-se uns aos outros sobre o que uns e outros dizem. Até parece que não sabemos ouvir!
«Já que esta gente não se entende, temos que fazer um esforço para percebê-los», costuma dizer alguém de quem esqueci o nome.”
*Nota de extrema relevância – toda a minha carreira de estudante foi passada na escola e na universidade pública.
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Por terras do Instagram - Jethro Mullen
As cores, a confusão, o exagero, gente, gente e mais gente, enxames de olhos, bocas, pernas e braços, tudo em excesso, andares em excesso, metros quadrados divididos por mais olhos, bocas e braços, uma estranha beleza, uma indescritível magia, o Oriente, os cheiros, a humidade, a vertigem e a força salvadora de sermos o herói ocidental no meio da multidão.
http://instagram.com/jethromullen
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Conversas de café por fibra óptica
Por entre os votos cibernéticos de um bom 2014, cinco bons rapazes, ligados por fortes laços de amizade nascida no misterioso e fascinante território de Macau, discorrem despreocupadamente sobre a realidade lusitana. Dois deles estão emigrados, um no Macau que nos uniu, outro em Moçambique, de regresso às origens de que o destino o tinha separado. Aproveitando os votos de um dos confrades resistentes e residente no nosso cantinho à beira mar plantado, desejando que em 2014 nos pudéssemos ver e juntar mais, lancei o repto (não inocentemente…) para que os nossos emigras regressassem aos braços da nação e ao calor da nossa amizade. O confrade africano agradeceu mas dispensou, alegando a seu favor a imagem que coroa este post, só possível no mês de Janeiro pelas Áfricas do seu coração (sim, lamento, aquelas garras que poluem a foto são mesmo do homem das Áfricas, mas fica a boa notícia de que as imagens não têm cheiro). Não desisto e faço-o ver que o calor amolece, que a chuva e o frio são matéria indispensável para fazer dos rapazes homens. O meu amigo não se deixa ficar e faz-me notar que as depressões nascem do frio e da chuva e que em terras quentes as estruturas metálicas não correm o risco de demorar a levantar-se, if you know what I mean… Aproveitando o balanço, o homem de África desafia o emigrante asiático, a passar as festas no nosso Portugalzinho, a pronunciar-se sobre como foi conhecer a “crise” de que tanto se fala, a concretizar esse conceito tão debatido mas pouco visto. Este, confirmando o que todos suspeitamos, responde que até agora só viu malta a gastar dinheiro e centros comerciais à pinha. Um dos confrades residentes retalia e diz sentir a crise, não estando afastada a hipótese de se juntar ao grupo de “evadidos”.
Faço uma ligeira pausa para refletir, e partilho com o grupo que podíamos dizer que os pobres estão mais pobres, mas na realidade não vemos as ruas mais cheias de pedintes ou sem abrigo. Descontando quem já estava mal (esses mesmo sem abrigo, mais quem não tinha emprego ou outros apoios) e os que viram a sua situação de facto piorar (os novos desempregados, as novas insolvências), arrisco dizer que muita gente andou a viver folgada, gastando sem critério e necessidade, pelo que agora só sai para as compras no Natal e nos saldos. Por vezes a realidade concreta é tão mais simples do que a pintamos...Para rematar, o meu bom amigo amante dos prazeres das Áfricas fecha com chave de ouro o debate: “Como dizia o outro: querem trabalhar como os marroquinos e ganhar como os alemães...”.