Bolas e Letras
Era para ser sobre futebol e livros. Mas há tanto mundo mais, a mente humana dispersa-se perdidamente, o país tem tanto sobre que perorar, eu perco-me de amores bem para lá da bola e das letras: Evas, vinho, amor, amigos, cinema, viagens, eu sei lá!
Leo Merdi
O Messi falhou o penalty na final da Copa américa contra o Chile e a Argentina ficou novamente às portas da glória que não regressa. O Messi pintou o cabelo e a barba de loiro e ruivo, são as duas más cores mas pior ainda é serem cores distintas. O Messi diz que não volta à selecção. Para mim, um gajo que diz que não volta à selecção quando ainda está vivo é um merdas, seja ele quem for. Pode-se abdicar de tudo, menos de representar o país, de ter a honra e a distinção máxima de representar o país. Uma, duas, dez, cem, mil vezes, envergar a camisola do nosso país tem que ser sempre o expoente máximo de uma carreira, de uma vida. Em suma, o Messi, por melhor que jogue, por mais artista que seja, é um merdas. Era só isto, para desenjoar da praia, das moças e para preparar o regresso aos relvados.
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Tostão, craques e a bola bem redondinha
Perceber de futebol, saber ler o que se passa por entre aquelas 44 pernas que maltratam uma solitária bola, é uma arte que tem tanto de difícil como de simples. Nas poucas linhas que se seguem, Tostão, o outrora grande jogador, depois médico e actualmente cronista da Folha de S. Paulo, explica o que há para saber sobre Neymar, a atual seleção do Brasil, as diferenças de Neymar e Messi do clube para as seleções, e o porquê de Portugal não ser ainda o Brasil. Bebam e aprendam.
“Quem não concorda que Neymar é um craque é doente da alma e enxerga pouco. A dúvida está na comparação com os maiores de outras épocas. Não disse que Neymar é o melhor jogador brasileiro depois da Era Pelé. Escrevi que poderá se tornar. Imagino que será, pelo imenso e belíssimo repertório, e não apenas pelo número de gols que fará. Em um período maior, muito mais importante que o número é a média de gols, desprezada em muitas estatísticas. Não deveríamos misturar a admiração e as críticas à pessoa com as qualidades técnicas do jogador.
Nas comparações, costumamos nos esquecer de Garrincha, por causa do tempo e por seu estilo incomparável, fora do padrão das análises técnicas. No Botafogo, quando recebia a bola, nenhum companheiro podia chegar perto, para não atrapalhá-lo. O Botafogo jogava no 4-2-3-Garrincha.
Ocorre algo parecido com Neymar na seleção. Ele é tão superior aos outros, que, cada vez mais, descola do conjunto, para tentar decidir sozinho. Isso poderá trazer problemas, pois, nem sempre, ele vai brilhar tanto. No Barcelona, Messi e Neymar fazem parte do jogo coletivo. Messi, na seleção argentina, segue, na maneira de jogar, mais ou menos o padrão do Barcelona. Já Neymar é outro no time brasileiro, na posição e na postura. Tenta mais jogadas individuais. É um dos motivos de, às vezes, Neymar brilhar mais que Messi nas seleções.
(…) Discordo que o Brasil não joga melhor por causa de Dunga e que, cada vez mais, se parece com Portugal, pela dependência de Cristiano Ronaldo. O Brasil não joga melhor porque só tem um craque, mas possui um sistema defensivo muito superior ao de Portugal. A equipe marca muito bem, quase sempre com uma linha de quatro no meio-campo (dois volantes e um meia de cada lado), na proteção dos defensores. Defender bem é também importante.”
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Os 3 da vida airada
Suarez, o serial killer devorador de orelhas e derivados passou a noite a oferecer golos com a generosidade de uma inocente freira. Neymar, o brasileiro gingão, entreteve-se a fazer de alemão gélido e eficaz. Messi defendeu com unhas e dentes nos intervalos em que fazia de artista da bola. Ter Stegen, o outro guarda-redes alemão deixou escrito na relva de que nem só de fama vivem os vencedores. Muller passou o jogo a coleccionar lances de amador até marcar um golo magistral. Lewandowski marcou o golo da noite como se estivesse a jogar futebol de salão, naquele deixa que eu deixo que só agora vou chutar. Thiago Messi Alcântara foi o artista da noite enquanto Javier Boateng Mascherano estendia a passadeira ao tal golo de futebol de 5 do polaco. É impossível não amar o futebol.
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Chamem o Murphy!
O nosso Cristiano continuará a ser o melhor ser humano a jogar à bola nesta bola que habitamos. O genial anão argentino não entra para estas contas pela simples razão que extraterrestres possuídos jogam noutros campeonatos. Se no primeiro golo Messi colocou uma mão no troféu do melhor jogador do mundo de 2015, no segundo, ao fazer Boateng desfazer-se como um castelo de cartas um segundo antes de fazer um chapéu, com o seu pior pé, ao melhor guarda-redes do mundo, Messi abraçou para a eternidade o título do melhor do mundo de 2015. Por fim, para os patrioteiros convictos como eu, deu uma bofetada de luva branca com a assistência com que enterrou as esperanças do Bayern de Guardiola. CR7 tem uma última hipótese: eliminar a Juventus e fazer melhor que Messi na final de Berlim. Tudo é possível, mas dava jeito que alguém chamasse o padre Murphy para exorcizar o anãozito endiabrado.
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Leo Hart e se Deus gostasse de bola
A paixão do futebol tem inúmeras formas, mas para mim nada supera aqueles raros jogos em que um guarda-redes, naquela solidão avassaladora que é a sua morada entre os postes, desafia o impossível e o torna possível. Hoje Joe Hart acreditou ser invencível e transformou golos certos em milagres. Do outro lado, o extraterrestre Messi, a fazer magia em cada toque, em cada simulação, na decisiva assistência perfeita para Rakitic. O que me chateia e envergonha não conseguir apreciar em todo o seu esplendor o futebol de Messi devido ao Ronaldopatriotismo é coisa que vocês nem imaginam. Se Deus gostasse de futebol não tinha juntado na mesma geração Ronaldo e Messi. Não sei, digo eu.
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Pausa nas coisas da bola por vergonha dos donos da bola
Depois deste texto vou fazer uma pausa no tema futebol, ou, pelo menos, vou tentar. Não porque esteja enjoado, que a mim a boa bola não me enfada, muito menos por me querer dedicar a temas supostamente mais interessantes, profundos e dignos de uma mente superior como a que alguns exagerados néscios me acusam de ter, pelo que me deveria dedicar a temas menos esféricos. Digamos que fá-lo-ei mais por um sinal de protesto contra a clara, vergonhosa e despudorada situação em que nos tempos de hoje assenta o topo da hierarquia futebolística mundial. Se o coitado do Messi se sentiu constrangido ao receber a bola de ouro do mundial, imaginem como não se sentiram os próprios argentinos que viram o seu ídolo sem forças, arte ou génio para lhes dar o tão desejado título. Sem falar em Robben, Schweinsteiger, James ou Neuer, só na equipa da Argentina Mascherano ou Garay mereciam bem mais essa distinção do que Messi.
Mas, pior do que isso, foi ver David Luis, um simpático, esforçado e vibrante jogador, que parece ocupar a posição de defesa central, ser distinguido como um dos dois melhores jogadores nessa decisiva posição, sobretudo depois da sua equipa, candidata ao ceptro mundial, ter levado dez golos no alforge em dois jogos, quase metade deles com culpas directas ou indirectas do coitado do David. Percebo que no futebol proliferem os erros, compadrios, escolhas dúbias, mas, quando isso chega ao ponto do insulto básico da inteligência há que dizer basta. Continuem assim que qualquer dia só mesmo no Qatar vos vão aturar…vão-se catar, Blatter e companhia!
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Vê lá isso, ó Lionel
Dizia uma rapariga com piada: "Messi, agora que já serviste de passadeira vermelha podes devolver a fatiota ao Goucha".
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And the winner is...
Escrevi esta parte do texto antes da eleição da Bola de Ouro para o melhor jogador do mundo, cujos candidatos são Cristiano Ronaldo, Messi e Ribéry. Racionalmente defendo que CR7 deveria conquistar o troféu por um leque de razões que vai daqui até ao Nepal. Porque foi o melhor o ano passado, porque andou com o Real Madrid e a selecção portuguesa às costas, porque concretizou muito mais milagres do que Messi, porque Messi tem a seu lado um conjunto de jogadores melhor do que aqueles que oferecem golos a Ronaldo. Além disso, a divisão destes troféus entre os dois começa a ser patética, uma vez que o real valor de ambos não é espelhado objectivamente no desequilíbrio que a atribuição destes troféus em prol de Messi parece querer mostrar. Quanto a Ribéry, o caso é simples e resume-se numa frase que li algures: O Bayern ganharia tudo o que ganhou com Ribéry ou sem ele. Certamente o mesmo não se passa quanto às vitórias de Barcelona e Real Madrid …sem Messi e CR7 duvido muito que os títulos, golos e vitórias se aproximassem dos números desses dois colossos.
Pós eleição
Ontem um mar de lágrimas de tristeza pela pantera negra. Hoje um rio de lágrimas de felicidade por ti, Cristiano. Um país assim tem mesmo de ser especial. Parabéns miúdo!
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Das (in)justiças do mundo da bola
Depois de abortar o projecto Domingos, de afundar a aposta Sá Pinto, de aproveitar abusivamente o sportinguismo de Oceano, Godinho disparou mais um tiro na água com Vercauteren, dando mais um forte contributo para afundar o porta aviões leonino. Como um bom gestor lusitano, este senhor não se demite, não assume as responsabilidades, discursa com palavras grandes como se a realidade fosse algo que lhe passa ao lado. O Sporting merece muito mais, as gentes do Sporting têm que reunir tropas, derrubar quem prejudica o clube mesmo que sob a capa de quem o serve e partir para a batalha, a guerra, sem medo e de dentes cerrados.
Entretanto, Messi, mesmo não ganhando nada pelo seu clube ou selecção, meteu ao bolso mais uma bola de ouro. Messi é um jogador fantástico, muito provavelmente o melhor de todos os tempos, mas o que Cristiano Ronaldo fez o ano passado a título individual e colectivo fez dele o jogador com melhor desempenho em 2012. O mundo é injusto mas a bola não pára. Força Sporting, força Cristiano!
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O génio de Messi, da Adidas e um odor que anda no ar
Lionel Messi subiu a montanha do quase impossível e colocou-se à altura dos inalcançáveis. Como português e admirador de Cristiano Ronaldo deveria tentar argumentar no sentido de não deixar que o último fabuloso recorde de Messi beliscasse CR7 e a sua desesperada perseguição pela bola de ouro. Mas não é fácil, Cristiano. Tudo o que alcançaste deve-se ao teu talento inato, à tua tremenda exigência, a um perfeccionismo quase doentio, a uma capacidade de treino inigualável. Tudo o que Messi alcançou deve-se ao seu talento inato. Sinceramente, creio que ele não precisa de metade da tua exigência com ele próprio, de um décimo da tua busca da perfeição, de 10% da tua capacidade de treino para ser o génio que é. O mérito por teres aliado todas essas forças ao teu talento é inegável e superlativo. O mérito de Messi pelo seu excesso de talento inato pode ser comparável? Não sei, mas creio que o povo e quem vota na tal bola de ouro deixa-se encantar mais pela arte pura do que pela arte a cheirar a suor. É justo? Provavelmente não.